A disciplina denominada como epidemiologia consiste no estudo da distribuição de uma ou várias doenças, assim como as determinantes e consequências da doença na população humana (Bhopal, 2002). Acrescente-se que o termo “doença” engloba não só as patologias físicas e mentais, mas também os padrões comportamentais com impacto negativo, como o abuso de substâncias ou atitudes violentas.
O conceito de epidemiologia conheceu a sua origem numa ideia expressa por Hipócrates há mais de 2000 anos, e que essencialmente se caracteriza da seguinte forma: os fatores ambientais influenciam a ocorrência de epidemias. No entanto, somente no século XIX é que a distribuição das epidemias em massas populacionais específicas foi medida com rigor, o que contribuiu para a formalização inicial da epidemiologia enquanto disciplina.
A metodologia empregue caracteriza-se pelo o uso de tabelas estatísticas, cujo objetivo é formular respostas para as questões sobre a intensidade da dispersão de uma doença; quais os fatores específicos que colocam indivíduos ou coletividades em risco; e o quão severos podem ser os desfechos de uma epidemia nas massas humanas: considerando estas etapas, formular-se-ão os critérios essenciais às políticas públicas que concernem ao domínio da saúde.
A medição da ocorrência de uma epidemia começa com a estimativa da incidência e prevalência: traduz-se a incidência de uma epidemia no número de novos casos numa massa populacional, durante um determinado período de tempo; já a prevalência consiste no número de pessoas numa dada população com uma doença específica. O recurso a estas duas ferramentas heurísticas permite desvendar os mecanismos epidémicos, para assim se formularem os modos de prevenção. Uma vez que inúmeras doenças são determinadas por inúmeros fatores genéticos e ambientais, a exposição a um único fator de risco é considerada uma causa insuficiente para o desencadear da doença. Por conseguinte, devotam-se esforços de quantificação do nível crescente de riscos quando um sujeito é exposto a fatores de risco particulares.
O sucesso da aplicação de métodos epidemiológicos ao estudo de “doenças sociais” (como o divórcio, o homicídio, a toxicodependência), em articulação com a emergência da epidemiologia social cujo método se baseia nas construções sociológicas (como a desigualdade social, a discriminação racial, o sexismo, a segregação residencial), tem significado o esforço de unificação disciplinar entre epidemiologistas e sociólogos, o que certamente contribuirá para a exploração de novos cenários, e para a produção de explicações com maior potencial.
References:
Berkman, L. F. & Kawachi, I. (Eds.) (2000) Social Epidemiology. Oxford University Press, New York.
Bhopal, R. S. (2002) Concepts of Epidemiology: Na Integrated Introduction to the Ideas, Theories, Principles, and Methods of Epidemiology. Oxford University Press, New York.