Diversidade

Embora o conceito de diversidade revele uma superior sofisticação no campo da ecologia, a noção foi também vertida para o campo dos fenómenos sociais, e nesse âmbito, a noção de diversidade geralmente conota a distribuição dos seguintes indicadores

Embora o conceito de diversidade revele uma superior sofisticação no campo da ecologia, a noção foi também vertida para o campo dos fenómenos sociais, e nesse âmbito, a noção de diversidade geralmente conota a distribuição dos seguintes indicadores:

 

  1. unidades de análise, como estudantes, pessoas ou famílias;
  2. um ambiente social específico, ou seja, o local de trabalho, a sala de aulas, ou o Estado;
  3. uma dimensão selecionada, isto é, a “raça”, o estatuto social, ou a orientação política.

 

Quando medida empiricamente através de um ou mais indicadores, os níveis mais altos de diversidade ocorrerão idealmente quando as unidades de análise se distribuírem igualmente pelas dimensões sociais. Mas um mapeamento da diversidade corre o risco de pactuar ou submeter-se a agendas políticas não raras vezes. Por outro lado, a diversidade é por vezes analisada vagamente, principalmente se tal exame obedecer meramente às características exteriores para validar um cenário diverso.

 

A par de inúmeras dimensões sociais como a etnicidade, a “raça”, o género, o estatuto socioeconómico, a sexualidade, a idade, a habilidade física e o repertório linguístico, a diversidade equivale a um importantíssimo conceito. A diversidade racial e étnica é particularmente importante no debate público realizado em muitas sociedades, uma vez que tópicos como a etnicidade e a raça se encontram intimamente ligadas a questões de poder. Os níveis de diversidade racial e étnica no seio de uma nação são frequentemente usados para se estabelecer os níveis ideais de diversidade nas principais instituições sociais de uma nação, tal como o mercado de trabalho, o sistema educacional, e a esfera política. Unidades reduzidas de diversidade dentro de instituições sociais particulares revelam a sub-representação das minorias, o que habitualmente resulta nos estudos sobre questões de género ou de discriminação racial, como os processos de exclusão, ou as políticas centradas no fenómeno da desigualdade. Investigar os níveis de diversidade no contexto das áreas geográficas conduz aos estudos concentrados na segregação residencial. Fenómenos como o casamentou ou a adoção inter-racial, sublinham o pressuposto de que os domínios sociais mais íntimos devem ser homogéneos, a par de importantes tecidos sociais como a raça e a religião.

 

É impossível equilibrar os níveis de diversidade, uma vez que se encontram à mercê dos processos demográficos. Por exemplo, os níveis de diversidade étnica e racial no plano nacional alteram-se porque os fluxos de migrações e de fertilidade não são balançados. Processos sociodemográficos como o casamento inter-racial ou a adoção “transracial”, são responsáveis pela constituição de mosaicos socioculturais nas paisagens culturalmente homogeneizadas.

 

Os níveis de diversidade numa matriz social específica determinam o número de interações sociais possíveis, e a consequente formação de relações entre pessoas de discrepantes características. Por exemplo, altos níveis de segregação habitacional (i.e., um baixo nível de diversidade nas habitações) refortalecem as disparidades de rendimento entre os sexos. Já um alto nível de diversidade étnica e racial pode induzir grupos em conflitos sociais, porque tal quadro é ameaçador para os habituais detentores do poder.

 

Contudo, de um modo geral, altos níveis de diversidade a par de grande parte das dimensões sociais, têm uma conotação social positiva. Conjuntos socioculturais diversos despoletam o número de oportunidades para as interações intergrupais, logo, várias chances de se dissolverem as barreiras culturais. Em escolas étnica ou racialmente diversas, as crianças acabam muito provavelmente por formar laços transculturais; e em geografias racialmente diversas, o casamento inter-racial é muito comum.

715 Visualizações 1 Total

References:

Brah, A (1996) Cartographies of Diaspora, Routledge, London.

715 Visualizações

A Knoow é uma enciclopédia colaborativa e em permamente adaptação e melhoria. Se detetou alguma falha em algum dos nossos verbetes, pedimos que nos informe para o mail geral@knoow.net para que possamos verificar. Ajude-nos a melhorar.