Tristeza

A tristeza é a emoção primária que experienciamos em situações de perda de algo ou alguém a quem estamos vinculados. Esta perda pode ser real ou simbólica.

Definição de tristeza

A tristeza é a emoção primária que experienciamos em situações de perda de algo ou alguém a quem estamos vinculados. Esta perda pode ser real (pessoa, animal ou objeto) ou simbólica (planos, objetivos ou expetativas).

À semelhança das restantes emoções ditas primárias, a tristeza tem um valor de adaptação psicológica que sinaliza as necessidades do indivíduo e, consequentemente, orienta-o para escolhas e ações promotoras do seu bem-estar psicológico.

Neste sentido, embora a emoção de tristeza seja experiencialmente desagradável, apresenta um caráter funcional. Concretamente, quando o indivíduo se depara com situações de perda, como a perda de pessoas emocionalmente significativas, sente tristeza e esta pode promover a procura de proximidade ou recetividade de apoio social na elaboração da tristeza. Esta é acompanhada da necessidade de retirada temporária para elaboração e recuperação face à perda.

A tristeza e o processo de luto

O tema da perda relaciona-se por sua vez com o processo de luto, sendo a emoção de tristeza característica de situações pautadas pela perda e pelo luto.

Nesta situação a tristeza é então uma emoção natural e necessária, na medida em que permite ao indivíduo elaborar a perda, possibilitando que posteriormente este fique disponível para investir em novos papéis, pessoas ou objetos (reais ou simbólicos).

É a experiência e consciencialização da perda, através da elaboração da dor, que permite ao indivíduo a sua reorganização e reinvestimento.

Contudo, nem sempre a tristeza é processada, ou seja, nem sempre o indivíduo se permite experienciá-la e atribuir-lhe um significado. Em circunstâncias de perda, este evitamento pode conduzir a situações de luto complicado ou psicopatológico, que consistem em processos de luto inibido ou adiado ou ainda em configurações psicopatológicas decorrentes da ausência da elaboração da perda e/ou de uma elaboração não adaptativa.

A tristeza e a depressão

Frequentemente, a tristeza é percebida como negativa e prejudicial ao próprio, sendo conceptualizada como fraqueza ou equiparada ao desenvolvimento de perturbações psicológicas como a depressão.

A tristeza e a depressão apresentam, na realidade, diferenças significativas. Contrariamente à depressão, a tristeza não é uma perturbação clínica e, muitas vezes, não sinaliza a sua presença.

Por sua vez, de acordo com as teorias emocionais em psicologia clínica, a depressão pode resultar da negação ou evitamento da experiência de emoções primárias como a tristeza.

Quando o indivíduo não se permite experienciar a tristeza, pode experienciar outras emoções de forma reativa, como a zanga, conduzindo-o ao evitamento interpessoal de forma prolongada. Este comportamento pode assim tornar-se não adaptativo, contribuindo para o mal-estar ou distress psicológico.

Nestas situações verifica-se que o processo de evitamento prolongado favorece a permanência de problemáticas não resolvidas, que gradualmente potenciam e mantém o sofrimento psicológico. O sofrimento ou distress psicológico pode então configurar-se em depressão, enquanto entidade clínica caracterizada por um conjunto de sintomas e manifestações específicas.

Palavras-chave: Tristeza, emoção primária, processo de luto, depressão

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References:

  • Barbosa, A. (2010). Processo de luto. In A. Barbosa, & I.G. Neto (Eds.), Manual de Cuidados Paliativos (pp. 487-532). Lisboa: Núcleo de Cuidados Paliativos/Centro de Bioética/Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.
  • Elliot, R., Watson, J., Goldman, R., & Greenberg, L. (2004). Learning Emotion-Focused Therapy. The process-experiential approach to change. Washington DC: American Psychological Association.
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