Suporte social e saúde mental

O suporte social e a saúde mental são duas variáveis que se interligam no que diz respeito à saúde psíquica do indivíduo.

Suporte social e saúde mental

O suporte social e a saúde mental são duas variáveis que se interligam no que diz respeito à saúde psíquica do indivíduo. Estas duas variáveis só funcionam de forma qualitativa quando se relacionam entre si, pelo que a presença de suporte social promove a saúde mental e a ausência limita a mesma.

Segundo os estudos de Costa e Ludemir (2005) a relação entre suporte social e saúde mental deve-se ao facto de que a saúde mental é grandemente influenciada por questões emocionais que são dadas pela família e/ou amigos, tais como afeto, companhia, cuidados e tudo aquilo que seja passível de fazer o indivíduo sentir-se amado e seguro.

De acordo com os trabalhos de Lavall, Olschowsky e Kantorski (2009) o suporte social pode mesmo ser visto como um recurso para facilitar a promoção de saúde de um indivíduo que se encontre em sofrimento psíquico.

As pesquisas de Costa e Ludemir (2005) permitem ainda concluir que o suporte social permite que a pessoa encontre sentido para a sua vida bem como consiga ter controlo sobre a mesma, tanto para si como para os outros.

Estes recursos podem prevenir o sofrimento psíquico quando o indivíduo está enquadrado num ambiente social e cultural que lhe permite dispor do apoio da sociedade e dos familiares, facilitando o processo de tratamento e facilitando o retorno ao trabalho, ao lazer, aos direitos civis, e fortalece as relações familiares e sociais (Lavall, Okschiwsky, & Kantorski, 2009).

Desta forma, em caso de doença, o suporte social (família e amigos) e o próprio indivíduo, passam ser vistos como os principais responsáveis pelo processo de tratamento, quando o mesmo se encontra enfermo, já que a recolha de informação, na anamnese, é o meio de conseguir perceber a rede de apoio existente e os recursos dos quais dispõe (Lavall, Okschiwsky, & Kantorski, 2009). Esta recolha de informação ajuda os profissionais de saúde a direcionar o paciente e a sua família de acordo com as melhores respostas às suas necessidades (Lavall, Okschiwsky, & Kantorski, 2009).

“Identificar essas relações, as histórias, os caminhos e descaminhos dos usuários do serviço de saúde mental, do cotidiano, facilitará a interlocução e a atenção na área.”

(Lavall, Okschiwsky, & Kantorski, 2009, p.2).

O suporte social é, desta forma, visto como uma necessidade básica que faz parte da condição humana, pelo que a saúde fica comprometida quando o mesmo falha, o que permite chegar à conclusão de que o isolamento está diretamente relacionado com o estado de saúde/doença, dependendo de indivíduo para indivíduo (Costa, & Ludemir, 2005).

O que o suporte social permite também fazer é com que o indivíduo seja capaz de lidar de forma mais saudável com situações geradoras de stresse, ao contrário do que acontece quando o indivíduo não dispõe desse suporte (Costa, & Ludemir, 2005).

Parece evidente que a assistência prestada em saúde mental, deve passar por uma equipa multidisciplinar que abranja um espaço comunitário em que estejam incluídos não só os profissionais de saúde mas também outros agentes proporcionadores d suporte, dentro do espaço hospitalar (Lavall, Okschiwsky, & Kantorski, 2009).

Este tipo de serviço, é denominado como Núcleo de Atenção Psicossocial e pode existir  em diferentes espaços podem ser encontrados em contexto hospitalar, ambulatório, pensões protegidas, cooperativas, serviços residenciais terapêuticos, hospitais gerais, entre outros (Lavall, Okschiwsky, & Kantorski, 2009).

Algumas variáveis que influenciam estas duas questões são ainda a baixa escolaridade, a pobreza, o desemprego, o género (há um maior número de mulheres com baixa saúde mental influenciada pelo suporte social limitado) e o estado civil (divórcio, separação ou mesmo, viuvez) (Costa, & Ludemir, 2005).

Existe também a questão do espaço físico onde se vive, uma vez que, se o mesmo for bastante habitado, o suporte social é também maior, embora, a longo prazo, o mesmo venha a sofrer a interferência da falta de privacidade (Costa, & Ludemir, 2005).

Estes dois pólos da mesma situação levam-nos a compreender que o suporte social pode tanto ser benéfico para a sensação de segurança individual, como ser um fator de stresse quando todo em excesso (Costa, & Ludemir, 2005).

Conclusão

Podemos concluir que o suporte social é essencial para que o indivíduo tenha saúde mental e que o mesmo se associa à família e aos amigos. Desta forma, quando o indivíduo se encontra psiquicamente enfermo, é importante que a intervenção seja multidisciplinar, ou seja, que, além dos técnicos e profissionais de saúde, passe também pela rede de apoio existente fora da instituição de saúde.

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References:

  • Costa, Albanita Gomes da, & Ludemir, Ana Brnarda. (2005). Transtornos mentais e apoio social: estudo em comunidade rural da Zona da Mata de Pernambuco, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, 21(1), 73-79. http://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S0102-311X2005000100009&script=sci_abstract&tlng=enen;
  • Lavall, Eliane, Olschowsky, Agnes, & Kantorski, Luciane Prado. (2009). AVALIAÇÃO DE FAMÍLIA: rede de apoio social na atenção em saúde mental. Revista Gaúcha Enfermagem, Porto Alegre (RS) 2009 jun; 30(2): 198-205.
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