A psicologia da religião visa compreender a relação existente entre o comportamento, a personalidade e as crenças religiosas dos indivíduos. Importa, neste campo, entender a relação existente entre cada uma das vertentes.
Quanto ao estudo que aborda a psicologia da religião, já Freud e Jung pretendiam, com as suas investigações compreender em que medida a mesma influenciava a personalidade do indivíduo, bem como as suas práticas religiosas (Farris, 2009). No entanto, compreendeu-se que estas teorias não chegavam para perceber a dimensão da influência que a religião exerce, quer em relação à personalidade, quer em relação ao comportamento (Farris, 2009). Nos estudos de Freud, compreendia-se que a religião não passava de uma manifestação de experiências inconscientes que se encontravam em conflito na psique e que começavam ainda na infância, através da relação entre a criança e os pais (Farris, 2009).
Mais tarde, com os estudos sobre o mesmo tema, que Farris (2009) e Freitas (2015) levaram a cabo, foi possível compreender que a mesma pode ser definida como sendo o estudo acerca do comportamento do indivíduo no que diz respeito às suas crenças religiosas, as quais, o mesmo acredita como sendo a sua forma de se relacionar com Deus.
De acordo com os trabalhos levados a cabo por Farris (2009) a experiência que o indivíduo obtém com Deus, do ponto de vista da psicologia da religião diz respeito à comunicação e, por sua vez, à percepção da linguagem. As teorias estudadas por Farris (2009) dizem, inclusive, que o ser humano não tem uma experiência pura com Deus, mas antes um conjunto de ideias, símbolos, conceitos e percepções daquilo que considera ser sobre Deus.
Nos dias de hoje, de acordo com os vários estudos transversalmente feitos, desde o século XIX, verifica-se que, primordialmente, o psicólogo que se debruça sobre o tema da religião, deve respeitar as crenças e os valores de todos aqueles que lhe pedem ajuda, tendo em conta a diversidade de religiões que cada um pode ter (Freitas, 2015).
No entanto, ainda assim, os estudos não deixam de ser controversos, uma vez que não existe propriamente um paradigma definitivo que se possa seguir, no que concerne à psicologia da religião (Freitas, 2015).
Apesar de toda a controvérsia que gira em volta deste tema, já em 2009 Farris fez referência aos estudos levados a cabo por Granville Stanley Hall, que procurava compreender os comportamentos religiosos do indivíduo, do ponto de vista pessoal de cada um.
É importante compreender de que forma é experimentada a religião pelo indivíduo e compreender também se devemos falar de psicologia da religião ou antes de psicologia religiosa (Freitas, 2015).
Estas questões prendem-se com o facto de o psicólogo, quando perante o seu paciente religioso, ter de saber separar o seu papel enquanto profissional das suas próprias crenças religiosas de forma a não exercer qualquer tipo de influência no que diz respeito às crenças do outro (Freitas, 2015). Neste sentido, os estudos apontam para a chamada psicologia da religião (Freitas, 2015).
No que diz respeito à psicologia religiosa, Freitas (2015) refere as atitudes que o psicólogo tem no seu próprio contexto religioso, no qual, poderá exercer funções à religião ligadas, tais como voluntariado numa instituição associada a uma doutrina, seja ela católica, espírita, evangélica, ou outra.
É preciso compreender ambas as situações de forma a distinguir muito bem as duas, já que, em relação à psicologia religiosa, é esperado que, quem procura ajuda neste sentido, tenha a noção de que o faz buscando um tipo específico de ajuda que vai de encontro às suas crenças (Freitas, 2015).
Assim, podemos também compreender que a psicologia da religião e a psicologia religiosa podem ser duas coisas que se complementam entre si (Freitas, 2015).
Conclusão
Compreende-se que o estudo sobre a psicologia da religião pretende compreender em que medida as crenças religiosas do indivíduo influenciam quer a sua personalidade quer o seu comportamento, seja de forma consciente ou inconsciente. Regra geral, os estudos não chegam a uma conclusão exata, havendo até bastante controvérsia, no entanto, podemos observar que a comunicação é uma das chaves principais para compreender a relação existente entre comportamento e religião, já que é através da mesma que ambas acontecem.
References:
- Farris, J.R. (2009). Psicologia e religião. Uma análise de práticas religiosas. Revista Caminhando, vol. 7, n. 1 [9], 2002. Recuperado em 1 de maio de 2018 de https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/Caminhando/article/…/1510
- Freitas, M.H. (2015). PSICOLOGIA RELIGIOSA, PSICOLOGIA DA RELIGIÃO OU PSICOLOGIA E RELIGIÃO? X Seminário de Psicologia e Senso Religioso, Curitiba, PUCPR, 2015.