Perturbação de pânico com agorafobia
A perturbação de pânico com agorafobia diz respeito à resposta de fuga a um estímulo interpretado como perigoso que despoleta ansiedade. A crise despoleta uma série de sintomas que o indivíduo entende como impossíveis de controlar.
Britto e Duarte (2004) fazem referência ao Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, DSM-IV-TR para definir a perturbação de pânico e a perturbação de agorafobia, de formas distintas. Assim, segundo os autores, a perturbação de pânico entende-se como uma “preocupação persistente sobre possíveis ataques futuros e implicações comportamentais relacionadas ao ataque” e a agorafobia como “…ansiedade de estar onde pode ser difícil fugir ou não haver ajuda disponível no caso de ter um ataque de pânico inesperado ou predisposto pela situação” (Britto, & Duarte, 2004).
Numa situação de crise, o indivíduo paralisa de ansiedade sem que haja um estímulo que leve ao despoletar de toda a situação (Britto, & Duarte, 2004). Apesar de não haver, aparentemente, um estímulo que desencadeie toda a crise, normalmente, ela é associada a uma situação que é interpretada de forma catastrófica pelo que é necessário identificar a mesma para poder monitorizar adequadamente o comportamento e poder controla-lo (Baére, 2015).
De acordo com os estudos de Baére (2015) algumas teorias defendem que o indivíduo que padece desta perturbação, já tem uma predisposição psicológica e biológica para a mesma o que o torna mais vulnerável. Deste modo, criaram-se teorias que apontam para a possibilidade de origem genética, biológica e somática (Baére, 2015).
Os autores dão, também, especial relevância às crises noturnas em que a pessoa experimenta sensações e reações físicas como palpitações, ou respiração rápida ao mesmo tempo que entra no processo de desespero associado à situação, uma vez que a interpreta como sendo catastrófica (Baére, 2015; Britto, & Duarte, 2004).
A propósito dos sintomas, Baère (2015) acrescenta ainda que o indivíduo tende a confundir o ataque de pânico com agorafobia com uma situação de enfarte ou acidente vascular cerebral (avc) devido à semelhança dos sintomas.
Na mesma linha de ideias, Clark (1986, cit in Baere, 2015) refere a distorção catastrófica de como o indivíduo interpreta uma situação de perigo e a forma como essa distorção catastrófica agrava a sua reação à situação e ao processo envolvente.
Consequentemente a todos os estágios pelos quais a pessoa passa durante a crise, ela sente um medo profundo acerca da instabilidade da sua saúde (Britto, & Duarte, 2004).
Britto e Duarte (2004) indicam que todo este processo faz com que a pessoa esteja constantemente em alerta acerca da sua saúde, uma vez que os episódios de crise acontecem repentinamente e sem pré aviso. O facto de ter, constantemente, pensamentos automáticos negativos, leva ao aumento exponencial do medo de passar por uma situação de crise, ou seja, todo o processo acaba por se tornar num círculo vicioso (Britto, & Duarte, 2004). Para Baére, este círculo vicioso acaba por se tornar numa forma de perpetuação do despoletar da crise. Todo o quadro clínico associado é definido por um estado patológico de ansiedade (Britto, & Duarte, 2004).
No que concerne ao processo de intervenção eleito, é importante conseguir começar por saber distinguir quais são os estados emocionais que são vividos e experimentados de forma negativa bem como a capacidade de descrever a reação face ao medo para que seja possível chegar ao autocontrolo da situação (Britto, & Duarte, 2004).
Conclusão
Entende-se como perturbação de pânico com agorafobia uma situação que é interpretada como perigosa pelo indivíduo, o que lhe provoca a sensação imediata de ansiedade e despoleta uma série de sintomas associados, como palpitações, sudorese e respiração ofegante. A crise acontece em situação repentina, pelo que é necessário identificar o estímulo que serve como alavanca para que se possa, através de psicoterapia, desmistificar o perigo e conseguir atingir um estilo de vida saudável.
References:
- Britto, Ilma A. Goulart de Souza, & Duarte, Ângela Maria Menezes. (2004). Transtorno de pânico e agorafobia: um estudo de caso. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 6(2), 165-172. Recuperado em 2 de novembro de 2017 de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-55452004000200003;
- Baere, T.D. (2015). TÉCNICAS COGNITIVAS-COMPORTAMETAIS PARA O TRATAMENTO DO TRANSTORNO DO PÂNICO. [em linha] PT O PORTAL DOS PSICÓLOGOS. Recuperado em 2 de novembro de 2015 de https://www.google.pt/search?q=p%C3%A2nico+com+agorafobia+psicologia&safe=active&ei=Hb77WbDOJ8TzaL7MslA&start=10&sa=N&biw=1047&bih=463.