Estratégias de estudo

Estratégias de estudo – o Trabalho de Grupo e o Trabalho Individual

Conceito de estratégias de estudo

Esta revisão da literatura pretende compreender em que consistem as Estratégias de Trabalho em Grupo e as Estratégias de Trabalho Individuais, no sentido de compreender as vantagens e desvantagens entre uma e a outra nos hábitos de estudo. Pretendemos ainda compreender de que forma é que os professores podem mediar os trabalhos, no sentido de promover o sucesso dos seus alunos e algumas das diferenças entre rapazes e raparigas

Palavras-chave: Trabalhos de Grupo; Trabalhos Individuais; Sexo; Metodologia; hábitos de estudo

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O trabalho de grupo e o trabalho individual

Os Trabalhos de Grupo e os Trabalhos Individuais são igualmente importantes pelo facto de permitirem aprender de diferentes formas como a individual e a colectiva, mas ambos se caracterizam por diferentes aspectos como a promoção de responsabilidade, socialização e integração grupal (Trabalho de Grupo) cabendo ao professor orientar ambas as metodologias (Carita et al., 1997).

 

Trabalhos de Grupo

Os Trabalhos em equipa têm por objectivo desenvolver as competências em grupo, a criação de ideias e projectos, e a realização das actividades segundo um consenso comum que depois será avaliado pelos professores aos quais cabe também fornecer material, mediar as tarefas e ajudar a seleccionar os apontamentos (Balancho, & Coelho 1996; Pires, 2007; Silva et al., 2000).

Espera-se que os alunos desenvolvam autonomia e aprendam a trabalhar a informação oral e escrita em Grupo, usando a metodologia do consenso para a resolução de diferentes problemas, no sentido de chegar à satisfação das necessidades da turma (Carita et al., 1997).

Desenvolve-se a capacidade de comunicação grupal, a cooperação em equipa, a gestão do conflito, a capacidade para decidir, a tarefa, a ligação dos trabalhos da escola à vida real, resolução de problemas através de recursos materiais e humanos, e outras actividades promotoras da actividade em Grupo (Carita et al., 1997).

O Interaccionismo define o Grupo de Trabalho como um contexto em que se trocam diferentes ideias e pontos de vista, que despoleta o conflito, que promove o desenvolvimento cognitivo, a aprendizagem, a aceitação da diferença, o método de trabalho e o enriquecimento pessoal de todos os alunos, respeitando-se, com espírito democrático e partilha de experiências, em que o professor medeia o debate (Pires, 2007).

Postic (2007) defende que o comportamento dos elementos da turma influencia a qualidade e a quantidade das tarefas, e que a mesma também está associada ao Nível Sócio- Económico (NSE) e sócio-cultural dos alunos, o que se deve traduzir em pequenos Grupos de Trabalho.

O Grupo deve compreender e superar dificuldades e fazer sugestões que desenvolvam as suas competências, sendo importante haver um líder capaz de coordenar e organizar todos os elementos (Carita et al., 1997). Este líder deve distribuir tarefas segundo os interesses de cada um; saber escolher o material necessário para a realização do trabalho; iniciar a elaboração das tarefas e juntar os resultados obtidos para poder debater em conjunto o trabalho realizado; por fim fazer a reflexão crítica sobre todo o conteúdo e sobre o funcionamento Grupal, verificando os pontos fortes e fracos para poder melhorar (Carita et al., 1997).

A harmonia Grupal pode, no entanto, estar comprometida, devido ao comportamento de alunos conflituosos que perturbam a turma para chamar as atenções sobre si quando não acompanham as aulas e quando a família não os apoia, sendo a sala de aula fechada, um entrave, o que leva à necessidade de aproveitar o exterior, as visitas de estudo e os recursos audiovisuais e informáticos (Balancho, & Coelho, 1996).

Estes alunos, por vezes, são agressivos e perturbadores e não se adaptam às condições da sala de aula, porque não se interessam pela escola, o que impede o funcionamento normal da aula, além de haver professores que nem sempre adoptam a melhor forma de evitar estes comportamentos (falam demasiado alto, utilizam estratégias de punição demasiado severas ou sobem exageradamente a fasquia (Duclos, 2006; Giordan, 1998).

Para Ladd (1990) os traços psicológicos e a percepção dos alunos durante o período pré-escolar, dependendo do sexo, idade mental e experiência pré-escolar, predizem a sua adaptação à escola, o que permite afirmar que os alunos com melhor percepção em relação à escola e aos pares, são os que adquirem melhores estratégias e, por conseguinte, melhores rendimentos, ao contrário dos alunos com mais dificuldades relacionais que desenvolvem traços e percepções opostas.

Mendonça (2009) ao observar diferenças entre os sexos, concluiu que os rapazes usam bastante espaço e trabalham com vários colegas e são mais desorganizados, ao contrário das raparigas que usam menos espaço, trabalham com menos colegas e organizam-se melhor, tirando melhor partido dos Trabalhos realizados na aula.

De referir ainda que há mais cooperação entre alunas de NSE baixo e mais competição entre alunas de NSE médio e alto (Mendonça, 2009).

Os rapazes são mais valorizados pelas suas qualidades físicas o que os associa mais a condutas agressivas à medida que o seu rendimento escolar desce e as raparigas além de ocuparem os lugares mais próximos dos professores nas aulas, utilizam o final da aula para esclarecer as suas dúvidas (Balancho, & Coelho, 1996).

De referir ainda que o fenómeno de destabilização da turma acontece, por vezes, entre os alunos provenientes de NSE altos, por terem acesso à matéria de forma mais fácil e cativante, embora seja mais frequente que o fenómeno aconteça entre os alunos provenientes de NSE baixos por não haver, em muitos casos, qualquer ligação entre os seus interesses e os objectivos que a escola propõe (Balancho, & Coelho, 1996).

A aquisição de conhecimentos privilegia também os alunos provenientes de NSE médio e alto, que muitas vezes trazem conhecimentos prévios da matéria, para a aula, facilitando a sua aprendizagem, em detrimento das dificuldades enfrentadas pelos alunos de NSE baixo (Davies et al., 1989).

Lopes (2003) considera que, para a aula decorrer num ambiente tranquilo e organizado, é importante respeitar regras, como por o dedo no ar quando se quer participar, falar cada um na sua vez, ou esperar que o professor faça perguntas directa e individualmente ao aluno que melhor domina a matéria, para que se promova a cooperação da turma (Lopes, 2003). Contudo, os professores tentam incentivar os alunos mais fracos, fazendo mais perguntas a estes e os alunos preferem, habitualmente, as solicitações do professor ao invés da participação voluntária, uma vez que, devido às dificuldades sentidas, inibem-se com medo de ser motivo de chacota perante a turma (Lopes, 2003).

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Trabalhos Individuais

Quanto aos Trabalhos Individuais permitem melhorar as competências de escrita e ganhar mais conhecimento sobre vários assuntos, compreender a matéria, pesquisar nos locais certos, selecionar o material, organizar segundo as fontes, fazer resumos, estruturar o trabalho com introdução, desenvolvimento e conclusão, verificar a ortografia e a gramática e cumprir prazos de entrega (Carita et al., 1997).

No entanto, é preciso dar atenção aos efeitos provocado pelos testes como sentimentos de insegurança, ansiedade e stresse devido às dificuldades sentidas na assimilação de conteúdos, mas em relação aos quais, é preciso entender que, além do peso da nota, os testes são a técnica que permite aos professores avaliar conhecimentos, sendo necessário o estudo diário (Carita et al., 1997).

Para extinguir estes conflitos internos nos alunos, é importante que os professores desmistifiquem o temor das avaliações, e incentivem a capacidade para as ver como desafios, e procurar esclarecer as dúvidas no sentido de ultrapassar dificuldades e desenvolver hábitos de estudo adequados (Carita, & Fernandes, 2002).

Por vezes, os maus resultados devem-se a leituras apressadas do enunciado, e má interpretação do mesmo, ou a uma medíocre gestão do tempo de resposta, o que leva à necessidade de os professores alertarem nesse sentido lembrando a recompensa recebida através de um bom resultado (Carita et al., 1997).

Segundo Santos, e Fernandes (2000) os momentos de avaliação decidem o futuro escolar dos alunos, o que remete para a necessidade de ética e rigor por parte dos professores, que devem estar actualizados, ter uma mente aberta e ser flexíveis, promover o espírito de aprendizagem com aulas estimulantes ao empenho, criatividade e aproveitamento da escola.

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Conclusão

Em jeito de conclusão, podemos perceber que cada uma das metodologias de trabalho promove diferentes hábitos de estudo e que ambas pretendem desenvolver competências como a organização, a cooperação, a responsabilidade, a curiosidade, etc. Percebemos a função do professor enquanto mediador dos Trabalhos, tanto nos de Grupo como nos Individuais bem como a forma como o NSE influencia os hábitos de estudo e de organização dos alunos. Podemos ainda compreender que existe mais tendência para procurar apoio nos professores, por parte das raparigas do que por parte dos rapazes.

 

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References:

  • Balancho, M.J.S. & Coelho, F.M. (1996). Educação hoje. Motivar os alunos. Criatividade na relação pedagógica: conceitos e práticas. (2ªed.) Lisboa: Texto Editora.
  • Carita, A. & Fernandes, G. (2002). Indisciplina na sala de aula. (3ªed.). Lisboa: Editorial Presença.
  • Carita, A.; Silva, A.M,; Monteiro A.F., & Diniz, T.P. (1997). Como ensinar a estudar. Lisboa: Editorial presença
  • Davies, D.; Fernandes, J.V.; Soares, J.C.; Vilas-Boas, M.A.; Vilhena, M.C., & Lima, R. (1989). As escolas e as famílias em Portugal: realidade e perspectivas. Lisboa: Livros Horizonte, Lda.
  • Duclos, G. (2006). Orientar o meu filho na sua vida escolar. Crescer & viver. Lisboa: Climepsi Editores.
  •  Giordan, A. (1998). Aprender. Instituto Piaget: Lisboa.
  • Ladd, G.M. (1990). Having friends, keeping friends, making friends and being liked by peers in the classroom: predictors of children’s early school adjustment? Review of Child Development, 61, 1081-1100.
  • Lopes, J. (2003). Problemas de comportamento, problemas de aprendizagem, problemas de ensinagem. Coimbra: Quarteto.
  •  Mendonça, A. (2009). O insucesso escolar: Políticas Educativas e Práticas Sociais. Um estudo de caso sobre o Arquipélago da Madeira. Mangualde: Edições Pedago.
  • Pires, M.I.V. (2007). Os valores na família e na escola. Educar para a vida. Oeiras: Celta editora.
  • Postic, M. (2007). A relação pedagógica. Uma obra fundamental para: educação, psicologia social e psicanálise. Lisboa: Padrões culturais editora.
  • Santos, J. & Fernandes, M.C. (2000). Revista de Psicologia Educação e Cultura. 4. Carvalhos: Colégio Internato dos Carvalhos.
  •  Silva, B.; Ramos, C.F.; Gaspar, F.; Mourão, R.M., & Almeida, L.S. (2000). Educação Cultura. 4; 79-92. Braga: Universidade do Minho.
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