Definição de emoção
A emoção diz respeito à resposta psicológica a estímulos internos (e.g. pensamentos) ou externos (e.g. situação/meio envolvente) que permite ao indivíduo processar a experiência e agir em consonância com as suas necessidades.
A experiência emocional é relativamente efémera, distinguindo-se do humor ou dos sentimentos, envolvendo a experiência de sensações corporais (e.g. aceleração do batimento cardíaco), concepções ou significados (e.g. interpretar o estímulo como perigoso) e comportamentos associados (e.g. fugir) no contexto de uma situação específica (e.g. qualquer estímulo que suscite medo).
Emoções adaptativas e não adaptativas
As respostas ou experiências emocionais apresentam propósitos de adaptação, sendo a consciência da sua experiencia proporcionadora de motivação e ação. As emoções ditas primárias correspondem a esta conceptualização na medida em que, enquanto respostas inatas de sobrevivência, permitem ao individuo atuar tendo como finalidade o seu bem-estar.
Exemplos de emoções ditas primárias são a tristeza face a uma perda (e.g. morte de alguém significativo) ou o medo face a uma ameaça ou perceção de perigo iminente. Nestas situações, ou outras em que o seu caráter seja imediato e básico, as emoções apresentam funções relevantes para o bem-estar do indivíduo.
Às emoções ditas adaptativas, acrescem aquelas que são consideradas não adaptativas ou disfuncionais. As emoções não adaptativas podem: a) consistir em associações entre eventos passados (tendencialmente traumáticos) e situações presentes através da aprendizagem, designando-se por emoções primárias não adaptativas que são imediatas, embora não congruentes com a situação atual; b) manifestar-se sob a forma de defesas à emoção primária (e.g. por ser desagradável de experienciar), designando-se por emoções secundárias; e c) desempenhar uma função de influência sobre os outros, sendo estas emoções ou comportamentos emocionais instrumentais.
Funções da emoção e regulação emocional
Uma das funções da emoção está relacionada com o seu propósito preventivo no desenvolvimento de perturbações psicológicas. Por outras palavras, a experiência emocional mesmo quando desagradável (e.g. tristeza ou medo) pode na realidade ser funcional, na medida em que possibilita a congruência entre o modo como o indivíduo se sente e o modo como se permite sentir. De acordo com teóricos das abordagens emocionais/experienciais em psicoterapia, o desenvolvimento de sintomatologia e perturbação encontra-se associado ao evitamento ou supressão emocional de emoções primárias.
Este evitamento, ao invés de reduzir, amplia o distress psicológico, sob a forma de emoções não experienciadas que progressivamente vão gerando mal-estar no indivíduo (e.g. depressão). Por outro lado, a hiperativação emocional pode em si mesma ser perturbadora do funcionamento (e.g. ansiedade), nomeadamente na ausência de estratégias que permitam ao próprio regular a intensidade desta experiência.
A perturbação do funcionamento do indivíduo encontra-se assim estreitamente relacionada com a regulação emocional, isto é, com a capacidade de aceder, tolerar e conter a intensidade das emoções de modo a que a sua experiência seja funcional e orientadora, ao invés de desorientadora, inibidora ou avassaladora.
Complementarmente, a experiência emocional transmite ao indivíduo como este se está a sentir num determinado momento, bem como aos outros com quem se relaciona, através de comunicação verbal ou não-verbal (e.g. expressões faciais). A função comunicacional e sinalizadora das emoções possibilita assim o estabelecimento de relacionamentos autênticos com os outros e com o próprio, de acordo com as motivações e necessidades psicológicos do indivíduo.
De um modo geral, as emoções proporcionam um enquadramento sobre a satisfação destas necessidades, gerando motivação e ação em prol do bem-estar e adaptação.
Palavras-chave: emoção; bem-estar psicológico; adaptação; distress psicológico
References:
Elliot, R., Watson, J., Goldman, R., & Greenberg, L. (2004). Learning Emotion-Focused Therapy. The process-experiential approach to change. Washington DC: American Psychological Association.
