Conceito de embotamento afetivo
O embotamento afetivo designa o entorpecimento ou perda global do afeto. Neste sentido, enquanto perturbação dos afetos, relaciona-se com a ausência de expressão ou oscilação afetiva. Manifesta-se pela ausência, observada por outros, de expressão não-verbal (e.g. expressão facial, postura) que à partida seria esperada, por exemplo numa interação social.
O embotamento afetivo pode ser considerado como o extremo de um continuum no qual se verifica um entorpecimento progressivo e manifesto dos afetos, podendo deste modo associar-se a diferentes perturbações psicológicas quando associado a outros conceitos no contexto da psicopatologia.
O embotamento afetivo e as perturbações psicológicas
No que respeita a perturbações clínicas, o embotamento afetivo apresenta-se como uma característica da esquizofrenia, estando comummente associado a esta. É considerado um sintoma dito negativo, a par de outros como a apatia e a avolição.
No entanto também na depressão severa ou major pode ocorrer embotamento, relacionado com os conceitos de indiferença e anestesia afetivas. Nas perturbações depressivas, o empobrecimento do afeto manifesta-se no contexto da apatia e da desmotivação generalizada, por vezes incapacitante.
Pode ainda manifestar-se em situações de exposição a elevado stress, das quais resultem perturbações de pós-stress traumático. Nestes quadros, o embotamento encontra-se associado ao evitamento das memórias e emoções desagradáveis despoletadas pelo(s) episódio(s) traumático(s). Neste sentido, funciona como um mecanismo de defesa da pessoa em resposta à hiperestimulação fisiológica e emocional vivenciada aquando da experiência de trauma.
Também na perturbação esquizotípica da personalidade é possível encontrar manifestações de embotamento afetivo, associadas à ausência de responsividade na comunicação com os outros.
References:
- Dias Cordeiro, J.C. (2009). Manual de Psiquiatria Clínica. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.