Ciclo da violência doméstica

O ciclo da violência doméstica abarca três fases, sendo elas a tensão, a explosão e a “lua de mel” em sequência e em espiral.

Ciclo da violência doméstica

O ciclo da violência doméstica abarca três fases, sendo elas a tensão, a explosão e a “lua de mel” em sequência e em espiral.

Segundo a revisão bibliográfica de Peinado, Moura, Almeida, Santos e Gaspar (2010) define-se como violência doméstica todo o ato, por parte de familiar, que abarque violência verbal, tal como insulto, violência física, por exemplo agressões à integridade física, violência psicológica, que entendemos como ameaças, chantagens, etc, ou, por fim, violência sexual como é o caso da violação.

A partir daqui, alguns autores propõem a explicação do processo da violência doméstica a de acordo com um ciclo vicioso que contempla diferentes fases que se prolongam no tempo: fase de aumento de tensão – fase de explosão – fase de “lua de mel” – fase de aumento de tensão (e assim sucessivamente) (Peinado, Moura, Almeida, Santos, & Gaspar, 210).

É necessário ainda analisar a situação da vítima no que concerne a questões como a família, o perfil do agressor, o nível sócio económico (NSE) etc (Carmo, & Moura, 2010).

No entanto, existem casos relatados em que não é possível compreender a razão pela qual a vítima se mantem no registo de violência durante anos (Carmo, & Moura, 2010).

Convém salientar que este ciclo funciona em círculo e abarca sempre as três fases, pelo que as mesmas devem ser explicadas da seguinte forma:

  • Fase de aumento de tensão: o agressor encontra um motivo superficial para se dirigir à vítima com atos agressivos, que faz com que o mesmo despolete uma discussão entre o casal com contornos não adequados (Carmo, & Moura, 2010; Peinado, Moura, Almeida, Santos, & Gaspar, 2010). Seguidamente e feita uma análise errada do comportamento da vítima que pode ser ou não relevante mas que, mesmo relevante ou motivo de chamada de atenção, se deveria a algo acidental, como por exemplo, chegar atrasada por motivos impossíveis de controlar (Carmo, & Moura, 2010; Peinado, Moura, Almeida, Santos, & Gaspar, 2010). A atitude do agressor torna-se desmedida, culpando a vítima de tudo o que lhe causa frustração e irritação, o que a leva a adquirir sentimentos de inferioridade e desconforto perante o mesmo (Carmo, & Moura, 2010; Peinado, Moura, Almeida, Santos, & Gaspar, 2010).
  • Fase de explosão: aqui o agressor já parte para a agressão com qualquer um dos contornos já mencionados, que pode acontecer com a junção de todos, aumentando a violência em forma de espiral (Carmo, & Moura, 2010; Peinado, Moura, Almeida, Santos, & Gaspar, 2010). Nesta fase, além de todas as posturas violentas mencionadas, o agressor assume uma atitude de superioridade, hostilidade e controlo total sobre a vítima (Carmo, & Moura, 2010; Peinado, Moura, Almeida, Santos, & Gaspar, 2010).

Carmo e Moura (2010) referem, a respeito do controlo que o agressor exerce sobre a vítima, que o mesmo acontece, principalmente por uma questão de dependência, ou seja, a vítima é, frequentemente, dependente do agressor em vários níveis como emocional e financeiro.

  • Fase de “lua de mel”: é a fase de arrependimento em que o agressor minimiza todo o seu comportamento durante a crise, pede perdão e faz promessas de melhoria, insistindo que não vai repetir o que fez (Carmo, & Moura, 2010; Peinado, Moura, Almeida, Santos, & Gaspar, 2010). É comum que ele assuma a inadequação dos seus comportamentos violentos mas que também justifique os mesmos com argumentos externos e dizendo que a situação se deveu à tensão do momento, que não pensou e que não se controlou num curto e único espaço de tempo (Carmo, & Moura, 2010; Peinado, Moura, Almeida, Santos, & Gaspar, 2010).

Após muitos episódios de repetição deste ciclo, aparece, aos poucos, o desacreditar no relacionamento, em que um dos dois já não tem esperança na felicidade conjunta e o afeto começa a perder a força (Carmo, & Moura, 2010). Por esta altura, a vítima, na maioria dos casos oficiais, a mulher, termina a relação/casamento, ao fim de diversas tentativas de reconciliação sem êxito (Carmo, & Moura, 2010).

Conclusão

O ciclo da violência doméstica abarca sempre três fases que se expressam sempre da mesma forma e cada vez mais agressivos. Na maioria dos casos relatados, a vítima é a mulher, inserida num casamento ou relacionamento disfuncional, no qual, o agressor, habitualmente o homem, descarrega todas as suas frustrações em cima da mesma. A situação, por se tornar repetitiva e impossível de contornar, leva, quase invariavelmente ao rompimento da relação/ término do casamento.

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References:

  • Carmo, P.C.C.S., & Moura, F.G.A. (2010). VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: A DIFICIL DECISÃO DE ROMPER OU NÃO COM ESSE CICLO. Fazendo Gênero 9. Diásporas, Diversidades, Deslocamentos. 23 a 26 de agosto de 2010. Acedido a 20 de setembro de 2016 em fazendogenero.ufsc.br/…/1278278656_ARQUIVO_VIOLENCIADOMESTICA;
  • Peinado, A., Moura, C., Almeida, I.A., Santos, M, & Gaspar, T. (2010). VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – UMA ABORDAGEM TEÓRICA SOB A PERSPECTIVA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS. [em linha] PT O PORTAL DO PSICÓLOGO. www.psicologia.pt. Acedido a 20 de setembro de 2016 em www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0206.pdf.
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