Autoconhecimento
O autoconhecimento diz respeito à nossa capacidade para compreender o comportamento e a comunicação verbal que adotamos. Estes meios de comunicar são as principais formas de estar em contato com a sociedade em redor.
Os estudos levados a cabo por Marçal (2004) sugeriam que o autoconhecimento, conceito criado segundo o behaviorismo radical de Skinner, além de ser uma forma de conhecimento geral, diz respeito ao conhecimento que temos de nós mesmo e do mundo à nossa volta.
Do ponto de vista de Brandernburg e Weber (2005) o autoconhecimento é entendido do ponto de vista da vertente introspetiva, de acordo com os contornos de subjetividade e da consciência associada, necessárias à sua compreensão (Brandernburg, & Weber, 2005).
De acordo com Skinner “conhecer é comportar-se perante um estímulo, é discriminar estímulos.” (Sério, 1993, cit in Marçal, 2004, p.105).
É necessário começar por compreender a consciência inerente ao autoconhecimento, já que a mesma se traduz no comportamento que adotamos voluntariamente (Brandernburg, & Weber, 2005).
Uma forma de clarificar como se dá o autoconhecimento, através do comportamento, é o exemplo de um estímulo que suscita medo, ou seja, uma pessoa sabe que tem medo de determinado estímulo da mesma forma que as pessoas à sua volta observam essa resposta de medo, ou seja, através do comportamento que esse estímulo gera (Marçal, 2004).
A diferença entre o autoconhecimento e o conhecimento de outrem acerca de nós mesmos, é que, de acordo com determinada situação que nos leva a dar uma resposta, nós temos acesso aos nossos pensamentos e sentimentos, coisa que não é visível para terceiros que só têm acesso ao que é diretamente observável acerca do nosso comportamento (Marçal, 2004).
Partindo deste pressuposto, iniciado pelos estudos de Skinner, podemos afirmar que o autoconhecimento, associado à consciência, passa a ser visto como uma autoconsciência que nos permite tomar decisões acerca do nosso comportamento (Brandernburg, & Weber, 2005).
Podemos dizer, então, que o autoconhecimento se trata da nossa capacidade para compreender e explicar os nossos próprios comportamentos (Brandernburg, & Weber, 2005).
Comportamento inconsciente
No entanto, é de salientar que, apesar de o nosso autoconhecimento nos permitir compreender e explicar a forma como nos comportamos, de acordo com a teoria de Skinner, existem também comportamentos que adotamos, que não conseguimos explicar porque, nós mesmos, também não temos consciência destes (Brandernburg, & Weber, 2005). Nestas situações, é comum que o indivíduo, quando questionado acerca de determinado comportamento que adotou inconscientemente, também não saiba como explicar o mesmo, o que o remete para uma explicação inventada para sua própria compreensão, que, muitas vezes, passa por ser explicada por motivos internos ao organismo (Brandernburg, & Weber, 2005).
Tendo em conta que o comportamento inconsciente é, por esse motivo, involuntário, podemos concluir que o indivíduo só se conhece verdadeiramente se for capaz de conhecer o funcionamento da sua própria mente, a qual, não é palpável, pelo que se torna num processo que não ocupa um espaço físico, logo, é totalmente subjetiva (Marçal, 2004).
Importância do comportamento verbal para o autoconhecimento
O comportamento pode ter várias formas de expressão, sendo que uma das mais vulgares é, para Brandernburg e Weber (2005) o comportamento verbal, sendo que este ângulo nos permite ter acesso ao autoconhecimento, porque é através desta vertente que o ser humano pode descrever a sua conduta e ter acesso à informação acerca do seu próprio eu.
A par desta capacidade, uma vez que o ser humano vive em comunidade e estabelece a comunicação, maioritariamente por meio verbal, não é de surpreender que esta interação leve à capacidade de modelagem, de acordo como feedback obtido através da comunidade que, por sua vez, permite estabelecer o vocabulário usado pelos seus membros (Brandernburg, & Weber, 2005).
Assim podemos dizer que o conhecimento verbal, estabelecido através da comunicação que usamos quando estamos em sociedade é o autoconhecimento que melhor nos permite compreender a nós mesmos, e também é a forma direta mais comum que permite que os outros nos conheçam (Marçal, 2004).
De acordo com os trabalhos de Ryle (s.d., cit in Marçal, 2004) este é um meio bastante usual de autoconhecimento e conhecimento do mundo em redor.
Assim podemos deduzir que a comunicação verbal auditiva e a auto-observação, se tornam fundamentais para gerar autoconhecimento, em sociedade, o que dá ao autoconhecimento um contorno largamente social uma vez que é gerado em comunidade (Marçal, 2004).
Conclusão
Podemos dizer, de grosso modo, que o autoconhecimento está diretamente associado ao nosso comportamento, observado através da comunicação, principalmente da comunicação verbal, que é a mais comum entre os humanos. A partir desta podemos comunicar-nos, conhecermo-nos e conhecermos os outros, o que se traduz na vida em sociedade.
Verifica-se que a principal diferença entre o autoconhecimento e o conhecimento do outro é que o conhecimento que temos acerca de nós mesmos inclui os nossos pensamentos, sentimentos, imagens, etc. No caso do conhecimento do outro, temos apenas acesso ao que se pode observar ao nível exterior.
References:
- Brandernburg, Olivia Justen, & Weber, Lidia Natalia Dobrianskyi. (2005). Autoconhecimento e liberdade no behaviorismo radical. PSICO-USF, n.10, n.1, p. 87-92, jan./jun. 2005;
- Marçal, João Vicente de. (2004). O auto-conhecimento no behaviorismo radical de Skinnr, na filosofia de Gilbert Ryle e suas diferenças com a filosofia tradicional apoiada no senso comum. Universidade de Ciências da Saúde, Brasília, v.2, n.1, p.1-151, jan/jun. 2004. Recuperado em 04 de outubro de 2016 de publicacoesacademicas.uniceub.br/index.php/cienciasaude/article/…/526/347