Conceito de Ambivalência
A ambivalência em psicologia clínica diz respeito ao modo como o indivíduo, consciente ou inconscientemente, apresenta pensamentos, sentimentos e comportamentos que tendem a ser divergentes relativamente a uma situação específica (e.g. isolar-se socialmente ou não se isolar) e que se repercutem numa escolha quanto à mudança ou, por outro lado, na manutenção de uma determinada resposta ou comportamento.
Conceptualização e abordagem psicoterapêutica
Frequentemente, a ambivalência na escolha e consequente tomada de decisão não é percebida como tal, isto é, o indivíduo não apresenta consciência desta dualidade, assim como da necessidade de escolher em prol do seu bem-estar psicológico.
Neste sentido, o trabalho clínico consiste justamente na promoção da consciência do indivíduo no sentido de possibilitar uma tomada de decisão ponderada quanto à mudança ou manutenção de um determinado comportamento, que concretamente se verifica pela escolha de uma acção ao invés de outra (e.g. manter-se isolado socialmente – não mudar; iniciar movimentos de participação e convívio social – mudar).
A ponderação desta escolha exige assim a comunicação (pensamentos e sentimentos) das partes divergentes, no sentido de chegar aquelas que são as necessidades do indivíduo e como estas podem ser respondidas.
A existência de ambivalência pode ser percebida como um estádio de contemplação, em que o indivíduo tende a apresentar duas motivações à partida percebidas como incompatíveis, num movimento de procura e simultâneo evitamento (mudar e não mudar), sendo necessário trabalhar as vantagens e desvantagens de cada escolha ou tendência de acção (vantagens e desvantagens de mudar; vantagens e desvantagens de não mudar), assim como os significados e emoções associadas a cada opção (e.g. O que significa para o indivíduo mudar ou não mudar? Que emoções suscita cada uma das opções de decisão?).
Palavras-chave: ambivalência; processo psicoterapêutico; estádios de mudança
References:
Engle, D., & Arkowitz, H. (2006). Ambivalence in Psychotherapy. Facilitating readiness to change. New York: The Guilford Press.