Uma breve descrição do pensamento filosófico do pré-socrático Heráclito.
Heráclito de Éfeso foi um filósofo que viveu proximamente por volta de 500 a.C.. Embora seja um dos filósofos pré-socráticos mais famosos ainda é conhecido como “O obscuro” devido a dificuldade de interpretação de seu pensamento. Como filósofo da escola jônica (primeira escola naturalista oriunda da Ásia Menor) buscava a substância única, o princípio do mundo natural, a arché. Os jônicos consideravam que essa substância primeira era um elemento único; julgavam ser este imanente e força ativa da natureza. Seria a partir desse elemento que todos os outros surgiriam.
Dentre os pré-socráticos da escola Jônica encontramos os antigos e os posteriores. Os antigos partiam da ideia de que o universo surgiu de um ponto estático e procuraram determinar a matéria primitiva de que são compostos todas os seres. Os jônicos posteriores, por sua vez, partindo de estudos cosmológicos entenderam o cosmo como algo dinâmico. Por isso vão buscar compreender a questão do movimento e da transformação como origem. Entre os jônicos antigos temos Tales de Mileto, Anaximandro de Mileto e Anaxímenes de Mileto. Já entre posteriores encontramos Heráclito de Éfeso e Anaxágoras de Clazômenas.
Junto ao atomistas Heráclito é um representante do mobilismo, isto é, concepção segundo a qual a realidade natural se caracteriza pelo movimento. Para ele, especificamente, todas as coisas estão em fluxo permanente. Este seria o sentido básico da frase atribuída a Heráclito: “Panta rei” (Tudo passa). Sua filosofia, entretanto, é bem mais complexar e a noção de Logos nos mostra isso. Logos aparece como princípio unificador do real e elemento básico da racionalidade do cosmo. De acordo com outro fragmento seu – “Dando ouvidos não a mim, mas ao Logos, é sábio concordar que todas as coisas são uma única coisa” – entendemos que tudo é movimento, tudo está em fluxo, mas a realidade possui uma unidade básica, uma unidade na pluralidade – o Logos. Esta unidade pode ser entendida também como a unidade dos opostos, já que para ele a realidade é marcada pelo conflito. Esse conflito, porém, não possui um caráter negativo, sendo a garantia do equilíbrio, através da equivalência e reunião dos opostos. Todo o movimento e pluralidade que daí surge, aparece na nossa experiência com as coisas, porque a natureza é a vida dos contrários, nela as diferenças se harmonizam. Simbolizando esse caráter dinâmico da realidade está o fogo. Ele é tomado como elemento primordial, pelo menos enquanto chama, energia que queima e se autoconsome. Ele demonstra a ideia de transformação, afinal todas as coisas que passam pelo fogo não permanecem as mesmas. Portanto, para Heráclito, a vida é luta, é combate que opõe o uno ao múltiplo e o múltiplo ao uno. É nesse sentido que a identidade passa pela diferença e a diferença se encontra na identidade.
O fragmento, talvez, mais famoso de Heráclito é do rio: “Não podemos banhar-nos duas vezes no mesmo rio.” Este fragmento sintetiza a ideia de realidade em movimento, simbolizada pelo rio que representa o fluxo permanente das coisas que passam.
Sobre Pré-socráticos ver também:
References:
MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da Filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. 2°ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.
MEIER, Celito. Filosofia: por uma inteligência da complexidade. 1°ed. Belo Horizonte: Pax editora, 2010.