Otaku é um termo japonês que define a subcultura das pessoas que têm algum tipo de interesse obsessivo, geralmente associado ao consumo de animação(anime) e banda desenhada japonesa(manga). O termo começou a ser usado no inicio da década de 1980 como estudo das mudanças no plano social dos estudantes e a resignação destes indivíduos em serem colocados de parte da sociedade em que se inseriam. O termo ganhou uma conotação negativa, mas mais recentemente começou a ter maior aceitação com diversas pessoas a assumirem-se como Otaku.
Os otaku são por norma também colecionadores.
Otaku como subcultura
O nascimento desta subcultura coincide com a explosão da animação japonesa que ganhou especial impulso na década de 1980 e 1990. Com o tempo a definição de Otaku tornou-se mais complexa pois também começou a estar ligada a outro tipo de entretenimento. Assim um Otaku passou a ser toda e qualquer pessoa que tivesse algum tipo de obsessão particular seja por desenhos animados, banda desenhada, videojogos, brinquedos ou até mesmo bandas de música. Embora seja um termo ambíguo a sua definição foi moldada pelos media e a percepção cultural de cada pessoa ao longo dos anos.
Desde a criação de produtos de entretenimento que as pessoas ganharam interesses distintos. As historias dinâmicas dos manga de autores como Osamu Tezuka, Akira Toriyama ou Eiichiro Oda são povoadas de personagens apelativas e narrativas fortes capazes de criar uma base de fãs apaixonados pela obra destes e outros autores. O crescimento económico dos anos de 1990 foi particularmente forte no consumo deste tipo de entretenimento que já vinha com uma base estabelecida de anos anteriores e sagas da década de 1980 como Space Battleship Yamato ou Mobile Suit Gundam. O impacto económico dos otaku é atualmente avaliado em cerca de 18 mil milhões de ienes em consumo anual.
Com a expansão da industria da manga e animação japonesa os fãs começaram a procurar formas de estabelecer contacto. Assim nasceram as convenções, clubes de fãs e eventos sociais baseados nestes universos fictícios. Os interesses eram partilhados, mas a comunidade em si não tinha um nome que os definisse. Assim de forma natural nasceu o termo otaku, que foi posteriormente popularizado pelo escritor Nakamori Akio num artigo escrito para a revista Manga Burikko de 1983, que criticava o comportamento das pessoas que frequentavam as convenções de anime e manga.
Conotação negativa do termo
Mas foi em 1989 que o termo se catapultou para o conhecimento do público em geral. Nesse mesmo ano um homem chamado Tsutomu Miyazaki assassinou quatro adolescentes na região de Saitama. A forma como matou as suas vítimas levaram-no à condenação por actos de canibalismo, necrofilia e vampirismo, ao ponto de preservar partes dos corpos das suas vítimas como troféus. Acontece que a cobertura da imprensa focou toda a sua atenção no facto de este ter uma grande colecção relacionada com anime e manga japoneses.
As noticias descreveram Tsutomu Miyazaki não apenas como um assassino em série, mas também como otaku o que veio a distorcer o conceito original do termo e levou a opinião publica a assumir que este não conseguia distinguir a realidade da ficção devido à sua obsessão por anime e manga. A sua participação em convenções do género e colaboração com revistas dedicadas à cultura pop reforçaram o rótulo com que viria a ser marcado e também criaram uma conotação negativa para o termo “otaku”. Assim aos olhos dos media os otaku passaram a ser um problema social e Miyazaki foi eternizado com a alcunha de “O Assassino Otaku”.
Gerou-se então um estereótipo que considerava os otaku pessoas anti-sociais que se fechavam nos seus universos fictícios. Os meios de distribuição destes conteúdos através da televisão, computadores e internet reforçavam esta percepção anti-social. No entanto a atualidade demonstra uma realidade diferente. A componente de interacção social dos otaku existe dentro da sua própria cultura. A quantidade de eventos e comunidades dedicadas, assim como a mistura de géneros, visto não ser um termo associado apenas a homens ou mulheres, faz com que na realidade exista bastante interacção social entre as pessoas que se definem como otaku. Esta colectividade informal levou a que a sociedade começa-se a olhar para influência otaku de outra forma particularmente após 2010.
A sociedade japonesa começou a encorajar as crianças a criar com os seus produtos de eleição. O universo de Pokémon é muito popular entre os mais novos e permite-se que as crianças vejam esse conteúdo não apenas como consumo, mas como forma de trabalharem a sua criatividade pensando em formas diferentes de explorar esse universo. Isto deu origem mais tarde a trabalhos criados por fãs derivados de obras oficiais. Criando inclusive um tipo de historias não oficias que exploram o universo original de forma completamente diferente. Assim a cultura otaku começou a definir as suas próprias tendências que por sua vez influenciam os criadores. O otaku passam a fazer parte de uma esfera criativa ao invés de se manterem como meros espectadores do produto oficial.