Vírus da Gripe A – H1N1

O que é o Vírus da Gripe A – H1N1: características e composição, nomenclatura atribuída pela OMC, Ciclo de Transmissão…

O que é o Vírus da Gripe A – H1N1

Vírus da Gripe A – H1N1 é o agente causador da Gripe A, que em 2009 se tornou pandémica, infetando milhões de pessoas em todo o mundo. O H1N1 pertence à família Orthomyxoviridae, ao género Influenzavirus A e a espécie Influenza A. Este tipo de vírus possui estrutura icosaédrica (forma esférica), com aproximadamente 80-120 nm de diâmetro e é constituído por nucleocápside e invólucro:

Nucleocápside – em forma de mola com simetria helicoidal, constituída por RNA de cadeia simples fragmentado em 8 segmentos. O RNA liga-se a cápside e forma a ribonucleoproteína (antigénio solúvel fixador do complemento) que define os vários tipos de influenza (A, B ou C). Cada um dos 8 segmentos de RNA codifica apenas uma única proteína: O Fragmento 1, 2 e 3 codifica para três RNA polimerases, a PA (síntese do RNA viral), a PB1 e PB2 (síntese de RNA complementar). O Fragmento 4 codifica para a hemaglutinina (HA), possui uma forma alongada e é constituída por glicoproteínas. São muito importantes no ciclo viral uma vez que medeiam a primeira etapa do ciclo (a adsorção), combinam-se com os receptores celulares glicoproteicos e deste modo possuem capacidade antigénica. A hemaglutinina só é infecciosa após clivagem com proteases celulares existente no tracto respiratório, a clivagem é essencial para que o invólucro viral se funda com a membrana celular (mecanismo de penetração). O Fragmento 5 codifica para a nucleoproteína viral (NP). O Fragmento 6 codifica para a neuraminidase (NA), com capacidade antigénica, são constituídos por glicopéptidos e forma característica de cogumelo. Tem uma importante função no fim do ciclo multiplicativo, facilitando a libertação das novas partículas víricas formadas. O Fragmento 7 codifica para a proteína M, conjunto de três fracções (M, M1 e M2) tem capacidade antigénica e é específica do tipo de influenza. Parece intervir na maturação e libertação dos viriões das células infectadas. A fracção M1 é importante na morfogénese da partícula e representa cerca de 40% da proteína viral. A proteína M1 pode modificar a bicamada lipídica dos vírus concedendo-lhes uma maior espessura. O Fragmento 8 codifica para as proteínas não estruturais (NS).

Invólucro – de constituição glúcido-lípido-proteica, contém espículas glicoproteicas (projecções superficiais do vírus, com 10 nm de comprimento) e são de dois tipos: as hemaglutininas e as neuraminidases. O invólucro é adquirido pelo vírus aquando da passagem da nucleocápside através da membrana celular. A parte mais interna do invólucro conte a proteína M.

Nomenclatura para o vírus da Influenza pela World Health Organization (WHO):

H1N1

Como existem diversas estirpes de vírus de influenza, a Organização Mundial de Saúde desenvolveu um sistema de nomenclatura para estes vírus. O sistema está ilustrado com um exemplo de vírus da gripe sazonal onde primeiramente está referido o tipo de influenza (tipo A, B ou C, sendo que os tipos A e B são os mais importantes, pois o tipo C é mais estável, estando menos sujeito a mutações), a localização geográfica onde o vírus foi isolado ou identificado pela primeira vez, de seguida refere-se o número do isolado, o ano do isolamento e por fim o subtipo específico HA e o NA (no caso da influenza A, pois o vírus influenza tipo B não tem subtipos). Atribui-se a designação de subtipos na influenza A porque no decurso da evolução dos vírus nos hospedeiros animais (são provavelmente os hospedeiros mais naturais) evoluiu para diversos HAS e NAS que apresentam antigénios distintos. Os subtipos são numerados por virologistas, desde H1 até H15 para a hemaglutinina (sendo que das estirpes humanas apenas foram isolados 3 subtipos, de H1 a H3) e desde N1 até N9 para a neuraminidase (dos quais apenas N1 e N2 foram isolados do Homem). Existe uma grande variedade de vírus de influenza porque é um vírus com genoma de RNA com uma elevada taxa de mutação.

O tipo A é o melhor caracterizado e epidemiologicamente mais importante, e possui várias estirpes que tanto podem infectar os seres humanos como também podem ser específicas para outros tipos de animais.

Ciclo de Transmissão

Porta Entrada – Aparelho respiratório.

Vias de Contágio – Vias aéreas, o indivíduo infectado pode transmitir o vírus através de tosse, espirros, partículas de saliva, contacto directo ou seja, através das mãos, ou contacto indirecto, isto é através de superfícies contaminadas (o vírus permanece activo num período de tempo aproximadamente 8-10 horas).

Período de Incubação – Geralmente 2 dias (varia entre 1 a 5 dias) – período entre a infecção e o aparecimento de sintomas.

Período de Contágio – Entre 1 a 2 dias antes do inicio dos sintomas e 7 dias depois.

Ciclo Viral – O vírus liga-se à superfície da célula hospedeira através da hemaglutinina, entra na célula e inicia a replicação usando o material celular. Os viriões recém-formados saem da célula e são libertados com o auxilio da neuraminidase viral, permitindo que o ciclo infeccioso continue.

Áreas afectadas – tracto respiratório (nariz, seios nasais, garganta, pulmões e ouvidos).

Evolução do vírus Influenza A

Ao longo do tempo, o vírus da influenza do tipo A tem vindo a sofrer variações antigénicas nos seus principais receptores (hemaglutinina e neuraminidase). Estas mutações estão relacionadas com o aparecimento de epidemias e pandemias, que geralmente ocorrem em intervalos de tempo entre 10 a 40 anos emergindo assim um novo subtipo de vírus para o qual a população não está protegida. Estas mutações podem ser de dois tipos:

Mutações drift – Pequenas variações nucleotídicas que resultam em diferenças bioquímicas nas proteínas (HA e NA) podendo alterar assim zonas da sua estrutura, ou seja, as mutações que ocorrem não são suficientes para alterarem o subtipo da proteína receptora (HA ou NA). – Causa epidemias locais.

Mutações shift – Variações profundas de onde resultam vírus antigenicamente diferentes, ou seja, são mutações capazes de alterar o subtipo da proteína receptora (HA ou NA). – Causam pandemias.

A linhagem da pandemia surgida em 2009 resultou da mistura entre três vírus que infectavam espécies animais diferentes. Iniciou-se, com a recombinação de dois vírus distintos, utilizando como hospedeiro espécies suínas. Esta recombinação consiste no rearranjo dos 8 fragmentos que formam o genoma de cada vírus. Esta interacção ocorreu numa primeira fase, entre os vírus H1N1 das aves e o H1N1 dos porcos. De seguida esta mistura sofreu nova recombinação com o vírus H3N2 que infecta os seres humanos (gripe sazonal). Surgindo a Gripe A – H1N1 capaz de infectar seres humanos.

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References:

  • Ferreira, W. F., Sousa, J. C. (2002) Microbiologia Volume 3. Lidel. pp: 247-257
  • Smith, G. J., et all. (2009) Origins and evolutionary genomics of the 2009 swine-origin H1N1 influenza A epidemic. Nature. 459: 1122-1126
  • http://www.proteccaocivil.pt
  • http://www.dgs.pt
  • http://www.roche.pt
  • http://www.who.int
  • http://www.portaldasaude.pt
  • http://www.cdc.gov
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