Conceito
O vilancico foi um género poético-musical genuinamente ibérico, popular e largamente difundido em toda a Península entre os séculos XV e XVIII. Inicialmente uma forma profana, assumiu depois um carácter sacro-profano, quando começou a entrar nas igrejas, e acabou por se tornar religioso.
O carácter do vilancico
Inicialmente, o vilancico era uma canção formada de pequenos textos poéticos, os vilancetes, de carácter estritamente popular e profano. Era musicado com melodias simples, e cantado em ocasiões festivas, como as romarias, ou para animar os serões na corte ou nos palácios.
Devido à sua simplicidade e popularidade, a Igreja começou a aproveitar a o género durante o século XV, “os autos religiosos, primeiro fora e, depois, dentro dos templos e toma lugar nos actos litúrgicos durante a reza das Matinas, apesar da grande oposição da Igreja conservadora” (Bessa, 2003, p. 49). Em meados do século XVI, a Igreja converteu-o num género musical sacro-profano. O vilancico continuou, assim, a ser muito solicitado tanto para atos litúrgicos como para festas profanas.
Durante o Renascimento, o vilancico tornou-se mais expressivo com os textos a adquirir uma carga emocional mais elevada. Com a aproximação do século XVII, tornou-se num género para ser ouvido e visto como um espectáculo e não destinado à participação activa da assembleia dos fiéis nos serviços litúrgicos. A estrutura poética renascentista sofreu também alterações ao tornar-se mais longa. No entanto, embora a música se condicionasse à forma literária e ao conteúdo do texto, a verdade é que, por contraste, a música era já de qualidade superior, muito próxima à cantata barroca à maneira italiana.
References:
Bessa, R. (2003). Vilancicos portugueses do século XIV ao XVIII. Em https://cipem.files.wordpress.com/2007/01/05-2003-5-vilancicos-portugueses-do-sc3a9culo-xiv-ao-xviii1.pdf