Os Talking Heads foram uma banda rock norte-americana com forte presença artística nos finais dos anos setenta e oitenta. Ajudaram a inovar o género de música New Wave, mediante a inserção de elementos mais experimentais, apresentando fortes influências do Punk Rock, Art Rock e Funk.
No começo das suas carreiras, os Talking Heads demonstravam uma bravura e energia frenética nas suas músicas, acompanhadas de uma emoção descompensada e um minimalismo deliberado. À altura do seu último lançamento, sensivelmente onze anos após o primeiro álbum, a banda contava com um currículo que abrangia géneros como o Art-Funk a ritmos mundiais polirrítmicos, cruzando melodias mais simples e populares. Entre o seu primeiro álbum em 1977 e o seu último em 1988, os Talking Heads tornaram-se uma das bandas mais aclamadas pela crítica no decorrer da década de oitenta, ao mesmo tempo que conseguiriam juntar vários hits populares ao seu currículo. Embora parte das suas músicas sejam consideradas, por vezes, demasiado experimentais, complexas e construídas para um público menos comercial, os Talking Heads foram um dos representantes por excelência de música de qualidade e artística.
Começo da banda
Os Talking Heads eram inicialmente compostos pelo vocalista e guitarrista David Byrne, pelo baterista Chris Frantz, e pela baixista Tina Weymouth. Todos eles conhecer-se-iam na Escola de Design de Rhode Island no início dos anos setenta onde frequentavam enquanto alunos de arte. Os três decidiriam mudar-se para Nova Iorque no ano de 1974 com o objectivo de construir o seu projecto musical. Imediatamente no ano subsequente, os já formados Talking Heads, conseguiriam um lugar de abertura num concerto dos Ramones. Em 1976, o teclista Jerry Harrison seria adicionado à banda, perfazendo a composição da banda que iria durar até o seu desmembramento.
Discografia
Em 1977 a banda assinaria um contracto com a Sire Records e lançaria o seu primeiro álbum, “Talking Heads: 77”. O primeiro álbum da banda acabaria mesmo por ter uma boa recepção por parte da massa crítica que o caracterizou como um rock & roll mais puro e cru, enaltecendo o papel de David Byrne devido às suas letras intelectuais e ao seu timbre de voz mais desconcertante e brusco, visível em músicas como “Psycho Killer”.
Em 1978 lançariam o seu segundo álbum, “More Songs About Buildings and Food”. Na feitura deste álbum, os Talking Heads teriam a oportunidade de trabalhar com o célebre produtor Brian Eno. Com o seu apoio, conseguiriam aprimorar a produção das suas músicas, construindo melodias estruturalmente mais detalhadas, inserindo detalhes mais experimentais, apostando igualmente numa combinação de instrumentos acústicos e eléctricos, ao mesmo tempo que atingiam uma veia mais funk.
Brian Eno seria novamente o produtor do álbum seguinte dos Talking Heads, “Fear of Music”. A partir deste álbum, a banda começaria a investir mais na sua secção rítmica, e desenvolvimento de percussões inovadoras e mais atrevidas, adicionando às suas melodias influências africanas polirrítmicas.
Estas novas influências teriam o seu apogeu máximo naquele que é considerado o álbum de eleição da banda, “Remain In Light” de 1980. De novo produzido por Brian Eno, o alinhamento da banda contaria com muitos mais participantes e colaboradores, desde a secção de percussão a instrumentos de sopro, com o objectivo de desenvolver e estender um cenário com influências mais africanas, ritmos funk, sintetizadores, elementos electrónicos, ao mesmo tempo que se construíam melodias pop.
Após uma tour mundial bem longa, os elementos da banda concentrar-se-iam nos seus projectos a solo no decorrer dos dois anos seguintes. Aquando do lançamento do seu quinto álbum, “Speaking In Tongues”, a banda havia já rompido a sua ligação com Brian Eno. Tal ruptura sentiu-se, em particular na tonalidade do álbum. Apesar do mesmo apostar fortemente na inovação rítmica, a banda apresentava uma tonalidade mais rígida e mais comprometida com estruturas tradicionalmente sequenciais e pop. No entanto, o álbum apresentaria o maiore êxito comercial da banda com «Burning Down The House».
Após o lançamento de “Speaking In Tongues”, de novo os Talking Heads embarcariam numa tour mundial extensa. Inclusive, um dos concertos da banda seria filmado pelo realizador Jonathan Demme, e daria vida a um dos primeiros concertos-filme de sempre, “Stop Making Sense”.
Em 1985 “Little Creatures” seria apresentado ao público. No ano seguinte ao lançamento do álbum, David Byrne realizaria o seu primeiro filme, “True Stories”, o qual serviria de inspiração para o álbum com o mesmo nome. O mesmo seria apresentado em 1986, contendo músicas reproduzidas no filme de Byrne. Finalmente, dois anos depois, em 1988, seria lançado aquele que seria o último álbum dos Talking Heads. “Naked” seria uma tentativa da banda voltar a um som mais irreverente, investindo nas suas típicas secções polirrítmicas, mas, à semelhança dos seus dois antecessores, esbateria com uma recepção crítica e comercial pouco entusiasmada e discreta.
Após “Naked”, a banda acordaria em dar uma pausa. David Byrne continuaria com os seus próprios projectos a solo, assim como Harrison. Já Frantz e Weymouth continuariam o seu projecto musical que tinham em conjunto, Tom Tom Club.
Desmembramento e reuniões posteriores
Em 1991, um comunicado oficial da banda anunciaria que a banda havia oficialmente terminado. No entanto, em 1996, o alinhamento original, com a ausência de David Byrne, reunir-se-ia para gravar o álbum “No Talking Just Head”. Como consequência, David Byrne processaria os três elementos por tentarem gravar e actuar enquanto Talking Heads, acusando dos mesmos quererem aproveitar-se dolosamente da fama da ex-banda.
Em 1999, os quatro trabalhariam juntos para promover o décimo-quinto aniversário de “Stop Making Sense”. De igual forma, reunir-se-iam novamente para actuar em 2002 com vista a celebrar a indução da banda para o célebre Rock and Roll Hall of Fame.