Definição e origens do Pop Progressivo
O Pop Progressivo é um género musical com características bastante particulares, e é comummente entendido como uma espécie de percursor do Rock Progressivo, o seu equivalente para aquele género musical. Os dois termos apareceram quase em simultâneo no decorrer dos anos sessenta, muitas vezes conceptualmente intercambiáveis, e eram utilizados para se referir a um estilo particular de Pop ou Rock que mostrava-se ser mais complexo e personalizado do que o típico repertório de músicas que tinham tempo de antena na rádio.
As raízes do Pop Progressivo são vulgarmente apontadas para o movimento de música psicadélica que deflagrou nos anos sessenta, a qual estaria igualmente na base do surgimento do Rock Progressivo. Certos artistas desta década queriam transportar as suas músicas para além das estruturas espectáveis da massa comercial, querendo investir numa mensagem mais artística.
Um dos marcos musicais deste tipo abordagem foi o álbum “Pet Sounds” dos The Beach Boys, na medida em que continha uma série de músicas tipicamente pop, mas que apresentavam fortes influências de música clássica, ao mesmo tempo que procuravam expandir a experiência musical com arranjos mais experimentais, bem como uma produção e texturas musicais fora do habitual.
Conexão e distinção de outros géneros musicais
No Pop Progressivo há toda uma ligação entre os elementos musicais tipicamente característicos do Rock Progressivo ao próprio Pop. Ou seja, há uma inserção da virtuosidade e das estruturas musicais tipicamente mais expansivas do Rock Progressivo nas ideias mais tradicionais do pop, mesclando-se, assim, com melodias cativantes, estruturalmente mais simples e mais acessíveis. Foi desta forma que o Pop Progressivo foi originalmente conceptualizado, trazendo consigo um som substancialmente distinto do Rock Progressivo.
Tal como no Rock Progressivo, o termo “progressivo” refere-se à tentativa do género musical quebrar com as típicas fórmulas musicais. No caso do Pop Progressivo, o género tenta afastar-se das receitas estruturais musicais usualmente mais simples e curtas, com uma típica instrumentalização envolvendo guitarras, baixo, bateria e arranjos orquestrais tradicionais, patentes maioritariamente na música pop existente em meados a finais dos anos sessenta. O Pop Progressivo contrasta com este tipo de fórmula ao apresentar uma instrumentalização muito mais ecléctica, com músicas com média de duração superior aos dois minutos e meio, contendo harmonizar atípicas e pouco ortodoxas (em termos dos padrões pop) e timbres e texturas mais incomuns e experimentais.
Já quando em comparação com o Art Pop, género este que também apresenta bases muito semelhantes ao do Pop Progressivo, a diferença é que este, apesar de se focar na complexidade das composições a nível melódico e estrutural, acaba por manter uma veia mais palpável e cativante. Já o Art Pop foca a sua energia e propósito em subverter e desconstruir a sua música nas mais variadas maneiras, apresentando uma tonalidade mais experimental e abstracta.
Por sua vez, o Pop Progressivo também não deve ser confundido com outros estilos de Pop entendidos de maior difícil digestão a nível musical, tais como o Pop Experimental ou o Avant-Pop. Estes, quase à semelhança do Art Pop, surgem com estruturas musicais mais desconectadas e apostam em tipos de instrumentalizações mais cruas e experimentais.
O Pop Progressivo ficou muitas vezes balizado entre as fronteiras conceptuais do Art Rock e do Rock Progressivo, quase como uma corrente subjacente daqueles ou como um género consequente. No entanto, em projectos como o álbum “Song Cycle” de Van Dyke Parks, este artista adoptou por completo toda a premissa do Pop Progressivo, mostrando muito poucas influências do rock.
Em meados de 1970 a noção de “música progressiva pop” era já encarada como algo antiquada, e seria, popularmente substituída pelos movimentos de Rock Progressivo e de Art Rock. No entanto, e já no final da década de setenta, uma série de artistas antes associados ao Rock Progressivo trataria de reviver o género, como foi o caso de artistas como os Eletric Light Orchestra com a sua música «Mr. Blue Sky», bem como as músicas «The Logical Song» dos Supertramp, e «I Wouldn’t Want To Be Like You» dos The Alan Parsons Project.