Conceito
Os modos correspondem às escalas que dominaram a música europeia entre 400 e 1500 d.C. e que influenciaram os compositores até cerca de 1600. Estes reapareceram de tempos a tempos na obra de alguns compositores, especialmente no século XX. Ao longo desse período, o cantochão da igreja, inteiramente modal, continuou a habituar as gerações mais novas para o efeito melódico dos modos, explicando-se talvez deste modo o uso genérico da expressão “modos eclesiásticos”, que está, na verdade, errada.
O material musical disponível na época em que os modos foram aceites era o equivalente às teclas brancas dos nossos piano, cujas notas foram (com ligeiras diferenças de tom) a escala cientificamente estabelecida no século IV a.C. por Pitágoras e pelos pensadores gregos do seu tempo. Por isso, a Grécia Antiga é, na realidade, a mãe de toda a teoria musical e os modos, gregos e não eclesiásticos, foram uma parte fundamental do desenvolvimento da música no Ocidente.
Na Grécia Antiga, os sons eram organizados diversamente de região para região, consoante as tradições estéticas e culturais de cada uma delas. Deste modo, cada uma das regiões originou um modo muito próprio, que adaptou a denominação da região. Por exemplo, o modo dórico provém da região da Dória, o modo frígio, da região da Frígia, etc.
Os modos gregos, originais, são uma espécie de inversão da escala maior. Se tocarmos a escala de dó maior a partir da nota dó, surge o módio jónio, que nada mais é do que a própria escala natural no seu estado fundamental (meios-tons entre o 3.º e 4.º e 7.º e 8.º graus); se essa mesma escala for tocada a partir do segundo grau, a nota ré, estamos perante o modo dórico, com uma nova configuração na escala (meios-tons entre o 2.º e 3.º graus e 6.º e 7.º graus); e assim sucessivamente (conferir na imagem abaixo).
A influência grega era grande na primitiva Igreja Católica, o que explica o uso dos modos no contexto litúrgico, ainda que tenham sofrido várias mudanças no decorrer dos séculos:
- No século V foram adoptados quatro modos, denominados de autênticos. Estes podem ser recriados tocando no piano escalas de oitava de notas brancas, começando em ré. A melodia tocada num dos modos e depois noutro permite a alteração significativa de alguns dos seus intervalos, e portanto, soa de um modo muito diverso, no geral, por oposição a uma melodia tocada nas actuais escalas maiores ou menores.
- No tempo do papa S.Gregório (cerca 540-604), acrescentaram-se mais quatro modos, os plagais, no fundo, novas formas dos autênticos, mas com um âmbito diverso: moviam-se da quarta inferior à quinta acima da final.
- Em 1547, um monge suiço, Henricus Glareanus, num livro chamado «Dodecachordon» propôs que deveriam existir 12 modos em vez de oito, acrescentando modos em lá e dó na forma plagal.
Actualmente, os modos são classificados como maiores e menores, de acordo com o primeiro acorde que formam no seu campo harmónico. Entre os maiores, encontramos os “originais” jónio, lídio e mixolídio. Entre os menores, os “dórico, frígio, eólio e lócrio”.
References:
Kennedy, M. (1994). Dicionário Oxford de Música. Publicações Dom Quixote.
Manual de Teoria Musical. Em http://www.lxpro.pt/img/pdf/manual%20teoria%20musical.pdf