Definição de Lo-Fi Indie
Lo-Fi Indie (também conhecido simplesmente como “Lo-Fi” ou “Slacker Rock”), teve a sua génese aquando do advento do movimento underground americano no decorrer da década de oitenta. Apresentando-se com uma aura musical extremamente crua, o Lo-Fi surge como uma versão mais ruidosa do típico Indie Rock. A origem do seu nome advém do facto de o Lo-Fi Indie empregar uma produção desmascarada e utilizar equipamento marcadamente de baixa-fidelidade (daí o uso da expressão “lo-fi”), com vista a atingir um som tipicamente mais despreocupado, imundo e, de certa forma, mais puro. Não esconde o propósito de se destoar das técnicas mais “artificiais” patentes nas produções mais ricas e exuberantes aplicadas pelos grandes estúdios contemporâneos, afastando-se , por isso, de toda a frente musical mais popular.
O trabalho de um típico artista Lo-Fi caracteriza-se por ser edificado de uma maneira mais desconstruída, elevando um alto contraste entre as suas guitarras estridentes e melodias apelativas, estas com forte influência em géneros musicais como o Power Pop e outras variantes do mesmo. O Lo-Fi é considerado um “gémeo” de um outro género musical, o Noise Pop, na medida em que este também caracteriza-se pela aplicação de uma série de camadas e texturas distorcidas às composições das músicas, à medida que toma boleia de melodias tipicamente pop, trauteáveis e apelativas, mas distinguindo-se do Lo-Fi devido à produção mais descuidada e crua deste último.
Génese
Com um despoletar paralelo a outros estilos musicais, mormente outras ramificações menos convencionais do Rock Alternativo e Indie Pop que se sentiram nos anos oitenta, tais como o Twee Pop, Jangle Pop, Noise Pop e o New Zealand Dunedin Sound, os artistas associados ao género Lo-Fi Indie baseiam a construção das suas melodias em produções deliberadamente escassas. Efectivamente, grande parte de todo o movimento Lo-Fi tinha como enfoque e ideal sobressalente a aplicação propositada de técnicas e composições de qualidade inferior, descuidadas e negligentes na sua natureza. A ideia geral por detrás do Lo-Fi Indie baseava-se em munir a música de um encanto mais rude e áspero, bem como convenientemente adaptando a música à falta de condições dos equipamentos e palcos onde a maior parte dos artistas underground actuavam. Para além destes factores, o Lo-Fi Indie veio também como resposta à falta de dinheiro e de conhecimento e prática musical da maior parte dos seus artistas.
Principais artistas do género
Atribui-se o surgimento do Lo-Fi Indie a bandas como os Beat Happening, os Tall Dwarfs ou até mesmo a Daniel Johnston, artistas que dar-se-iam a conhecer no começo dos anos oitenta. No entanto, a era dourada do Lo-Fi Indie seria mesmo no decorrer da década de noventa. Efectivamente, todo o género Lo-Fi é comummente associado a esta década, e foi aí que surgiram os artistas que mais fama deram a todo o movimento.
Uma das bandas mais conhecidas que abririam caminho à popularidade do Lo-Fi Indie seriam os relativamente conhecidos Dinosaur Jr. Com eles surgiu, igualmente, um termo intrinsecamente associado ao Lo-Fi, denominado de “slacker rock” (em português, “rock preguiçoso”). Este termo denunciava o tipo de postura despreocupada na composição e actuação destes artistas, características, como se disse, transversais à maior parte das bandas do género. Pavement, Guided By Voices, Sebadoh, Neutral Milk Hotel e Sparklehouse são apenas alguns dos exemplos deste tipo de artistas e bandas que empregavam esta atitude mais descontraída, praticamente descuidada, quer nas suas interpretações vocais, quer na escrita das letras e na sua técnica instrumental.
São inúmeras as bandas e artistas que actualmente ainda recorrem a este estilo para construírem e comporem as suas músicas. De maior notabilidade contam-se os nomes de Courtney Barnett e Mac DeMarco que apresentam fortes influências dos elementos típicos do Lo-Fi Indie dos anos noventa.
