Romantismo

O Romantismo, foi um movimento artístico, político e filosófico, que surgir nas últimas décadas do século XVIII na Europa e que durou durante grande parte do século XIX. Manifestou-se de formas bastante variadas nas diferentes expressões artísticas, mas marcou, sobretudo, a arquitectura, a literatura e a música.

Caracterizou-se por uma visão de mundo contrária ao racionalismo e ao iluminismo do Neoclássico, e buscou um nacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais na Europa.

O Romantismo surge inicialmente naquela que seria a futura Alemanha e na Inglaterra.

Na Alemanha, o Romantismo, teve uma importância fundamental para a unificação germânica com o movimento Sturm und Drang.

O romantismo surgiu graças a mudanças de mentalidade que ocorreram no final do século XVIII. O romantismo foi marcado pelo regresso ao mundo medieval e uma oposição ao classicismo grego.

A designação “romântico” foi usada pela primeira vez por volta de 1750 em Inglaterra de forma pejorativa em relação as novelas pastoris e de cavalaria. No entanto, mais tarde o sentido depreciativo foi perdido, sendo usado por Rousseau como sinónimo de pitoresco ou da uma sensação causada por uma paisagem.

Impulsionado pelos valores do Sentimento, que opunha aos da Razão, o Romantismo foi uma corrente cultural para a qual a Arte era um produto da inspiração e da genialidade que visava a Beleza como algo de divino, revelado apenas pela emoção e pela sensibilidade de cada um.

Rejeitando as frias regras académicas da arquitectura neoclássica e os princípios da ordem, da proporção, da simetria e da harmonia. Preferiu princípios mais conformes ao espírito e à mentalidade romântica como a irregularidade da estrutura espacial e volumétrica, o sentido orgânico das formas, os efeitos de luz, o movimento dos planos, o pitoresco da decoração… em resumo, características que provocassem encantamento e evasão, estimulassem a imaginação e os sentidos, convidassem ao sonho, evocando realidades diferentes, distantes ou imaginárias.

O romantismo é a arte do sonho e fantasia. Valoriza as forças criativas do indivíduo e da imaginação popular. Opõe-se à arte equilibrada dos clássicos e baseia-se na inspiração fugaz dos momentos fortes da vida subjectiva: na fé, no sonho, na paixão, na intuição, na saudade, no sentimento da natureza e na força das lendas nacionais.

O ponto fundamental da visão romântica do mundo é o sujeito, as suas paixões e os seus traços de personalidade, que comandam a criação artística. A imaginação, o sonho e a evasão; os mitos do herói e da nação; o acento na religiosidade; a consciência histórica; o culto ao folclore e à cor.

Seja na literatura de Walter Scott, Chateaubriand, Victor Hugo e Goethe, seja na música de Beethoven, Weber e Schubert ou nas diferentes representações das artes visuais, em cada país.

Na Alemanha, Caspar David Friedrich associa-se directamente às formulações dos teóricos do romantismo. Nas suas obras, representa grandes extensões de mar, montanhas e planícies cobertas de nuvens e/ou neblina que se estendem ao infinito, as rochas e picos, e o homem solitário em atitude contemplativa, compõem o imaginário do romantismo: a natureza como focus da experiência espiritual do indivíduo, a postura meditativa do sujeito, a solidão, a longa espera etc.

Em França, Eugène Delacroix é considerado um pintor romântico por excelência. A sua tela “A Liberdade Guiando o Povo” de 1830, reúne o vigor e o ideal românticos em uma obra que estrutura-se em um turbilhão de formas. Théodore Géricault, admirador de Michelangelo Buonarroti e do barroco, retoma o passado e a história em telas como “A Jangada da Medusa” de 1819.

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“A Liberdade Guiando o Povo” de 1830 ( La liberté guidant le peuple )

Em Inglaterra, os paisagistas William Turner, John Constable e William Blake, representaram nas suas obras a expressão do romantismo. Turner realiza telas de tom dramático, com forte movimento e luminosidade (Naufrágio, 1805, Mar em Tempestade,1820). As paisagens de Constable, por sua vez, tendem ao acento naturalista, ao tom poético e ao pitoresco: são ambientes acolhedores, compostos de casas, águas, nuvens etc.

Em Espanha, Goya retratava uma mitologia povoada por sonhos e pesadelos, seres deformados, tons opressivos. Senhor absoluto da caricatura do seu tempo. Trabalhou temas diversos: retrato de personalidades da corte espanhola e de pessoas do povo, os horrores da guerra, a acção incompreensível de monstros, cenas históricas e as lutas pela liberdade. As suas obras caracterizavam-se pelos extraordinários jogos de luz-e-sombra, as linhas de composição diagonais e as pinceladas “grosseiras” de forma a acentuar as situações dramáticas que representava.

Na arquitectura o romantismo defendeu, tal como nas outras artes plásticas, que deveriam ser capazes de provocar sensações, motivar estados de espírito, transmitir ideias. O romantismo representa a passagem “da forma medida” do neoclassicismo, para a forma sentida!

A arquitectura do Romantismo manifestou-se principalmente, pela forma e pela decoração na procura de uma estética própria. Deu menos importância aos aspectos técnicos ou estruturais que seguiram as tendências e os progressos da época.

São muitos os exemplos de edifícios de estética romântica que possuíram estruturas em ferro e aço, e utilizaram materiais oriundos da industrialização como o tijolo ou o vidro, embora a sua predilecção fosse para os materiais naturais.

A arquitectura romântica conjugava, de igual forma, critérios de resistência, eficácia e funcionalismo. Mas com uma preferência pela:

  • Irregularidades nas estruturas espaciais e volumétricas;
  • Preferência pelas geometrias mais complexas e pelas formas curvas;
  • Efeitos de luz;
  • Movimentos dos planos;
  • Pitoresco de decoração (tudo o quer pode ser pintado ou representado em imagem).

Em Portugal a arquitectura romântica chegou por um estrangeiro casado com a Rainha de Portugal, D. Maria II, Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha, um príncipe alemão amigo do Barão de Eschwege, um arquitecto que trabalhava há muito para a família real e que o ajudou na primeira grande obra desse estilo: o Palácio da Pena.

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Palácio da Pena, Sintra – Portugal

O Palácio do Buçaco é um revivalismo de duas construções portuguesas que simbolizam o Manuelino: a Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerónimos. O corpo central é uma réplica da Torre de Belém e a arcada do claustro é uma réplica do Mosteiro dos Jerónimos. No decurso do palácio existem ainda várias alusões decorativas ao Convento de Cristo em Tomar.

O Palácio da Regaleira é considerado uma construção ecléctica, pois utiliza revivalismos góticos, manuelinos, renascentistas e românicos. Assim como o Santuário de Santa Luzia que revive o estilo românico, bizantino e gótico.

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References:

CLARK, Kenneth. La rebelión romántica: el arte romántico frente al clásico. Alianza, 1990

FRANÇA, José Augusto. O romantismo em Portugal: Os anos de razão – Volumen 3 de O romantismo em Portugal: estudo de factos socioculturais. Livros Horizonte, 1974

MIGUEL-PUEYO, Carlos. El color del romanticismo: en busca de un arte total. Peter Lang, 2009

PRECKLER. Ana María. Historia del arte universal de los siglos XIX y XX – Volumen 1. Editorial Complutense, 2003

SÁNCHEZ, Domingo Hernández. La ironía estética. Estética romántica y arte moderno – Volumen 24.  Universidad de Salamanca, 2002

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