Conto (s.m) – género literário; narrativa em forma de prosa; obra de ficção; história com personagens encantadas ou maravilhosas; obra curta, sucinta, concisa, clara e objetiva, podendo aproximar-se da poesia assim como da crónica.
Constituído por um narrador, personagens fantasiosas e enredo é, por norma, mais curto do que o romance e a novela e, portanto, logo menos denso.
A narrativa é constituída por apenas um conflito, um drama e uma ação, seguindo a seguinte estrutura: Introdução (inicio da narrativa, onde são apresentados os factos iniciais); Desenvolvimento (desenvolvimento do conflito, ou seja, altura em que a ação se começa a desenrolar e cria expectativa no leitor); Clímax (tudo pode acontecer durante esta fase; momento de tensão); Desfecho (é aqui que acontece o final do conto, da história e onde é apresentada a solução do conflito).
Destaque ainda, para o lugar onde se desenrola a ação que é de cariz restrito, desencadeando-se, desta forma, por norma num curto espaço de tempo, sendo que a mesma se desenvolve em horas, bem como em dias. É por muitos considerado uma das mais difíceis formas de escrever prosa.
Neste tipo de texto deve ter-se em atenção as repetições, recorrendo-se, assim, à utilização de sinónimos. E ainda, o título não deve imediatamente evidenciar o que vai acontecer ao longo da história (curto e instigante). Uma outra questão será de evitar a utilização de pronomes reflexivos e de conjunções aditivas.
São características do conto: a forma (estrutura), nomeadamente a linguagem utilizada e o conteúdo (as personagens, a ação).
Existem vários tipos de contos: Contos de fadas (os mais conhecidos); Contos de encantamento (histórias repletas de metamorfoses e encantamentos); Contos maravilhosos (histórias onde o sobrenatural está presente); Contos de enigma ou mistério (presença de um enigma que irá ser desvendado ao longo da ação).
Quanto aos Contos de Fadas, integram quatros etapas: a Travessia; o Encontro; a Conquista; a Celebração.
Assim sendo, a Travessia diz respeito à passagem da personagem heróica para um lugar mágico. Por sua vez, o Encontro reflete uma presença diabólica, como uma bruxa ou uma madrasta má, personagens com características malévolas. A Conquista é a etapa em que é travada uma luta de vida ou de morte e em que a personagem malévola morrerá. A Celebração dá lugar ao casamento ou mesmo a uma reunião familiar celebrante a morte da personagem malévola e desta forma, todos poderão viver felizes para sempre.
Exemplos de alguns dos contos mais conhecidos escritos em português: Aluísio Azevedo (“O Macaco Azul”, “Pelo caminho”, “A serpente”, “Vícios”, “Músculos e Nervos”), Ana C. César (“Carta de Paris”), Artur de Azevedo (“Uma aposta”, “De cima para baixo”), Clarice Lispector (“Os laços de família”, “Os bonecos de barro”, “O primeiro beijo”, “Uma galinha”), Carlos Drummond de Andrade (“A beleza total”, “Nossa amiga”, “Presépio”), Dalton Trevisan (“Chove chuva”, “Tio Galileu”, “Grávida porém virgem”) , Dinah Silveira de Queiroz (“A moralista”), Eça de Queiroz (“Singularidades de uma rapariga loura”, “O tesouro”, “O defunto”, “A aia”, “A perfeição”, “O suave milagre”), Lygia Fagundes Telles (“A caçada”, “Então, adeus!”, “A estrutura da bolha de sabão”, “Que se chama solidão”), Fernando Sabino, Graciliano Ramos (“Um cinturão”, “Baleia”, “Um amigo em Talas”, “Primeira aventura de Alexandre”), João Antônio (“Meninão do caixote”), José J. Veiga (“Os cavalinhos de Platiplanto”), Lima Barreto (“Um Especialista”, “O filho da Gabriela”, “A nova Califórnia”, “O homem que sabia Javanês” , “Um e Outro”, “Miss” Edith e seu Tio”, “Como o Homem Chegou”, “Harakashy e as Escolas de Java”,” Cló”), Luiz Fernando Veríssimo (“Lixo”, “Paixões”), Machado de Assis (“A Cartomante”, “A Causa Secreta”, “A Igreja do Diabo”, “O Espelho”, “O Enfermeiro”, “Missa do Galo”), Monteiro Lobato (“O gato vaidoso”, “Negrinha”), Nélida Piñon, Otto Lara Resende (“Livraria de antigamente”, “Gato, gato, gato”, “Vista cansada”, “Mater dolorosa”), Raduan Nassar (“Menina a caminho”), Trindade Coelho (“A choca”), Vergílio Ferreira (“A galinha”), Victor Giudice (“Arquivo”), entre outros.