Arcadas

Originadas na Paris de 1820, as arcadas eram passagens decorativas ou passagens pedonais compreendidas entre blocos de edifícios.

Arcadas

Arcadas

Originadas na Paris de 1820, as arcadas eram passagens decorativas ou passagens pedonais compreendidas entre blocos de edifícios. Tipicamente com cobertura de vidro e suportadas por pilares ornados pelo ferro trabalhado, as arcadas tinham a função de uma rua interior, e eram um local de consumo conspícuo para os indivíduos endinheirados, e um lugar de espetáculos e maravilhas para os pobres.

Rodeada por lojas de antiguidades, estandes de concessão, e um vasto e eclético conjunto de empórios, as arcadas ofereciam ao observador uma experiência visual caótica de emblemas iluminados, objetos artísticos, e também uma cornucópia de comodidades e artefactos de todo o mundo. Em termos sociológicos, a importância das arcadas reside no seu papel de progenitora do moderno consumismo e, mais tangencialmente, como protótipo do centro comercial moderno.

O desvelar das arcadas como sítio de importância sociológica e filosófica, está intimamente associado ao trabalho do teórico literário alemão Walter Benjamin. Benjamin fascinou-se com as qualidades “míticas” das arcadas, vendo-as igualmente como “ameaçadoras” e “sedutoras”, ou seja, lugares nos quais as emoções eram estimuladas e onde as fronteiras sociais entre a vida privada e pública eram simultaneamente desafiadas e confundidas.

No seu trabalho fragmentário The Arcades Project (Das Passagen Werk), compreendeu as arcadas como metáfora que poderia facilitar o entendimento da composição e dinâmica do moderno e alto capitalismo industrial. Benjamin descreveu as lojas das arcadas como “casas de sonho”, onde tudo o que é desejável se torna numa comodidade. Para Benjamin, o constante fluxo de bens, a “iminência sensual” das exibições, as formas utópicas das novas tecnologias, e a novidade e apelo visual das modas transitórias, representavam fragmentos do “fetichismo da mercadoria”.

No entanto, ao passo que a novidade se tornava num fetiche, por outro lado a comodidade moderna é sustentada na obsolescência: o novo é fácil e inevitavelmente ultrapassado. Esta tensão é aparente quando considerado o destino das próprias arcadas. Posteriormente à “destruição criativa” do Barão George Haussman em 1860, na Paris do Segundo Império, grande parte das arcadas foram derrubadas para dar caminho aos bulevares e fachadas que caracterizam Paris hodiernamente.

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References:

Benjamin, W. (1999) The Arcades Project. Ed. R. Tiedemann. Harvard University Press, Cambridge, MA.

Buck-Morss, S. (1989) The Dialectics of Seeing: Walter Benjamin and the Arcades Project. MIT Press, Cambridge, MA.

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