Frei Luís de Sousa

Frei Luís de Sousa - Cartaz

A obra “Frei Luís de Sousa” (1843), escrita por João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett (Porto, 4 de fevereiro de 1799 – Lisboa, 9 de dezembro de 1854), trata a desgraça que recai sobre a família de D. Manuel de Sousa Coutinho e D. Madalena de Vilhena.

O drama de “Frei Luís de Sousa” tem lugar em 1599, nomeadamente, durante o domínio filipino, apesar de que, no Ato I, é referida a sociedade portuguesa, dos princípios do século XVII. Trata-se, porém, de um texto escrito no século XIX.

As referências ao tempo da História surgem através: da indicação dos vinte e um anos passados depois da Batalha de Alcácer-Quibir (4 de Agosto de 1578); das referências a Luís Vaz de Camões (1524?-1580), bem como a Bernardim Ribeiro (1482?-1552?) e à sua importância, alguns anos depois da sua morte; referências sociais e políticas relativamente à presença de governadores; referência à peste negra; referência à vontade de independência política.

Na obra, os pressentimentos de D. Madalena, de que a estabilidade familiar pode estar em perigo, acabam por, efetivamente, se tornar reais. Será o incêndio, no final do Ato I, que antecipará a tensão dramática. Já o clímax, é atingido no palácio, antes pertença de D. João de Portugal, onde há a possibilidade do Romeiro se identificar a Frei Jorge.

É o destino que acompanha a vida das personagens e as arrasta para a desgraça.  Bem ao estilo de Almeida Garrett, e obedecendo à lógica do teatro clássico, a trama culmina num desfecho dramático, com a morte, efetiva, de Maria e a morte para o mundo de D. Madalena e de D. Manuel.

A ação passa-se em III atos, divididos em XII cenas, sendo que o Ato I se desenrola numa “câmara antiga, ornada com todo o luxo e caprichosa elegância dos princípios do século XVII”, concretamente, no palácio de Manuel de Sousa Coutinho, em Almada. Já o Ato II, decorre “no palácio que fora de D. João de Portugal, em Almada; salão antigo, de gosto melancólico e pesado, com grandes retratos de família. Por último, o Ato III passa-se na “parte baixa do palácio de D. João de Portugal”, nomeadamente na capela.

Vários são os elementos  detentores de simbolismo, que vão surgindo, pressagiando o desenrolar da ação. São exemplos: o facto dos principais momentos terem lugar  à sexta-feira ( D. Madalena casou-se pela primeira vez, numa sexta feira; viu Manuel de Sousa Coutinho numa sexta-feira;  D. João de Portugal regressa numa sexta-feira, entre outros); os versos d´”Os Lusíadas” de Luís Vaz de Camões dizem respeito a Inês de Castro que como D. Madalena vivia uma época de felicidade, quando a desgraça recaiu sobre a família; a numerologia é, igualmente, recorrente. Quanto ao número 7: D. Madalena casou 7 anos depois do desaparecimento de D. João de Portugal, na Batalha de Alcácer Quibir. O 7 é um número relacionado com o ciclo lunar, bem como com o ciclo vital e está intimamente ligado ao destino e à fatalidade. Quanto ao número 14, D. Madalena vive há 14 anos com D. Manuel. No que diz respeito ao 13, Maria vive apenas 13 anos. Um número que indica azar, na crença popular, com influências negativas, representando limites naturais.

Também, os retratos que aparecem, estão carregados de simbolismo: o retrato de D. Sebastião (símbolo do sebastianismo), o retrato de Camões (símbolo do nacionalismo), o retrato de D. João de Portugal (símbolo associado, igualmente, à destruição, do retrato de D. Manuel Sousa Coutinho).

A obra, considerada um clássico da Literatura Portuguesa, começou por ser no início apenas lida a um grupo restrito de amigos do autor, destacando-se Herculano. A primeira representação em teatro, teria lugar na Quinta do Pinheiro, no ano de 1843, desempenhando Almeida Garrett o papel de Telmo. Em 1847, a estreia pública decorreria no Teatro do Salitre. Já a peça na íntegra, seria apresentada no Teatro Nacional, corria o ano de 1850.

 

 

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References:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Frei_Lu%C3%ADs_de_Sousa_(pe%C3%A7a_teatral)

https://www.infopedia.pt/$frei-luis-de-sousa-(obra)

 

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