Empédocles de Agrigento, Filosofia Pré-socrática

Uma breve apresentação do pensamento filosófico do pré-socrático Empédocles.

Empédocles de Agrigento nasceu entre 450 e 490 a. C. em Agrigento, uma das mais belas e grandes cidades da Grande Grécia. Ele faz parte da segunda fase do pensamento pré-socrático, denominado Pluralista. Essa fase inclui também a escola atomista com Leucipo de Abdera e Demócrito de Abdera, além de Anaxágoras de Clazômena. Tem-se notícias de duas obras de autoria de Empédocles – Da Natureza(ou das Origens) e Purificações -, mas apenas conhecemos fragmentos das mesmas.

Empédocles era médico, razão que explica em parte o teor de seu pensamento. Em um de seus fragmentos ele aborda a questão do conhecimento valorizando a experiência sensível, considerando os cinco sentidos como via de acesso ao pensamento. Como outros pré-socráticos, também buscou o elemento primordial que serviria de ponto de partida para todo o processo de criação dos seres naturais. Tales de Mileto indicou a água, Anaxímenes indicou ar, Heráclito pensou ser o fogo. Empédocles não privilegiou um elemento, mas admitiu conjuntamente a água, o ar, o fogo e a terra como estrutura básica da origem da vida. Esses quatro elementos são imutáveis e homogêneos, apesar de participarem de muitas combinações, nunca se modificam. Todas as coisas vem dessas quatro raízes: fogo, terra, água e ar(éter). A physis é, pois, múltipla e cada corpo contém um certo número de elementos em diferentes proporções. Os quatro elementos são porosos, o que lhes permite interpenetração, unindo e separando os seres.

Além dos quatro elementos, Empédocles também considera que a vida do mundo é comandada por uma luta implacável entre duas forças que orientam todos os fenômenos e acontecimentos no cosmo: o amor e o ódio. A atração e a divisão estão no centro do drama que rege o cosmo. Todos os elementos, os seres e as coisas são alternadamente unidos pelo amor e separados pelo ódio. No movimento circular da esfera (o ser é esférico), o ódio encontra-se, inicialmente, nos extremos limites da esfera, já que, por natureza, é centrífugo. O amor, pelo contrário, encontra-se no centro do turbilhão e tudo converge em sua direção para construir o Uno. Esse equilíbrio, entretanto, é provisório. Quando o tempo se completa, chega a vez do ódio, que separa os elementos. É assim que a vida se apresenta como a mistura dos elementos e a morte, a sua separação. Ódio e amor, de forma igual, imperecíveis como as raízes, colocam o conflito como lei do mundo.

Podemos distinguir na cosmogonia de Empédocles quatro fases ou ciclos:  inicialmente o estado perfeito do Universo equilibrado pelo amor (tudo está misturado com tudo, sem diferenciação, formando o Uno). No segundo ciclo, o próprio excesso de amor deflagra a explosão do ódio. O ódio, potência exterior, agente desintegrador, separa tudo de tudo, na total diferenciação do múltiplo. No terceiro ciclo, a força circular, centrípeta e antagônica do amor apresenta uma contra-ofensiva, recentrando as forças dispersas. O amor une os semelhantes, organiza o cosmo, e, ao vencer o ódio, começa a misturar tudo novamente.   No quarto ciclo, o ódio torna-se mais forte do que o amor. Separa os diferentes e tudo divide, até que o amor retorne e reorganize o mundo. A partir daí o mundo se organiza por etapas: astros, material geológico, depois a etapa biológica.

Essa doutrina teve grande influência em toda a Antiguidade, chegando mesmo ao Renascimento e ao início do período moderno. Esses elementos são vistos como raízes (rizomata) de todas as coisas, e de sua combinação resulta a pluralidade do mundo natural.

Sobre Pré-socráticos, ver também:

 

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References:

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria helena Pires. Filosofando. 4° Ed. São Paulo: Moderna, 2009.

JERPHAGNON, Lucien. História das grandes Filosofias. Trad. Luiz Eduardo de Lima Brandão. São Palo: Martins Fontes, 1992.

MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da Filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. 2°ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.

MEIER, Celito. Filosofia: por uma inteligência da complexidade. 1°ed. Belo Horizonte: Pax editora, 2010.

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