A praxia não verbal diz respeito a alterações no sistema estomatognático que prejudicam a capacidade de movimento da mandíbula, língua e lábios. Esta perturbação, devido aos seus contornos leva a atrasos no desenvolvimento da linguagem que podem ser verificados desde os primeiros tempos de vida.
De acordo com os trabalhos de Farias, Ávila e Vieira (2006) a praxia não verbal foi descrita, pela primeira vez, por Gengand Johnson, em 2003, como uma perturbação do foro estomatognático que compromete a coordenação não verbal entre os movimentos da mandíbula, dos lábios e da língua.
Os estudos realizados com crianças portadoras de praxia não verbal, demonstram que esta descoordenação não está ligada a problemas nos músculos orofaciais mas do sistema estomatognático (Farias, Ávila, & Vieira, 2006).
Por outro lado, através de testes e avaliação do quadro de indivíduos portadores de praxia não verbal, outros autores aperceberam-se de que a mesma, sendo originada no sistema estomatognático, prejudica os movimentos faciais e os gestos da língua e dos lábios que nos permitem a produção do discurso, e, por consequência, prejudicando este último (Farias, Ávila, & Vieira, 2006).
Pelos trabalhos de Brabo e Schiefer (2009) conseguimos perceber que, quando falamos de um quadro clínico com diagnóstico de praxia não verbal, pelo facto de as mesmas comprometerem e prejudicarem o sistema estomatognático, elas trazem consequências muito específicas associadas à capacidade do discurso. As autoras referem-se, neste contexto, a limitações no que concerne à mímica facial e à imitação de gestos através dos lábios e da língua, o que se traduz no comprometimento da capacidade articulatória oral (Brabo, &Schiefer, 2009).
Outros autores realizaram pesquisas no âmbito da praxia verbal, tendo em conta que esta também acarreta perturbações na produção da linguagem, para observar se a mesma se limita ao discurso ou se existe alguma influência deste tipo de perturbação, associado também aos sintomas da praxia não verbal, uma vez que ambas comprometem os movimentos faciais (Farias, Ávila, & Vieira, 2006).
Segundo Farias, Ávila e Vieira (2006) é preciso referir que a praxia não verbal não afeta a inteligência não verbal, o vocabulário normal, a compreensão sintática, a incapacidade ou dificuldade na produção de sequências fonológicas, ou ainda qualquer tipo de falha ou erro na emissão de sílabas das palavras.
Objetivamente, a mesma afeta, essencialmente, os lábios, a língua e os movimentos faciais que nos permitem falar e produzir sons (Farias, Ávila, & Vieira, 2006).
A praxia não verbal é ainda um tipo de perturbação que, em estudos anteriores afetava mais indivíduos do sexo feminino, no entanto, estudos longitudinais efetuados ao longo dos anos 2000, 2001, 2002 e 2004, mostrou tornar-se cada vez mais significativa no caso de indivíduos do sexo masculino (Farias, Ávila, & Vieira, 2006). De referir que o diagnóstico é feito entre os 2 e os 12 anos de idade (Brabo, &Schiefer, 2009).
Segundo Brabo e Schiefer (2009), em termos gerais, podemos verificar que a apraxia oral é observada em crianças que tipicamente obtiveram um evidente atraso no desenvolvimento da linguagem devido à dificuldade em coordenar a mandíbula, o lábios e a língua, quando estas tarefas lhe são solicitadas. De acordo com estes pressupostos as autoras entendem que a praxia não está totalmente desenvolvida desde o nascimento, no entanto, uma vez que se fala do desenvolvimento da capacidade da fala, a mesma é influenciada pela maturação cerebral e motora, e pela aprendizagem consequente (Brabo, &Schiefer, 2009).
Conclusão
Os estudos evidenciam uma clara perturbação do sistema estomaognático quando a criança apresenta sintomas de praxia não verbal, ficando com os movimentos da língua, dos lábios e da mandíbula, comprometidos. Uma vez que se trata das partes do corpo responsáveis pelo discurso, automaticamente, a capacidade de produção de fala fica afetada.
As pesquisas de campo realizadas acerca do assunto indicam ainda que o diagnóstico é feito ainda durante a infância quando a criança manifesta claro atraso no desenvolvimento da fala e afeta ambos os sexos.
References:
- Brabo, Natália Casagrande, &Schiefer, Ana Maria. (2009). Habilidades de praxia verbal e não-verbal em indivíduos gagos. Revista CEFAC, 11(4), 554-560. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-18462009000800003&script=sci_arttext&tlng=es;
- Farias, S.R., Ávila, C.R.B., & Vieira, M.M. Relationshipbetween speech, tônus and non-verbal práxis ofthestomatognathic system in preschoolers (original title: Relação entre fala, tónus e praxia não-verbal do sistema estomatognático em pré-escolares). Pró-Fono Revista de Atualização Cientifica, Barueri (SP), v18, n.3, p.267-276, set—dez. 2006.