Introdução
O termo Terceiro Mundo foi primeiramente cunhado e usado pelo demógrafo francês Alfred Sauvy, cerca de Agosto de 1952, para descrever os novos Estados-Nação, principalmente no continente Asiático e Africano, que em termos cronológicos começaram a emergir economicamente após o término da Segunda Guerra Mundial.
Exposição
Após o culminar da Segunda Guerra Mundial, os Estados-Nação multiplicaram-se alucinantemente, mormente posteriormente às mudanças políticas que possibilitaram apenas no continente Africano a independência de dezassete países em 1961. Na América Latina, apesar de subdesenvolvidos economicamente, os países do continente não estiveram envolvidos neste fenómeno social uma vez que a sua independência se encontrava há mais tempo consagrada.
Historicamente, o mundo polarizou-se em dois campos durante este episódio temporal, nos quais contracenavam as duas superpotências rivais. Contudo, grande parte dos novos Estados-Nação evitaram identificar-se com um dos pólos opostos: enquanto Estados, negaram o alinhamento no domínio da política internacional, e em termos internos, prezaram por encontrar um modo de não cederem a regimes autoritários, planeados, ou centralizados como a União Soviética, mas também à economia de mercado ocidental e ao pluralismo político.
Os Estados-Nação mais radicais defenderam o desenvolvimento de um humanismo socialista, que atraiu o interesse dos países ocidentais (que é um conceito que deriva do tiers état de França anterior à Revolução, isto é, um Estado composto por indivíduos destituídos dos privilégios característicos do clero e da nobreza).
Por volta de 1955, a Conferência Afro-asiática decorrida em Bandung, na Indonésia, trouxe ao palco os representantes da maior parte da população mundial. Para muitos políticos, sobretudo da esquerda, o movimento em causa pareceu estar num crescendo com potencial para compor um aparato político detentor de grande poder e assim alterar o centro de gravidade da força política no contexto histórico em questão.
A primeira preocupação dos novos Estados-Nação foi assegurar a liberdade das colónias remanescentes, e, principalmente, interromper o regime do Apartheid na África do Sul. Líderes radicais como Nkrumah almejaram conceber novas alternativas positivas: ultrapassar o legado do processo de balcanização do continente por intermédio da Organização da Unidade Africana. Mas a organização em questão rapidamente centrou a sua atenção no contrário: a manutenção das fronteiras dos Estados-Membro construídos pelo poder colonial. Dado o mosaico étnico que compunha (e continua a compor) estes Estados, emergiram movimentos seccionistas (como em Katanga) manipulados pelos poderes coloniais prévios. Consequentemente, explodiram os conflitos entre diversos países: um exemplo marcante foi a invasão da Tanzânia por parte do Uganda.
Não obstante, e em termos graduais, os problemas fundamentais que estes países enfrentaram e que discutiram em conferências sucessivas como no Cairo, Lusaca, Algéria, Sri Lanka, Havana, etc., caracterizaram-se pelo pesado teor económico e não político. Ou seja, enquanto produtores de bens materiais e importadores de bens de preço elevado, entraram cada vez mais em desvantagem no mercado global, adquirindo o estatuto de países subdesenvolvidos ao invés de de em desenvolvimento.
A primeira vitória obtida pelos países sem alinhamento na frente económica prendeu-se com o sucesso de setenta e sete países na obtenção do suporte da União Europeia para a realização de uma Conferência com foco no comércio e no desenvolvimento. O segundo grande avanço deu-se em 1974, quando os Estados produtores de petróleo formaram a OPEP.
Outros países (os quatro tigres asiáticos: Singapura, Hong Kong, Coreia do Sul e Taiwan) conheceram o sucesso no desenvolvimento de estratégias perfiladas por linhas capitalistas, deixando assim de serem denominados como países do Terceiro Mundo.
Conclusão
Porém, grande parte do Terceiro Mundo permanece estagnado, pelo que o conceito persistirá no comentário político na investigação prosseguida pela generalidade das ciências sociais, não obstante a crítica direccionada ao conceito por inferiorizar os países do Terceiro Mundo contrariamente aos países desenvolvidos do Primeiro Mundo. Mas se estes países se encontram subdesenvolvidos, devem ser consideradas todas as hipóteses que para tal contribuíram, principalmente o processo colonial, sem também se relegarem as causas por vezes endógenas que determinam as insuficiências económicas inerentes a certos países. Por último, prepondera um argumento que define o mundo como um único sistema, pelo que os países podem ser estatisticamente classificados consoante o nível de riqueza e pobreza, e não segundo o facto de pertencerem a este ou outro mundo.
References:
Worsley, P. (1964) The Third World, London.