O conceito de Regeneração Urbana caracteriza-se por ser um novo modo de pensar, fazer e construir cidades. Surgiu nos anos 70, nomeadamente na primeira crise petrolífera, onde até à data, tínhamos uma sociedade industrializada, desenvolvida em grandes áreas urbanas com um objetivo de atingir economias de escala; contudo, com o instalar da crise as economias ocidentais entraram em rutura deixando de conseguir competir com as economias do mundo asiático.
Como consequência, registou-se falência das indústrias localizadas nas cidades, como por exemplo, as indústrias: naval e a de bases. Para agravar a situação as indústrias deixam de ser compatíveis com as cidades, isto porque, o processo de expansão industrial tornou-se complicado devido a dois grandes motivos: a falta de espaço e os preços bastantes elevados praticados nas cidades, o que levou à deslocação de indústrias para áreas mais apetecíveis, onde as rendas e a mão-de-obra fossem mais baratas.
As cidades tornaram-se num desafio complexo para o planeamento e ordenamento do território, na medida em que apresentavam grandes áreas abandonadas, obsoletas e sem utilidade alguma. Por outro lado, as populações também começaram a revelar descontentamento face ao desenvolvimento regional, levado a cabo até à década de 70. Estes desafios nas cidades acabaram por abrir caminho para um novo tipo de planeamento, que criasse resposta à ocupação das grandes áreas e que aumentasse a qualidade de vida das populações, surge assim a Regeneração Urbana, que é um processo de planeamento abrangente, integrado, estratégico, flexível, apoiado em parcerias e sustentável.
A Regeneração Urbana é abrangente, pois no mesmo processo resolve vários problemas através diversas intervenções, sendo um processo integrado, pois retrata a área geográfica como um todo, apostando num trabalho em rede composto por uma equipa técnica de diversas formações.
A Regeneração Urbana exige sempre a participação de vários atores do território de forma ativa e necessita de criar parcerias de forma a obter financiamento de diversas fontes durante todo o processo, isto porque, o investimento não pode ser exclusivamente oriundo do setor público. É necessário então uma maior cooperação entre o setor público e privado, onde tem de haver uma grande capacidade de negociação.
É um processo estratégico, pois tem um carácter pró-ativo, no sentido, em que delimita a programação de ações com um limite temporal (curto/médio/longo prazo). Quanto à flexibilidade a Regeneração Urbana, não existe por si só, mas resulta do seu carácter estratégico e da capacidade de se alterar na estratégia anteriormente definida.
Relativamente à sustentabilidade, a Regeneração Urbana tem de ser um ato de intervir no espaço urbano e de aumentar o seu horizonte temporal de viabilidade.
A Regeneração Urbana é um processo de planeamento que faz cidade a uma escala bastante abrangente, apresenta um aparelho burocrático simplificado e ainda é um processo que não termina quando o plano acaba, mas é um processo contínuo.
Apesar do processo de Regeneração Urbana ter vantagens o mesmo transporta consigo alguns inconvenientes ou desvantagens. Antes de mais é um processo de custos muito elevados e só assenta no centro da cidade ou na cidade consolidada, não apresentando preocupação com a cidade fragmentada, dispersa ou difusa.
Por outro lado, a Regeneração Urbana torna-se quase impossível de aplicar, numa escala local, tendo em consideração que o poder local não tem capacidade de atração de investimento ou apresenta pouca capacidade de criação de legislação específica para o plano.
A Regeneração Urbana também é criticada muitas das vezes por se desconetar das questões sociais, na medida em que, são raras as intervenções em que a população residente das áreas intervencionadas não foram afastadas durante e após a conclusão do processo.
Por último, apesar das desvantagens da Regeneração Urbana, a mesma apresenta vantagens consideráveis, na medida em que é um processo de planeamento que visa recuperar áreas degradadas e abandonadas pela indústria, tentando atribuir novos usos nessas áreas de forma a aumentar a qualidade de vida das populações e ainda melhorar a imagem do território.
References:
Referências Bibliográficas:
- BRUINSMA, F. (2006). From Mixed to Multiple Land Use, Amsterdam, University of Technology.
- KAUKO, T. (2007). Policy Impact and House Price Development at the Neighborhood level – a Comparison of Four Urban Regeneration Areas using the Concept of “Artificial” Value Creation, Routledege.
- WASSENBERG, F. (2004). Renewing Stigmatised Estates in the Netherlands: a Framework for Image Renewal Strategies, Kluwer Academic Publishers