Comportamento
O comportamento é entendido como resposta dada pelo indivíduo a um estímulo, associado, frequentemente, a regras específicas.
Os estudos levados a cabo por Albuquerque e Ferreira (2001) identificavam o comportamento como a resposta dada pelo organismo a determinado estímulo, bem como, a previsão das consequências desse mesmo comportamento.
Nesse sentido, regras a cumprir, instruções, conselhos, ordens, leis, etc seriam questões que poderiam monitorizar o comportamento, de forma a poder geri-lo (Albuquerque, & Ferreira, 2001).
Algumas experiências realizadas, mais tarde, por Albuquerque, Souza e Paracampo (2004) permitiram aos autores observar a influência da implementação de regras a seguir para determinado comportamento, no sentido de compreender se o mesmo era repetido ou não, mediante a existência ou não de instruções a seguir.
Segundo as experiências de Skinner (1980, 1982, cit in Albuquerque, & Ferreira, 2001) as regras já faziam parte do leque de estímulos que permitiam ao ser humano discriminar o tipo de resposta dado, de acordo com o reforço a obter. No entanto, para que essas regras fossem seguidas, era importante que o indivíduo tivesse a capacidade de aprender com o comportamento adotado em experiências passadas (Albuquerque, & Ferreira, 2001).
Estudos que deram origem a algumas teorias salientaram, posteriormente, a ideia de que as regras são mais rápida e facilmente cumpridas se as mesmas forem seguidas do reforço em experiências passadas (Skinner, 1969, cit in Albuquerque, Souza, & Paracampo, 2004).
Os trabalhos de Albuquerque, Matos, Souza e Paracampo (2004) sugerem ainda que, quando se trata de aprender comportamentos através de regras, a resposta esperada será mais facilmente obtida se essas regras forem cumpridas não só pelo indivíduo como por aquele que as coloca nas instruções.
Os estudos revelam que, para podermos compreender a capacidade de adaptação do comportamento de um indivíduo, é necessário dar-lhe instruções acerca do tipo de conduta que deve ter para obter um reforço relacionado com uma ação correta e, posteriormente, perguntar-lhe as regras da mesma (Albuquerque, & Ferreira, 2001).
Estes estudos permitem ainda compreender que um comportamento é aprendido e repetido quando o reforço positivo associado ao mesmo se mantem da mesma forma, atribuída através das regras colocadas para esse reforço (Albuquerque, & Ferreira, 2001).
Por outro lado, se o seguimento de regras na adoção de determinado comportamento, se traduz em consequências que contradizem as regras, o mesmo pode ser abandonado (Albuquerque, & Ferreira, 2001).
Assim, dependendo do tipo de regras e dos reforços ou das consequências atribuídas à adoção de determinado comportamento, o mesmo pode ser aprendido, repetido e assimilado, ou, pelo contrário, acabar por se extinguir (Albuquerque, & Ferreira, 2001).
A partir desta teoria, Albuquerque e Ferreira (2001) compreendem que é possível obter a manipulação de um comportamento bem como prever o mesmo.
De acordo com a revisão da literatura de vários autores, podemos então perceber que o comportamento pode ser despoletado tanto através de regras como através das consequências ou ainda pela interação entre as duas situações (Albuquerque, & Ferreira, 2001; Albuquerque, Souza, & Paracampo, 2004).
De referir ainda que nem sempre é certa a repetição de um determinado comportamento a um estímulo que incorpora regras e instruções, se, aquando da introdução das regras, não houver também a introdução de um reforço para que as mesmas tenham efeito (Albuquerque, Souza, & Paracampo, 2004).
Por vezes, o comportamento instruído pode dar lugar ao comportamento espontâneo, mediante a existência ou não de reforços na procura de seguimento das regras em vigor (Albuquerque, Souza, & Paracampo, 2004).
De acordo com a variável espontaneidade, paralela à variável regra, quando se pretende compreender um comportamento aprendido, é importante perceber que o mesmo nem sempre acontece devido à existência da regra, já que, para que tal aconteça, é preciso que ele se repita independentemente das consequências disso acontecer (Albuquerque, Souza, & Paracampo, 2004).
“Para ser classificado de controlado por regras, o comportamento estabelecido por uma regra tem de ocorrer independentemente de suas consequências imediatas….”
(Albuquerque, Souza, & Paracampo, 2004, p.410).
Conclusão
O comportamento humano, é, frequentemente, aprendido através de regras implementadas para os mais variados tipos de estímulos, dentro das experiências às quais, a mesmas se associam. Na maioria das vezes, quando o comportamento é obtido desta forma, é necessário introduzir reforços que permitam ao indivíduo sentir-se bem aquando do cumprimento das regras. Por outro lado, quando obtemos uma resposta não instruída a determinado tipo de estímulo, a mesma pode acontecer, com mais frequência do que uma resposta instruída, mediante a existência ou não de reforço associado.
References:
- Albuquerque, Luíz Carlos de, & Ferreira, Karina Vasconcelos Darwish. (2001). Efeitos de Regras com Diferentes Extensões sobre o Comportamento Humano. Psicologia: Reflexão e Crítica, 2001, 14(1), pp.143-155;
- Albuquerque, Luiz Carlos de, Matos, Maria Amélia, Souza, Deisy das Graças, & Paracampo, Carla Cristina Paiva. (2004). Investigação do Controle por Regras e do Controle por Histórias de Reforço Sobre o Comportamento Humano. Psicologia: Reflexão e Crítica, 2004, 17 (3), pp. 395-412.