Introdução
Uma aliança é uma associação voluntária orientada em torno de um objetivo comum normalmente benéfico, sinonimizando com a ideia de liga, confederação e união. Dada a abrangência do fenómeno, é fácil encontrar investigações sobre alianças criadas não só entre companhias financeiras, mas também entre pacientes e terapeutas na psicoterapia. Contudo, a rigor, os estudos sobre movimentos sociais, como uma aliança étnica, pecam pela incompletude que devotam à organização desses mesmos grupos em alianças.
Aliança Étnica: Perspetivas
Nos últimos tempos, emergiram inúmeras perspetivas teóricas, e isto, graças aos esforços de aprofundamento dos estudos centrados em movimentos sociais, derivando de tal iniciativa a apresentação de ideias mais claras relativamente à compreensão de uma aliança étnica. Por exemplo, os teóricos dos movimentos sociais exploraram um número considerável de temáticas e problemáticas relativas às alianças: estudos focados nos níveis de privação (Stouffer et al. 1949; Pettigrew 1964); na solidariedade étnica (Bonacich & Modell 1980); sobre a mobilização de recursos (Tilly 1978).
As lacunas do conjunto destas teorias pós-guerra, conduziram a uma abordagem teoricamente mais difusa, sustentada primariamente em etnografias e estudos de caso de modo a ilustrarem novos pontos de vista sobre os movimentos sociais e alianças. Tal renovação do panorama teórico encontra-se em vários capítulos da obra editada por Michael Jones Correa, Governing American Cities: Interethnic Coalitions, Competitions, and Conflict (2001). Nesta coleção de estudos de caso, o que se encontra desde logo claro, é que os apelos à cor ou ao estatuto minoritário são envolvidos pela aura da insuficiência em termos de reivindicação, uma vez que se testemunha uma era submersa na proliferação dos direitos civis. Ao invés, as exigências, de modo a mobilizarem coalizações autênticas ao redor de problemas importantes entre outros interesses, devem ser apelos autênticos. Por este motivo, as coalizações biraciais podem ser impotentes: tais associações devem ser totalmente inclusivas.
Para que o potencial fruto destas investigações surja, é indispensável compreender as alianças para além do binómio clássico negro/branco, uma vez que existem múltiplas manifestações de antagonismo étnico, segregação, identidade social, e mesmo certas atitudes dirigidas ao matrimónio inter-racial (Hirschman 1986). Adicionalmente, tornou-se premente a necessidade dos movimentos sociais se expandirem para além das fronteiras nacionais, penetrando assim o palco internacional. Para os interessados no escopo da estrutura económica, política e cultural do ocidente, e a respetiva dominação global deste conjunto de amplexos, pode ser assumido que estas estruturas e respetiva dominação só podem ser efetivamente influenciadas e desafiadas por novas alianças (Waterman 2005). Dado o pouco que se sabe sobre alianças, qualquer investigador interessado nos fatores que geram a composição de alianças, será presenteado com um desafio extraordinário.
References:
Bonacich, E. & Modell, J. (1980) The Economic Basis of Ethnic Solidarity: Small Business in the Japanese American Community. University of California Press, Berkeley.
Hirschman, C. (1986) The Making of Race in Colonial Malaya: Political Economy and Racial Ideology. Sociological Forum 1(2): 330 61.
Pettigrew, T. (1964) A Profile of the American Negro. Van Nostrand, Princeton.
Stouffer, S. et al. (1949) The American Soldier. Princeton University Press, Princeton.
Tilly, C. (1978) From Mobilization to Revolution. Addison-Wesley, Reading, MA.
Waterman, P. (2005) The Old and the New: Dialectics Around the Social Forum Process. Development 48(2): 42 7.