Apresentação do Modelo
O Modelo de Análise de Crescimento/Liquidez de ERNST foi desenvolvido por Harry Ernst da consultora norte-americana Compumetrics para uma empresa que estava com problemas de tesouraria originados por uma aumento de encomendas. Os responsáveis da empresa estavam frustrados com a dificuldade em gerir o crescimento e liquidez através de demonstrações financeiras convencionais e pretendia uma demonstração que oferecesse informação clara sobre a liquidez. O modelo então desenvolvido modifica o formato padrão do balanço, permitindo uma visão mais clara das tendências na liquidez e permitindo também uma melhor gestão do cash-flow em períodos de rápido crescimento e investimento.
Como utilizar o modelo:
As instruções para utilização do modelo são as seguintes:
- Reestruturar o balanço para criar um balanço crescimento/liquidez. Para isso deverão ser combinadas as existências com activos a longo prazo na coluna do crescimento. De seguida subtrair este total do capital próprio dos accionistas (lucros retidos + capital social) de forma a exprimir a capacidade deficitária ou excedentária de investir adicionalmente em activos que geram crescimento.
- Subtrair todos os passivos de curto e longo prazo dos activos financeiros dos activos financeiros (tais como disponibilidades e dívidas a receber); daí resultará a liquidez operacional. Deverá então ser reestruturado o balanço tal como apresentado abaixo.
Crescimento | Liquidez |
Capital próprio dos accionistas | Caixa e dívidas a receber (activos financeiros) |
Menos
Existências Terrenos, edifícios e equipamento |
Menos
Passivo de curto prazo Passivo de longo prazo |
Igual
Excedente ou défice de crescimento |
Igual
Liquidez operacional |
- Analisar as tendências nos activos que geram crescimento e liquidez operacional, procurando informações sobre o estado financeiro da empresa ou para prever o comportamento futuro.
- Pode ser obtida informação adicional desenhando uma curva operacional, que representa a relação entre variações anuais na liquidez operacional e variações anuais nos activos que geram crescimento. Para isso, o balanço crescimento/liquidez deverá ser efectuado para pelo menos 5 anos. Usam-se então os totais sucessivos dos activos que geram crescimento para calcular a variação percentual anual; paralelamente calculam-se também as variações percentuais anuais na liquidez operacional. De seguida é dividida a variação percentual de cada ano quer para os activos que geram crescimento, quer para a liquidez pelo valor das vendas correspondente ao ano mais recente para os converter em vendas.
- Desenhar um gráfico com os valores do capital de investimento no eixo horizontal e os valores da liquidez no eixo vertical. Nesse gráfico, traçar uma linha de regressão de mínimos quadrados que acompanhe a tendência dos pontos representados – a inclinação desta linha reflecte a relação entre os activos que geram crescimento e a liquidez para uma determinada empresa. Por exemplo, uma inclinação de -1 indica que o passivo cresce mais depressa do que o capital próprio, não representando variações significativas nos activos financeiros.
- Encontrar o ponto onde a curva operacional intersecta uma linha horizontal que passe no ponto 0 do eixo vertical. Este ponto representa o equilíbrio operacional, isto é, o máximo crescimento sem endividamento externo. Se a empresa se encontra abaixo deste ponto na sua curva operacional, existe um espaço que terá que ser preenchido com financiamento a longo prazo. Se a empresa desce abaixo da sua curva operacional, deverá ocorrer um aumento da dívida e o investimento em activos que geram crescimento deverá descer até que a liquidez seja restaurada.
- Também é possível usar o gráfico para identificar a taxa máxima de crescimento viável com financiamento externo. Para isso deverão ser calculadas as variações anuais nos lucros retidos divididos pelas vendas. De seguida, desenhar o valor anual dos lucros retidos em relação à variação anual nos activos que geram crescimento e unir os pontos com uma linha. Depois desenhar uma linha vertical no gráfico onde as distâncias desde a linha horizontal de crescimento zero até à curva de lucros retidos e à curva operacional sejam iguais. Esta linha vertical (que representa uma recta de equilíbrio estratégico) intercepta o eixo horizontal no valor na taxa de crescimento do investimento que é consistente com a capacidade de a empresa gerar vendas e lucros. Se a empresa descer abaixo da recta de equilíbrio estratégico, provavelmente terá que compensar com uma mudança para outra direcção no futuro.
- O gráfico poderá também ser utilizado para análise estratégica, utilizando-o para efectuar comparações a concorrência. Poderá ser utilizado para avaliar, por exemplo, quais as empresas que têm sido mais agressivas em termos de crescimento e quais as que se encontram mais endividadas ou afastadas do equilíbrio estratégico.