Pedro Delgado foi um dos melhores ciclistas espanhóis dos anos 80 e inícios dos anos 90 vencendo edições da Volta a França e Volta a Espanha e alcançando várias conquistas numa época em que o ciclismo espanhol voltava a ressurgir em força no panorama internacional.
Nasceu em Segovia, na região da La Rioja, um dos melhores escaladores que o ciclismo espanhol e mundial pôde assistir. Tinha qualidades inatas para subir bem, como sempre se constatou nas camadas jovens, onde dominava nas etapas ou nas provas em terreno acidentado. Contudo, tinha uma atitude que o diferenciava da grande parte dos atletas. Era um ciclista de ataque, de antes quebrar que torcer, de aprisionar a multidão que esperava algum ataque seu. “Perico”, como é conhecido no meio ciclístico, era um ciclista que qualquer fã de ciclismo gostava. Torna-se ciclista profissional na Reynolds, estrutura que ainda existe através da Movistar de Eusebio Unzue, no ano de 1982 e com apenas 21 anos de idade. No seu ano de estreia na categoria profissional, tem algumas vitórias em provas menores e participou pela primeira vez na Volta a Espanha, ajudando Angel Arroyo a vencer a prova espanhola, ainda que depois lhe tenha sido retirada devido à utilização de doping. Vence uma etapa e a geral da Volta a Aragão em 1983 e, posteriormente, estreia-se na Volta a França isto depois da segunda participação na Volta a Espanha. Face às boas prestações que teve nas etapas pirenaicas a meio da prova, ainda chegou a ser segundo da geral, mas viria a terminar a prova em 15º. No ano seguinte continuava a progressão do talento espanhol. Na Volta a Espanha, andava pela primeira vez de camisola amarela que ainda envergou durante cinco dias. Uma queda no contra-relógio final hipotecou as chances de acabar no pódio final, já que finalizou no quarto posto, a pouco mais de dez segundos do terceiro. Muda-se para outra equipa, a Seat-Orbea, uma equipa de menor dimensão mas consegue conquistar a Volta a Espanha de 1985, tendo chegado à liderança na penúltima etapa, isto depois de ter envergado a camisola amarela por um dia depois de ter vencido a etapa com chegada aos Lagos de Covadonga. Na Volta a França desse ano vence, também, uma etapa com chegada a Luz Ardiden, nos Pirenéus, acabando a prova no 6º lugar. Em 1986, sai de Espanha para correr por uma equipa holandesa, a PDM, onde fica durante dois anos. Nesse primeiro ano, termina em décimo da geral na Volta a Espanha e abandona o Tour devido ao falecimento da mãe e no ano seguinte, termina mais uma edição da Volta a Espanha, em quarto classificado e, pela primeira vez, termina o Tour no pódio, finalizando como vice-campeão da prova e como ciclista mais combativo. Retorna a casa em 1988, voltando à estrutura da Reynolds. E não podia ter corrido da melhor forma. Finaliza a Volta a Itália nos dez primeiros e de seguida, no Tour, não dá hipóteses à concorrência, vencendo duas etapas de montanha, tal como já tinha acontecido nos últimos três anos, e vence a classificação geral da prova francesa. Partia para o ano de 1989 motivado com a conquista do ano anterior e repete o triunfo na Volta a Espanha e no Tour começa com o pé esquerdo, ficando no último lugar do Prólogo devido a um problema na partida. Recuperou e bem do descuido inicial, ficando no último lugar do pódio numa das edições da prova mais emocionantes de sempre, em que Lemond retirou a liderança da prova na última etapa por 8 segundos. Em 1990, Pedro Delgado repartia liderança com Miguel Indurain, jovem que já começava a despontar dentro da equipa mas, ainda assim, conseguiu resultados de relevo. Terminou como vice-campeão da Volta a Espanha e, novamente, quarto classificado no Tour. No ano de 1991, é o primeiro ano de Miguel Indurain como vencedor da Volta a França e, por isso, Delgado virou gregário de Indurain durante a prova e finalizou, ainda, nos dez primeiros da geral. No seu regresso à prova predilecta, a Volta a Espanha, acaba no terceiro posto da geral, vencendo uma etapa de chegada em alto, nos Lagos de Covadonga. Participa na Volta a França para ajudar Indurain a conquistar a sua segunda Volta a França, onde o segoviano termina no sexto posto da geral. O ano de 1993 significou o início do fim da carreira do atleta, com uma lesão que o privou de estar presente em óptimas condições na Vuelta, conseguindo ir à Volta a França, onde participou pela última vez, com mais um posicionamento dentro dos dez primeiros da geral. No seu último ano de carreira enquanto ciclista, finalizou mais uma edição da Vuelta no terceiro lugar. Desde então, colabora na Televisão Pública Espanhola, nos comentários das provas de ciclismo que a emissora transmite.