Cursos Internacionais de Verão
A cidade de Darmstadt, na Alemanha, possui uma forte tradição musical que data ao século XVII. A sua actividade operática foi especialmente importante durante o período do grão-duque Luís I (1790-1830), quando Vogler era o compositor da corte. Mais tarde, Rinck foi organista durante 41 anos.
No entanto, Darmstadt é particularmente reconhecida pela sua associação ao desenvolvimento da música contemporânea, já no século XX, com a constituição dos Cursos Internacionais de Verão para a Nova Música, em 1946, por Wolfgang Steinecke, que os dirigiu todos os anos até à sua morte, em 1961. Depois de Steincke, os cursos estiveram à responsabilidade de Ernst Thomas (1962-1981), Friedrich Ferdinand Hommel (1981-1994), Solf Schaefer (1995-2009) e Thomas Schäfer, até à presente data. Os cursos incluíam, e incluem, o ensino de práticas de composição e interpretação, bem como a divulgação de novos trabalhos. A partir de 1970 os cursos adquiriram uma periodicidade bienal.
Escola de Darmstadt
O termo “Escola de Darmstadt” foi cunhado por Luigi Nono, em 1958, para se referir a um conjunto de compositores de música serialista como Pierre Boulez, Bruno Maderna, Karleinz Stockhausen e o próprio Nono. A este conjunto acrescentam-se os nomes de Luciano Berio, Earle Brown, John Cage, Aldo Clementi, Franco Donatoni, Niccolò Castiglioni, Franco Evangelisti, Karel Goeyvaerts, Mauricio Kagel, Gottfried Michael Koening, Giacomo Manzoni e Henri Pousseur. Normalmente também são incluídos neste grupo os compositores Jean Barraqué e Iannis Xenakis, embora nunca tenham passado por Darmstadt. A escola de Darmstadt foi dissolvida devido às diferenças musicais, dois anos depois, algo expresso, mais uma vez, por Nono. Embora o termo só tenha surgido em 1958, considera-se que a Escola de Darmstadt abarca o período temporal entre 1951 e 1961.
Esta ideia de escola cresceu, em grande parte, devido ao uso jornalístico. Muitos históricos têm criticado a aplicação do termo que sugere uma maior uniformidade de estilo do que aquela que realmente existiu. Não obstante, o termo adquiriu um significado maior, que ultrapassou a fronteira dos cursos de Verão, e tornou-se sinónimo da música avant-garde na Europa no pós-guerra.
Características da Escola de Darmstadt
A “Escola de Darmstadt” refere-se, então, um grupo informal de compositores fortemente influenciados pelo Stravinsky de «Le Sacre du Printemps», por Webern, Schönberg, e Messiaen, que se opuseram ao romantismo e à nostalgia do passado, aproximando-se dos princípios e técnicas do modernismo do princípio do século que desenvolveram, escalando-os, até, a um nível superior.
“O resultado sonoro está muitas vezes próximo de conceitos como “música estática” e “puntilismo”, fugindo às consonâncias, a oitavas e duplicações, a acordes de sobreposição de terceiras, a objectos musicais identificáveis com o passado, a métricas repetidas, a padrões de toda a ordem. São ainda de salientar as experiências com sons electroacústicos e o desenvolvimento das técnicas seriais noutras, por vezes de carácter mais aleatório, salientando quer a estrutura da obra (imutável apesar das escolhas do intérprete), quer o lado performativo, lúdico do trabalho musical, quer ainda o resultado final, independente da sua criação e estrutura” (Monteiro, nd).
References:
Kennedy, M. (1994). Dicionário Oxford de Música. Publicações Dom Quixote.
Monteiro, F. (nd). Música Nova, Vanguarda e Darmstadt: para a compreensão de uma estética musical. Em http://recipp.ipp.pt/bitstream/10400.22/3147/1/ART_FranciscoMonteiro_2001.pdf
Darmstadt School. Em https://en.wikipedia.org/wiki/Darmstadt_School
The Music of Darmstadt School: an Introduction. Em http://darmstadtschool.weebly.com/
