Conceito de Voz
A voz humana é a capacidade de produção de som pela vibração das pregas/cordas vocais e insere-se na função fonatória (fonação) da comunicação humana. Assim, para que o som seja emitido precede e procede a essa vibração um complexo sistema pneumofonoarticulatório culminando no trato vocal.
Vários fatores influenciam a vibração das pregas/cordas vocais e, por consequência a frequência da voz (grave ou aguda) e a sua intensidade (forte ou fraca). A frequência fundamental habitual num ser humano varia com o género e a idade, sendo que vai desde os 100 aos 200Hz no sexo masculino e dos 200 aos 400Hz no sexo feminino e crianças. A intensidade produzida durante as conversações aumenta proporcionalmente com o acréscimo da pressão subglótica bem como com o ajuste do trato vocal aquando a filtragem do som (ressonância e articulação), sendo que a intensidade normal considerada é de 60db (Titze, 1994).
Produção de Voz
A forma mais visível da voz é a fala cuja função é adaptativa, isto é, os indivíduos apenas emprestam orgãos e funções de outros sistemas (sistema nervoso, respiratório e digestivo) para constituir o aparelho fonatório. Portanto, adoptar uma respiração diafragmática é o primeiro e o mais eficaz passo para uma boa fonação, pois o som é produzido através da libertação de ar dos pulmões para o trato vocal. Este último é formado basicamente por cavidades e órgãos articulatórios que sofrem diferenças no seu tamanho, formato e tensão ao longo do desenvolvimento enquanto indivíduos, interferindo directamente no processo de produção de voz.
A teoria mioelástica-aerodinamica da produção de voz (Titze, 1994) refere que após inspirarmos, a controlada saída do ar (expiração) através da oclusão (adução) das cordas vocais realizada de forma voluntária mas inconsciente permite criar pressão subglótica que força a vibração das mesmas para permite a expiração. A repetição deste ato, segundo o efeito Bernoulli, cria ciclos de vibração num movimento ondulatório com uma fase de adução e uma de abdução (cordas vocais afastadas) cada, cuja velocidade está intrinsecamente ligada à frequência fundamental da voz (Behlau, 2005)
A laringe, onde se inserem as cordas vocais (glote), move-se verticalmente e /ou anteroposteriormente no pescoço dependendo da função desempenhada: fixação, deglutição ou fonação; e quem comanda esses movimentos são os musculos extrinsecos e intrisecos da laringe cuja contração e/ ou relaxamento permite a modelação da voz. Esta modelação é continuada nos órgãos supraglóticos (faringe, nasofaringe, orofaringe e cavidade oral) até à sua saida pelos lábios (excepto em sons nasais onde o ar também sai pelo nariz) (Lopes, 2002).
Quando qualquer um dos intervenientes na produção de voz deixa de funcionar adequadamente, dá lugar a problemáticas como a disfonia, cujo tratamento passa pela habilitação ou reabilitação da afinadissima coordenação psico-motora e/ou dos orgãos envolvidos.
A voz na Comunicação
Percebe-se então que a voz apresenta diversas dimensões inerentes à comunicação humana, como a dimensão perceptiva, acústica, fisiológica e psicológica, cuja saudável correlação permite defini-la como harmoniosa. Mas o processo de descrição da voz normal não é simples pois existem padrões vocais variados. Segundo Azevedo (2010), o padrão normal da voz deve ser forte o suficiente para ser ouvida, apropriada ao genero e à faixa etária, tendo que ser agradável ao ouvinte , além de modelada e inteligivel, preenchendo as exigências profissionais e sociais do individuo. A variação do padrão vocal deve refletir emoções, e que com o menor esforço possível seja eficiente na comunicação, relacionando-se positivamente com uma qualidade de vida satisfatória.
References:
Azevedo, R. Disfonia na infância, (cp.74) In:Fernades, F., Mendes, B., & Navas, A. (2010) Tratado de Fonoaudiologia (2ªed). São paulo: Roca.
Behlau, M. (2005). Voz: o livro do especialista. Rio de Janeiro: Revinter, 2005. v.2
Lopes, A. (2002). Foniatria. ISEP: Porto.
Titze, I (1994). Principles of voice production.NJ: Prentice Hall.