Bordetella pertussis

 

A Bordetella pertussis é uma bactéria extremamente violenta e patogênica para o homem. É um microrganismo Gram-negativo, em forma de bastonete, não possui mobilidade e é incapaz de fermentar a lactose.

Existem quatro fatores principais associados à sua extrema violência. Esses fatores permitem a adesão dos microrganismos às células epiteliais ciliadas da traquéia e dos brônquios. As defesas do hospedeiro não são suficientes para matar a bactéria que destrói as células ciliadas, provocando a tosse convulsa.

Os quatro fatores que conferem a virulência à Bordetella pertussis são:

– Toxina Pertussis: como muitas outras toxinas bacterianas, esta exotoxina possui uma subunidade B que se liga (do inglês bind) aos recetores da célula alvo permitindo a entrada da subunidade A. Esta subunidade A (A de action) ativa as proteínas G reguladoras da membrana celular que, por sua vez, ativam a adenilate ciclase. Este processo resulta num extravasamento de cAMP que ativa a proteína cinose e outros mensageiros intracelulares. O papel exato desta toxina ainda não está totalmente esclarecido, mas apresenta três efeitos já observados: sensibilização à histamina, aumento na síntese de insulina e promoção da produção de linfócitos e inibição da fagocitose;

– Adenilato ciclase extra citoplásmica: ao atacar os brônquios, a Bordetella pertussis liberta o adenilato ciclase que atinge os neutrófilos, linfócitos e monócitos hospedeiros. A adenilato ciclase sintetiza o cAMP mensageiro, resultando em prejuízo de quimiotaxia e de produção de H2O2. Este fato enfraquece a habilidade das células de defesa do hospedeiro em fagocitar e eliminar a bactéria;

– Hemaglutinina filamentosa (FHA): a Bordetella pertussis não invade realmente o corpo humano. A bactéria adere às células epiteliais ciliadas dos brônquios libertando as exotoxinas prejudiciais aos órgãos. A FHA, um pili que se estende desde a superfície bacteriana, está envolvido nesta aderência às células. Os anticorpos direcionados contra a FHA evitam a aderência e o desenvolvimento da doença;

– Citotoxina traqueal: esta toxina destrói as células do epitélio ciliadas, dificultando a eliminação total das bactérias. Esta toxina está ligada à tosse violenta.

A tosse convulsa, provocada pela Bordetella pertussis, é uma doença altamente contagiosa com transmissão através das secreções respiratórias depositadas nas mãos ou na forma de aerossóis. Após um período de incubação de uma semana, seguem-se três estados:

– Estado catarral: dura entre uma a duas semanas e é semelhante a uma infeção do trato respiratório superior, com febres baixas, espirros e tosse média. É neste período que a doença é mais contagiosa;

– Estado paroxísmico: neste estado a febre persiste e o indivíduo afetado desenvolve explosões de tosse. É comum haver vômitos, os olhos ficam salientes e as veias do pescoço engrossam. Este estado pode durar cerca de um mês. Um exame, nesta fase, ao sangue, revelará um aumento na contagem de linfócitos;

– Estado de convalescência: os ataques começam por diminuir após um mês e o perigo de contagio desaparece.

A vacina em uso consiste numa mistura de microrganismos mortos pela ação do calor e inclui a toxina Pertussis, FHA, e adenilato ciclase, sendo combinada com o tétano e a difteria, inativados com formalina, formando a vacina DPT (Difteria, Pertussis e Tétano).

A classificação científica deste organismo inclui-a no Reino Monera, próprio das bacérias, no Filo Proteobacteria, na Classe Betaproteobacteria, na Ordem Burkholderiales, na Família Alcaligenaceae e no Género Bordetella.

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