O conceito de turismo sustentável surge graças ao aparecimento do conceito desenvolvimento sustentável, isto porque, o turismo sempre se planeou ou organizou de acordo os modelos de desenvolvimento vigentes nas sociedades.
O desenvolvimento sustentável, de uma maneira muito sucinta, surgiu em 1987, na sequência do Relatório Brundtland (O Nosso Futuro Comum) e é consolidado na Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro, em 1992. O desenvolvimento sustentável passa a ser definido como um modelo de desenvolvimento assente em três pilares (económico; social; ambiental) que deve satisfazer as necessidades das sociedades presentes sem comprometer as capacidades das sociedades futuras satisfazerem as suas próprias necessidades.
O conceito de turismo sustentável ganhou força desde 1995 com a realização da Conferência Mundial de Turismo Sustentável, em Lanzarote, de onde resultou a elaboração da “Carta para um Turismo Sustentável”, que ditou 18 princípios-chave para o conceito. Importa também referir que na sequência da conferência de 1995, foi adotada a Agenda 21 para a Indústria das Viagens e do Turismo, que compreende um plano de ação dirigido a todos os agentes do setor.
O turismo sustentável deve possuir determinadas caraterísticas ou princípios, nomeadamente:
- planeado, para que seja possível ter em atenção as necessidades das gerações presentes e futuras;
- integrado, na medida em que deve associar todos os elementos naturais, culturais, históricos, sociais e económicos do destino;
- aberto, numa ótica de colaboração e sinergias inter-regionais;
- dimensionado no tempo e no espaço, de forma a, por um lado, reduzir o fator sazonalidade e, por outro, limitar a capacidade de carga do destino, questões que podem levar à descaraterização do destino, à redução da qualidade da experiência turística e à inviabilidade económica;
- participativo (desenvolvimento participativo), deve haver conversações entre todos os agentes e atores que intervêm na atividade turística, desde as empresas, à população local e aos visitantes;
- duradouro, na medida em que os seus efeitos devem ser planeados a médio e longo prazo;
- viável, que alie os aspetos económicos ao bem-estar da população local.
O desenvolvimento de um turismo sustentável faz sentido tendo em vista as necessidades de um novo tipo de turista: o turista verde ou turista responsável. Este novo consumidor é mais exigente procurando experiências e desafios autênticos, preocupa-se com as questões ambientais, tem sentido crítico face as questões de justiça global e é mais independente e consciente das suas decisões desejando contribuir para um impacte positivo no destino.
O turismo sustentável já introduziu várias mudanças dentro do setor, especialmente em diversas empresas turísticas que optam por ir mais além no cumprimento da legislação porque isso promove a sua competitividade, na medida em que, uma empresa sustentável pode garantir uma melhor imagem para os seus clientes e responder melhor aos novos padrões de consumo dos novos turistas (turista verde ou responsável). As empresas turísticas também têm apostado em certificados de qualidade ambiental (gestão ambiental) de forma a melhorar a sua eficácia e por sua vez potenciar a redução de custos operacionais, resultado de uma maior eficiência energética, do tratamento de resíduos, sua reutilização e reciclagem.
Em suma, o turismo sustentável é um modo de planear a atividade turística de um modo preocupado e responsável. Da mesma forma, emprega recursos locais, normalmente geridos pelas comunidades de acolhimento, privilegiando o contato direto e autêntico entre as populações locais e os visitantes. As práticas do turismo sustentável relacionam o desenvolvimento com a promoção do local, a partir da conjugação do fator natural com o humano. O crescimento económico não é minimizado nem está ausente na perspetiva sustentável, mas é privilegiado a visão a longo prazo no seu desenvolvimento de forma a atingir a prosperidade económica, presente e futura dos territórios recetores dos fluxos turísticos.
References:
Referências Bibliográficas:
- CARETO, H., LIMA, S. (2006). Turismo e Desenvolvimento Sustentável. Lisboa: Geota.
- CUNHA, L. (2007). Introdução ao Turismo. Lisboa: Editorial Verbo.
- DIAS, R. (2003). Turismo Sustentável e Meio Ambiente, Atlas, São Paulo
- LIMA, S., PARTIDÁRIO, M. (2002). Novos Turistas e a Procura da Sustentabilidade: um Novo Segmento de Mercado Turístico. Lisboa: Gabinete de Estudos e Prospectiva Económica do Ministério da Economia.