Para esclarecermos o Ciclo de Vida do Produto Turístico importa realçar que o objetivo da criação de produtos e/ou serviços para os agentes económicos é o de promover o desenvolvimento contínuo dos negócios e potenciar o aumento das suas margens de lucro. Para obter estes objetivos, os agentes económicos programam o lançamento de produtos e/ou serviços, os quais devem de uma forma gera contemplar os seguintes aspetos: o produto, o lugar, o tempo, o preço, a qualidade e as quantidades certas.
A criação de produtos e/ou serviços, em conformidade com os aspetos mencionados, tem que subordinar-se às necessidades e/ou desejos dos consumidores (os quais se alteram constantemente) e no mesmo sentido tem que se considerar as alternativas que a concorrência vai oferecendo.
A conjugação dos fatores atrás referidos conduz a que os produtos turísticos se desenvolvam segundo um ciclo de vida, que começa com o seu nascimento, passando pelo seu crescimento até ao seu eventual desaparecimento trata-se de um ciclo em tudo idêntico ao que se observa em outros produtos e serviços da atividade económica.
O ciclo de vida do produto turístico geralmente é composto por seis fases distintas (figura 1), nomeadamente: o nascimento e/ou descoberta (procura muito limitada; turistas atraídos pelos património cultural e/ou natural; oferta turísticas geralmente não é estruturada e pode ser escasso ou inexistente; criação das primeiras estruturas de apoio, como por exemplo, estabelecimentos hoteleiros, restauração), o crescimento (existência de uma época de maior procura; surgem alguns mercados predominantes; desenvolve a preferência por marcas; procura elevada; oferta aumenta; impactes positivos e/ou negativos gerados pela forte procura) a maturidade (turismo é a atividade económica mais importante; taxas de crescimento da procura mais reduzidas; algumas instalações com menor qualidade; pode surgir conflitos entre população local e visitantes), a saturação (procura excessiva; produto já não se encontra entre os mais reputados; elevada rotação dos proprietários das unidades turísticas), o declínio (declínio da atratividade; decréscimo da procura; perde penetração de mercado) e por último a renovação (capacidade do produto turístico inovar).
Figura 1: Fases do Ciclo de Vida do Produto Turístico
Fonte: Butler (1980) – adaptado pelo autor
Importa destacar que quando um produto turístico entra na fase de saturação no ciclo de vida do produto turístico é possível evitar o declínio mediante alterações que o revitalizem ou o adaptem às novas exigências do mercado. Pode ocorrer uma inovação parcial (uma alteração de um ou mais dos seus elementos) e uma inovação total (uma renovação, quando se modificam todos os elementos que o constituem). A inovação parcial corresponde ao prolongamento da vida do produto enquanto a renovação corresponde a um novo ciclo na vida do produto que tem efeitos idênticos à fase de nascimento (figura 1).
Por outro lado existem fatores críticos de sucesso que podem promover um ciclo de vida do produto turístico mais longo caso os agentes económicos tenham em conta, nomeadamente: a prévia identificação e caracterização dos consumidores, a qualidade da conceção do produto turístico, a qualidade das campanhas de publicidade e de marketing, o número/qualidade de redes de distribuição e venda, a adoção de uma monitorização do produto turístico de forma sistemática e atempada que acompanhe a evolução das vendas e do grau de satisfação dos consumidores, adoção de pequenas inovações no produto que permitam renová-lo perante os consumidores, e as alterações substanciais no produto, de modo a adaptar-se a novas ou diferentes necessidades claras dos consumidores.
Para finalizar, o ciclo de vida do produto turístico é uma ferramenta de análise importante para o setor do turismo (planos de marketing, planos de ordenamento do território, planos operacionais, entre outros), na medida em que delinear estratégias para um produto turístico pressupõe conhecer a sua evolução e em que estádio de desenvolvimento se encontra para assim sugerir que ações, medidas e/ou iniciativas promover para o produto.
References:
- Butler, R. (1980). “The concept of a tourism area of life cycle of evolution: implications for management of resources.”, in Canadian Geographer, 19(1), pp. 5-12.
- Butler, R. (2006). “The tourism area life cycle: Applications and modifications.”, in Vol. 1, Aspects of tourism: 28, England: Channel View Publications.
- Getz, D. (1986). “Models in tourism planning: towards integration of theory and practice.”, in Tourism Management, 7(1), pp. 21-32.