Tengu são criaturas míticas do folclore japonês. Distinguem-se pelas suas máscaras com narizes longos e habilidades variadas como o poder de voar, força sobre-humana, poderes mágicos e destreza nas artes marciais. São também considerados deuses xintoístas e youkais (criaturas sobrenaturais). A expressão “tengu” pode ser traduzida para “cão do paraíso”, que deriva da sua inspiração no demónio chinês “tiangou”, mas a sua aparência é mais semelhante a um homem corpulento com máscara ou cabeça de ave.
Imagem ilustrativa de um tengu.
Tal como outras criaturas da mitologia nipónica também os tengu começaram como animais, mas ao longo dos séculos foram mudando. Os tengu são considerados inimigos do budismo e o seu objectivo é afastar as pessoas do caminho para a iluminação. São também mensageiros das guerras trazendo consigo ventos e trovoadas. Eram associados aos praticantes da filosofia religiosa do Shugendo, sendo retratado com as vestes dos seus adoradores, conhecidos como Yamabushi. No entanto ao contrário de outras criaturas como as Kitsune, os Tengu não são apenas espíritos, mas sim deuses menores e são tratados como tal.
Dois tipos de Tengu
Na mitologia japonesa existem dois tipos de tengu. O primeiro é o Daitengu. Esta criatura tem aparência humana, utiliza uma máscara vermelha com um grande nariz e tem asas nas costas. Esta é a sua forma mais popular não só na mitologia como também na forma como é retratado na cultura popular. Vivem em florestas nas montanhas. Podem possuir os humanos, mas o seu poder mais conhecido é o controlo dos ventos, graças ao grande leque que possuem. São capazes de voar e é pelo ar que raptam pessoas para as atormentar. Causam guerras e forçam desastres naturais. A sua natureza selvagem e caótica leva muitos escritores a usar os tengu como analogia ao comportamento destrutivo da sociedade.
O segundo tipo é o Karasutengu. Karasu significa corvo e estes utilizam trajes semelhantes aos monge, mas têm uma cabeça de ave negra, normalmente de corvo. Os Karasutengu são a forma mais antiga do tengu atual. Este era o único tipo de tengu que existia nos primórdios da criação destas lendas, mas com o tempo assumiram aparências mais semelhantes a humanos.
O livro Nihon Shoki, escrito em 720, é considerado o primeiro a mencionar o tengu enquanto parte da cultura japonesa. Neste conta que uma estrela cadente, identificada por um monge budista como “cão celestial”, foi o prenúncio para uma revolta militar. Embora no caso os caracteres também possam ser lidos como “raposa celestial” nunca ficou claro como é que este passou a ser descrito somente como um cão, mas talvez represente uma combinação entre dois espíritos chineses, o já referido “tiangou” e o espírito da raposa “huli jing”.