O que é o sionismo?
O sionismo refere-se ao termo proveniente da palavra em hebraico Tsiyonut, que é o movimento político de defesa do Estado nacional judaico e do povo judeu. Também conhecido como nacionalismo judaico, o sionismo promove a ideia de que todos os judeus devem retornar ao Reino de Israel.
O termo deriva da palavra Sion, que em hebraico significa “elevado”. Na Terra Santa, local onde situa-se Israel, Sion foi o nome dado a uma das maiores colinas que abrigava uma importante fortaleza de mesmo nome.
Durante o reino de David, a expressão passou a ser um sinónimo de Jerusalém. Por isso que em diversas passagens bíblicas os judeus e israelitas são chamados de “filhos de Sion”. Ainda no Livro de Isaias, Sion, ou Sião (conforme a tradução), figura como um equivalente para todo aquele que crê em Deus.
História
Apesar do sionismo ter origens antigas, o sionismo moderno e praticado atualmente refere-se ao movimento que desenvolveu-se a partir da segunda metade do século XIX. Na Europa central e no leste Europeu, os judeus sob pressão dos Pogroms, perseguições antissemitismo, foram os principais atores do sionismo como o conhecemos hoje.
No final do século XIX, o nacionalismo estava em alta no mundo todo. Diversas etnias, como os gregos, italianos, poloneses e alemães, queriam estabelecer seus próprios movimentos em busca de singularidade política e cultural. Seguindo estes modelos, o sionismo foi o mais recente dos processos de renascença nacional a despertar na Europa.
Alguns historiadores explicam também que os judeus estavam descontentes com a integração na Europa central com outros povos e comunidades. Para eles, isso ameaçava as bases culturais e religiosas fundamentais do judaísmo tradicional e ortodoxo.
Em 1892, em Viena, foi a primeira vez que o termo sionismo foi utilizado neste sentido, em um debate público. Apesar de ter sido proferido por Nathan Birnbaum, um escritor judeu local, considera-se que o “pai do sionismo” tenha sido o jornalista e escritor austríaco Theodor Herzl, autor do livro Der Judenstaat (O Estado Judeu).
Pai do sionismo
Theodor Herzl era formado em Direito, mas dedicava-se muito a literatura e ao jornalismo. Desde muito pequeno foi educado em família judia ortodoxa e frequentou associações que buscavam a unificação da Alemanha.
Foi correspondente em Paris, em 1891, para o jornal Neue Freie Presse. Sua forte relação com o judaísmo político começou em 1894, quando interferiu no Caso Dreyfus, que desvelou na Europa o latente antissemitismo. Por conta disso, escreveu a obra O Estado Judeu, onde expressou suas ideias de como concretizar o plano de um Estado nacional formado apenas por praticantes da religião judaica.
Caso Dreyfus
O Caso Dreyfus trata-se de um escândalo político que dividiu a França por muitos anos durante o século XIX e XX. O processo teve início quando Alfred Dreyfus, um oficial de artilharia do exército francês, de origem judaica, foi condenado erroneamente por traição.
Dreyfus era inocente, mas o processo sofreu corrupção e a condenação foi feita em cima de documentos falsificados. Quando os oficiais de alta patente franceses perceberam isto, tentaram ocultar o erro judicial. A farsa foi acobertada por uma onda de nacionalismo e xenofobia que invadiu a Europa no final do século XIX.
Congresso Sionista
A obra de Herlz foi aprovada pelos judeus europeus, que partilhavam dos mesmos ideais. Por isso, Herzl decidiu organizar um Congresso Sionista, realizado pela primeira vez na Basileira, na Suíça, em 1897. Apesar de ser um grande feito atualmente, na época, apenas 200 pessoas compareceram ao evento.
Foi então que surgiu a Organização Sionista Mundial, presidida por Herzl. Por isso também que ele ficou conhecido como “pai do sionismo”.
Oposição judaica ao sionismo
Porque a ideia de criação de um Estado judeu era embasada apenas em uma referência religiosa, muitos judeus consideravam o sionismo um sonho dissimulado. Alguns religiosos menos ortodoxos consideraram o sionismo fundamentalista e totalitário.
Nos dias atuais, a oposição judaica ao sionismo está restrita a alguns membros de seitas religiosas, como os haredim do Neturei Karta, Satmer e Edá Hacharedit, bem com aos adeptos de ideologias internacionalistas de esquerda.
References:
Bredin, Jean-Denis. (1995). O Caso Dreyfus. São Paulo, Scritta.
Herzl, Theodor. (1997). O Estado Judeu. São Paulo, Sêfer.
Weinstock, Nathan. (1970). El sionismo contra Israel: una historia critica del sionismo. Barcelona, Fontanella.