O termo Anglicanismo deriva do latim ecclesia anglicana, que emergiu no século XIII para definir a Igreja de Inglaterra. O Anglicanismo representa assim a Igreja de Inglaterra e todas as facções que assemelhem-se a esta.
O Anglicanismo teve a sua génese na Reforma Anglicana em 1534, quando o Rei inglês Henrique VIII viu recusada por parte do Papa a tentativa de divórcio com a primeira esposa, Catarina de Aragão O monarca de forma a cumprir com o seu intuito decide romper com a autoridade papal criando uma nova Igreja. Esta nova Igreja tinha ritos e práticas semelhantes ao catolicismo praticado até então em Inglaterra, a grande distinção estava na autoridade máxima da Igreja, com a Reforma Anglicana o Rei passava a ser o líder espiritual supremo em detrimento do Bispo de Roma.
Paralelamente, esta cisão com Roma fortaleceu a posição da monarquia e nobreza inglesa, não só pelo reino deixar de depender da autoridade papal, mas sem a influência romana, foi permitido á nobreza apoderar-se das terras e riquezas da Igreja, numa clara alteração de poder. Anteriormente o poder político estava sujeito ao religioso como consequência das transformações político-religiosas ocorridas na Época Medieval, com Henrique a monarquia passou a controlar a Igreja.
É assim instituído o anglicanismo, a resistência da população profundamente católica não foi muito acentuada, perante o receio de excomunhão, crime mais temido que a própria pena de morte, que também fazia parte da coacção para aceitação do anglicanismo, o nova interpretação cristã impôs-se e cisão com o Papa consumada.
Após a morte de Henrique VIII em 1547, o seu filho Eduardo IV sobe ao trono numa época em que havia uma tentativa de introdução do Calvinismo no reino. A morte de Eduardo em 1553 leva a sua meia-irmã Maria I de Inglaterra a ocupar o lugar de Rainha, filha de Henrique com Catarina de Aragão, Maria era profundamente católica, tenta de uma forma violenta, que lhe concedeu a alcunha de Bloody Mary (Maria Sangrenta), reintroduzir o catolicismo no país, perseguindo os protestantes.
Em 1558 com a morte de Maria I, a sua meia-irmã Isabel I passa a governar o Reino. Em 1559 volta a introduzir o anglicanismo como religião oficial, com características do catolicismo e do Calvinismo.
A Igreja de Inglaterra deixou de ser Católica Romana para ser Católica Reformada, para esta transformação contribuiu o Arcebispo de Cantuária Thomas Cranmer, mentor ideológico do Book of Common Prayer (Livro de Oração Comum), alicerce dos dogmas anglicanos.
A implementação do Anglicanismo coincidiu com o período de fixação e expansão daquilo que tornar-se-ia o Império Britânico, difundido a sua ideológica religiosa por todos os territórios coloniais. A expansão territorial inglesa provocou a formação de igrejas autónomas, que pela sua similaridade são agrupadas na Igreja Anglicana.
References:
Febvre, Lucien; O problema da descrença no século XVI.A religião de Rabelais, ED. Início, 1970