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A Lã, consiste numa fibra natural de origem animal. O termo, tanto serve para designar a fibra têxtil de produção de tecidos e fios, como o pêlo que forma a cobertura protectora, de certos animais. Costuma estar mais associada à ovelha, mas outros mamíferos peludos, como as cabras, lamas, alpacas, coelhos, camelos, entre muitos outros.
Os pêlos que constituem a lã crescem da epiderme do animal e são mais ou menos curtos, finos e ondulados. São estas as características que irão definir a qualidade do tipo de lã.
A lã de melhor qualidade vem da ovelha merino, que também dá nome a este tipo específico de lã, a lã Merino.
Existe diferentes tipos e denominações de lãs, elaboradas a partir das chamadas fibras especiais, frequentemente retiradas de animais raros. Entre essas fibras estão: o angorá, que provém do pêlo dos cordeiros; a caxemira, que provém das cabras-caxemira da Índia e do Tibete; e as retiradas do pêlo de outros animais como o camelo, o cavalo, a lama, o boi-almiscarado, a vaca, a cabra-angorá, o coelho-angorá e o coelho comum.
Uma das principais características da lã é a sua capacidade de tanto isolar do frio como do calor, principalmente, devido sua capacidade higroscópica, a qual faz com que as mudanças no conteúdo de água da fibra de lã libertem ou absorvam calor dependendo da temperatura e necessidade do corpo. Assim quando absorve humidade, a lã liberta calor e, ao perder, absorve calor. (Vieira, 1967; Gea, 2007; Osório et al., 2014).
Outra característica que faz da lã um material tão importante para a industria da moda é a sua elasticidade. A lã é naturalmente elástica, pode ser retorcida e esticada, mas volta sempre à sua forma natural mais do que qualquer outra fibra. Esta propriedade, no âmbito da sua utilização se traduz na liberdade de movimentos, que caracterizam as roupas fabricadas desta matéria-prima (Gea, 2007).
A fibra de lã é encaracolada e o facto de poder voltar ao comprimento original depois de ser esticada ou comprimida, é muito importante na fabricação de tecidos para roupas porque mantém a forma e não enruga facilmente. A lã também absorve a tinta muito bem e protege contra o frio e a humidade. Além disso, seca mais depressa que outros tecidos. Todos estes factos fazem da lã uma matéria-prima ideal na produção de vestuário de qualidade.
A lã, depois de transformada, é um tecido que respira e deixa respirar, isso faz dela uma matéria-prima perfeita para climas quentes e frios. Ela funciona com um inibidor, estabilizando a troca de calor. Em temperaturas altas, ela mantém a temperatura do corpo em média 5 a 8 graus mais baixa em comparação a tecidos sintéticos expostos ao sol. Ah, e de quebra ela ainda protege contra os raios UV.
A criação de ovinos é uma das mais antigas actividades praticadas pelo ser humano, que inicialmente utilizava o pastoreio como método de suprir sua contínua demanda por alimento e vestuário.
No vestuário, a lã é utilizada à mais de doze mil anos, sendo que a primeira fábrica conhecida, foi criada pelos romanos, na cidade de Winchester na Inglaterra em 50 dC. Em 1797, treze ovinos foram levados para a Austrália pelos britânicos para começar a industrializar a lã e depois deste facto, ninguém conseguiu superar a Austrália como maior produtor de tecido de lã do mundo.
É um material versátil, e que nos últimos anos ganhou uma grande força no mundo da moda, depois de ser substituída pelos sintéticos nos anos 80. A lã hoje, tem novas formas de tratamento, tanto na sua recolha como no seu tratamento.
Para quem se preocupa com uma produção sustentável, já existe a lã ecológica. Ao contrário dos métodos convencionais, nesta não se utiliza o cloro para clareamento da lã das ovelhas, e todo tingimento é feito com plantas ao invés de corantes sintéticos.
Muitas marcas e produtores que utilizam a lã defendem a sustentabilidade do seu processo produtivo, já que para se obter a lã não é necessário sacrificar o animal. A marca inglesa Izzy Lane é um exemplo: a sua criadora, Isobel Davies, salvou carneiros que seriam abatidos e transformou a criação (eles são tratados como animais de estimação) na matéria-prima.
References:
Gea, G. Ganado lanar. El ganado lanar en la Argentina. 2ª ed. Universidad Nacional de Río Cuarto. Río Cuarto. Córdoba. 280 pp. 2007
KHAN, M.J.; ABBAS, A.; AYAZ, M.; NAEEM, M.; AKHTER, M.S and SOOMRO, M.H. Factors affecting wool quality and quantity in sheep. Afr J Biotech, 2012
MCGREGOR, B.A. Properties, processing and performance of rare and natural fibres: a review and interpretation of existing research results. Rural Industries Research and Development Corporation. Australian Goverment. Publication 11/150. 103 pp. 2012
OSÓRIO, J.C.S.; OSÓRIO, M.T.M.; VARGAS JUNIOR, F.M. e LEÃO, A.G. Produção e qualidade de lã. In: Selaive, A. B. e Osório, J.C.S. Produção de ovinos no Brasil. Roca, Vila Mariana, Brasil. 2014
VIEIRA, G.V.N. Criação de ovinos. 3ª edição. Edições Melhoramento. Porto Alegre. 480 pp. 1967