José Relvas – José Maria de Mascarenhas Relvas de Campos nasceu na Golegã, a 5 de março de 1858, no seio de uma família nobre, provinda de Viseu. Viria a falecer em Alpiarça, no Solar dos Patudos, a 31 de outubro de 1929. Foi político, diplomata, colecionador de arte, filantropo esclarecido e músico amador.
Relvas, filho de Carlos Augusto de Mascarenhas Relvas de Campos (Golegã, 13 de novembro de 1838 – 23 de janeiro de 1894) e de D. Margarida Amália Mendes de Azevedo e Vasconcelos Relvas, foi uma das grandes figuras da República, em Portugal.
Frequentou a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, até ao segundo ano, enveredando, posteriormente, pelo Curso Superior de Letras, que concluiria, com distinção, no ano de 1880, apresentando a tese O Direito feudal.
O Senhor dos Patudos, como ainda hoje é tratado, viria a administrar a sua casa agrícola, dedicando-se ainda ao estudo dos problemas económicos que Portugal atravessava, designadamente no que dizia respeito à vitivinicultura.
José Relvas passaria, assim, desde 1882, a tratar da gestão das propriedades da família. Neste mesmo ano, a 5 de fevereiro, casaria com Eugénia Antónia de Loureiro da Silva Mendes, tendo três filhos, que morreriam precocemente: Maria Luísa de Loureiro Relvas (1883 – 1896), Carlos de Loureiro Relvas (1884 – 1919), João Pedro de Loureiro Relvas (1887 – 1899).
José Relvas torna-se, figura incontornável no seio do Partido Republicano, em 1909,durante o Congresso realizado na cidade de Setúbal, que viria a ser crucial para o país. Sendo um dos elementos mais antigos, a 5 de outubro de 1910, proclamaria a Implantação da República, da varanda da Câmara Municipal de Lisboa.
Refira-se que Relvas, juntamente com Ricardo Durão e Manuel Duarte, bem como outros elementos do Diretório do Partido Republicano organizaram a insurreição que levaria, desta forma, ao término da monarquia. Este grupo teria, igualmente, futuramente, um papel decisor na elevação da vila de Alpiarça a concelho.
Já em 1911, chamado pelo Governo Constitucional, então liderado pelo seu amigo João Chagas (hóspede assíduo da Casa dos Patudos, tenho um quarto reservado sempre para si), é chamado para Ministro Plenipotenciário de Portugal, em Madrid. Em 1913, regressaria devido à lei que impedia a acumulação de funções, entrando, pois, em divergência política com o Governo. Por este ano, chegaria ao Senado tendo sido eleito pelo círculo de Viseu, resignando, no entanto, ao cargo em 1915, passando a dedicar-se aos seus negócios.
É de mencionar, ainda, o facto de José Relvas ter sido promotor do Associativismo e do Sindicalismo, participando em comícios e, ainda, ter introduzido o escudo como moeda.
José Relvas foi um grande colecionador reunindo, ao longo da sua vida, uma rica coleção de pintura, têxteis, artes decorativas e azulejaria provenientes, essencialmente, de exposições de arte tanto nacionais como estrangeiras, bem como de antiquários.
A Casa dos Patudos, em Alpiarça, foi a residência da família desde finais do século XIX até 1929, data da sua morte. De maneira a abrigar, de forma condigna, a sua coleção de arte, mandaria edificar a Casa dos Patudos e em 1905 iniciar-se-ia a construção dos novos espaços, num projeto do arquiteto Raul Lino (21 de novembro de 1879 – 13 de julho de 1974). Aqui, tudo foi pensado ao pormenor, desde a decoração do interior da casa às galerias exteriores, que permitem uma vista, desafogada, para a lezíria ribatejana.
Espaço frequentado tanto por políticos, como artistas e escritores, seria deixada em testamento ao Município de Alpiarça, depois da morte dos seus filhos, nomeadamente incluindo toda a coleção artística e arquivo, sendo que ao Conservatório Nacional de Música, Relvas deixaria os seus instrumentos musicais.
Ressalve-se a sua generosidade, pois cedeu os rendimentos da parte rústica para suportar todos os encargos no que dizia respeito à construção de uma instituição de auxílio a idosos e crianças, sediada, igualmente, na vila de Alpiarça. Seria, então, a 15 de maio de 1960 que a Casa dos Patudos abriria ao público .
References:
https://www.casadospatudos.com/jose-relvas/
http://www.ae-joserelvas.pt/cms/index.php?option=com_content&view=article&id=109&Itemid=236