Biografia de João VI:
João Vi era filho de Maria I de Portugal com Pedro III, nasceu em Lisboa a 13 de Maio de 1767. Reinou desde 20 de Março de 1816 até a sua morte a 10 de Março de 1826, embora tivesse assumido a regência do reino em nome do mãe em 1792,
Não estava verdadeiramente preparado para assumir a responsabilidade de governação de um Império tão vasto. A morte do irmão mais velho, José, empurrou-o directamente para a linha de sucessão e regência, não tinha tido uma educação adequada para um governante. À falta de preparação, juntaram-se os diversos acontecimentos atribulados como os conflitos entre a Espanha, França e Inglaterra, a Revolução Francesa e proclamação de independência do Brasil por parte do filho Pedro, durante o seu reinado.
Em 1792 assumiu a regência do Império Português em nome da mãe, em 1799 assumiu-o em nome próprio enquanto Príncipe Regente. Marcante foi o casamento com Carolina Joaquina, que por várias vezes tentou servir os interesses da sua terra natal, Espanha, conspirando contra o marido.
O reinado de João Vi ficou marcado por diversos momentos relevantes da História portuguesa e mundial. A Revolução Francesa de 1789 alterou as dinâmicas e paradigmas políticos na Europa, a permanência de Portugal enquanto aliado de Inglaterra, levou á invasão francesa do reino e fuga da família real para o Brasil.
A fuga da família real para o outro lado do Atlântico em 1807, começou a moldar a separação entre um Portugal Europeu e um Brasil Americano. João VI poderia estar a tentar proteger a maior colónia do Império contra a ambição de Napoleão, mas não foi essa a interpretação da generalidade da população portuguesa, que viu-se sem a presença da elite governante e a enfrentar uma invasão estrangeira.
De forma a proteger os interesses portugueses, João VI fez um acordo com Inglaterra em 1810. Este acordo levou a abertura dos portos brasileiros ao comércio internacional, lesando irremediavelmente a frágil economia portuguesa. O movimento independentista brasileiro ganhou força com a presença da família real e abertura comercial ao mundo.
Finda a ameaça francesa de Napoleão em 1815, o soberano regressaria apenas em 1821 a Portugal e em consequência da Revolução Liberal de 1820. Fruto da revolução de 1820, é jurada uma Constituição de teor liberal em 1822.
O ano de 1822 marcou igualmente a proclamação unilateral da independência brasileira por D, Pedro, filho de João VI. Mas os problemas com os filhos estendiam-se a Miguel, que conspirava para depor o pai e reverter as concepções liberais no país, regressando ao absolutismo.
Até a sua morte em 1826, tentou reunificar a coroa portuguesa e brasileira sem sucesso. Na metrópole tentou conciliar liberais e absolutistas miguelistas também sem sucesso.
Várias correntes historiográficas consideram-no um governante fraco, que levou à fragmentação do Império e perda acentuada da influência portuguesa nos assuntos europeus, vincando a sua suposta personalidade indecisa. Nem João VI nem Portugal, tendo em conta a sua dimensão, estavam preparados para lidar com as grandes transformações no continente europeu. Por ventura, um soberano mais objectivo, seguro de si e com um projecto adaptado às novas realidades, poderia ter tomado decisões diferentes, mas nada faria prever um cenário diferente.
Já existia uma intenção independentista no Brasil, a Revolução Francesa espalhou os ideais liberais pela Europa, potenciando a Revolução de 1820 e levando ao inevitável conflito civil entre absolutistas e liberais. Qualquer que fosse o soberano que governa-se Portugal estaria sempre, sujeite às mesmas forças externas que capitalizaram as grandes transformações vividas no Reino – Independência do Brasil, Revolução Liberal e Invasões Francesas.
Algo que limitou também a sua governação, foram as constantes intrigas no seu núcleo familiar, A mulher favorecia os interesses castelhanos, Pedro promovia a independência do Brasil e Miguel a manutenção do absolutismo em Portugal.
João VI não conseguia lidar com tantas divergências, acabando por morrer em Lisboa a 10 de Março de 1826. O seu corpo jaz no Panteão da Casa de Bragança, na Igreja de São Vicente de Fora em Lisboa.
References:
MATTOSO, José (dir. ; História de Portugal, Círculo de Leitores, 1993
MARQUES, A. H. de Oliveira e SERRÃO,Joel (dir.) ; Nova História da Expansão Portuguesa, Presença, 1986