O que é o Teísmo
O termo teísmo foi introduzido na língua inglesa por volta do século XVII. O conceito refere-se à crença num Deus que é o criador da ordem universal, sendo caraterizado por atributos como a omnisciência, omnipotência, bondade infinita, omnipresença, eternidade, e que não depende de outros seres para existir. Os teístas acreditam que a ordem cósmica existe como causa dos poderes de Deus, e se a ordem cósmica teve um começo, tal começo foi originado por Deus. Em oposição aos deístas, os teístas acreditam que Deus é revelado na história humana. O teísmo não é limitado ao Judaísmo, Cristianismo e ao Islão, uma vez que se podem encontrar elementos teísticos em religiões como o Hinduísmo.
Religiões Teístas
Islão
Depois do cristianismo, o Islão é sem dúvida a religião no mundo com mais praticantes, ascendendo o número a cerca 1,5 biliões de seguidores em todo o mundo. As raízes do Islão são partilhadas com o Judaísmo e o Cristianismo, uma vez que as três religiões têm um passado comum que descende da linha do Abraão bíblico. Os Sunitas e os Xiitas compõem os dois maiores ramos do Islão, tendo as diferenças entre estes dois ramos começado a emergir precocemente na História do Islão, nomeadamente a partir de um desacordo sobre quem seria o sucessor do Profeta Muhammed a liderar a comunidade islâmica. Os Sunitas representam uma grande secção dos muçulmanos, mas os Xiitas acentuam a contínua revelação de Deus para além dos ditos encontrados no Corão, tal como explicitado nas lições dos Imãs.
O Corão foi, de acordo com a tradição, entregue ao profeta Muhammed pelo Anjo Gabriel, sendo o livro tratado como a revelação e o discurso literal de Deus, ou Alá. Adicionalmente ao Corão, os ensinamentos do Islão foram também forjados pelos provérbios do Profeta Muhammed.
O Islão proclama o monoteísmo radical, repudiando explicitamente tanto o politeísmo árabe como a doutrina da Encarnação e Santa Trindade emanada do Cristianismo. Fundamental para o Islão é a crença, unidade, transcendência e soberania de Deus, não obstante o poder criador da ordem cósmica.
Em árabe, Islão significa “submissão”, e um seguidor do Islão é classificado como aquele que se “submete” a Deus. Os Cinco Pilares do Islão são: a concepção de um único Deus; cinco orações diárias com Meca no horizonte; a caridade; o jejum; a peregrinação a Meca. Analogamente ao Cristianismo, o Islão proclama que um Deus misericordiosos não aniquilará o indivíduo após a morte, remetendo-a antes para o Céu ou para o Inferno, consoante as ações em vida.
Cristianismo
Com mais de 2 biliões de aderentes atualmente, o Cristianismo é a religião com mais seguidores. Os praticantes deste credo aceitam as escrituras hebraicas e a compreensão judaica da ação de Deus na história, interpretando esse material como prefigurando a subsequente encarnação de Deus em Jesus Cristo (sendo este um homem com poderes divinos e uma natureza humana), cujo nascimento, vida, ensinamento, milagres, sofrimento, morte e ressurreição são acreditados como sendo os princípios à luz dos quais Deus livrará a sua criação do pecado e devastação. Como parte do ensinamento sobre a encarnação, o Cristianismo sustenta que sendo Deus um, é composto por três seres supremos: uma unidade singular denominada com Santa Trindade.
Tradicionalmente, o Cristianismo afirma que os indivíduos serão julgados por um Deus piedoso, ascendendo ao Céu ou descendendo ao Inferno. Alguns cristãos são universalistas, e defendem que Deus irá triunfar sobre todo o mal, e que será consolidada a salvação universal para todas as pessoas, apesar de grande parte da tradição cristã defender que Deus não violará o livre arbítrio dos humanos, e que caso um indivíduo decida rejeitar Deus, então será eternamente separado de Deus. No coração do cristianismo tradicional reside o ritual de iniciação (batismo) e a Eucaristia, rito que celebra a morte e ressurreição de Cristo, e se traduz na encenação simbólica do sacrifício do Corpo e do Sangue de Jesus através da partilha de pão e vinho.
A unidade do credo cristão foi gradualmente alcançada à luz do desenvolvimento de várias definições formais sobre o conteúdo do cristianismo, como no Credo Niceno. Todavia, a unidade alcançada pelo Cristianismo foi quebrada por volta do século XI, graças à separação entre a Igreja Católica Romana e a Igreja Ortodoxa (Cristianismo Bizantino), e novamente fraturada no século XVI com a separação entre a Igreja Romana Católica e as Igrejas Protestantes da Reforma. Inúmeras denominações emergiram depois da Reforma, incluindo a Igreja Anglicana, Baptista, Luterana, Metodista e Presbiterana. Mas desde meados do século XX, uma maior unidade entre as comunidades cristãs tem sido perseguida com algum sucesso.
Alguns cristãos tratam a Bíblia como infalível e livre de erro, ao passo que outros a classificam de inspiradora, admitindo que não é isenta de erro.
Judaísmo
O Judaísmo, ao contrário do Sionismo, não defende a doutrina de que a população judaica devia constituir uma nação ou Estado separado, mas sim que os judeus estão limitados individualmente e coletivamente por uma lei singular, que tem aplicação internacional. Sendo fundado na justiça natural, revelação divina, tradição e costume doméstico, esta lei entra em conflito com o direito positivo. Devido a isto, o Judaísmo moderno (contrariamente ao Judaísmo do Velho Testamento) não gerou nenhuma visão política comum para os que seguem o credo. Contudo, os judeus têm uma longa história de exílio, e há muito que são perseguidos, e apesar de a perseguição dos Judeus em países muçulmanos ser considerada anti-sionista, efetivamente acontece, pelo que poucos Judeus permaneceram no mundo Islâmico.
O Judaísmo não é um credo nem uma prática singular: há uma enorme brecha entre um judeu ortodoxo e um judeu liberal, aderindo aquele aos costumes e rituais do Velho Testamento, e este a uma interpretação mais liberal da lei, e acompanhando a maior parte das práticas da sua Sociedade. Dentro desta divisão existem subdivisões da fé judaica, incluindo a distinção entre os Judeu Sefarditas e os Judeus Asquenazes. Existem igualmente tradições distintas de sabedoria religiosa e secular, incluindo a Tradição Hassídica da Europa Oriental.
O Judaísmo é uma religião notável, sobretudo pela sua sobrevivência no decorrer de mais de dois milénios de exílio, pela preservação do hebraico arcaico, e pela reinterpretação constante da sabedoria contida no Velho Testamento, que diz que os Judeus, como povo escolhido de Deus, estão destinados a aguentarem um sofrimento interminável.
References:
- Berque, J. (1991) Relire le Coran, Paris, Albin Michel.
- Gellner, E. (1981), Muslim Society, Cambridge, Cambridge Universtiy Press.
- Kriwaczek, P. (2005), Yiddish Civilization: The Rise and Fall of a Forgotten Nation, New York, Alfred A. Knopf.
- Stark, R. (1996), The Rise of Christianity: A Sociologist Reconsiders History, Princeton, Princeton University Press.