O Reino de Navarra, também conhecido como Reino de Pamplona, foi fundado em 824 por Íñigo Arista de Pamplona. A alta idade média na Península Ibérica foi marcada pela invasão muçulmano em 711, com a ocupação da maioria do território pelos árabes, apenas o norte peninsular encontrava-se sobre o controlo cristão.
No século VIII e IX, o norte peninsular, essencialmente a zona que compreendia o Pireneus, servia como tampão entre a Europa cristã, Reino Franco, e a ocupação muçulmana. Por esta época a França tinha um papel activo na política da Ibéria cristã, procurando estancar e impedir a progressão árabe/mourisca pela Europa.
A tentativa de influência franca não era de todo bem vista pela aristocracia de Pamplona, parte dela aliou-se à dinastia muçulmana – Ibn-Qási, nobres visigodos convertidos ao islão, através do matrimónio da mãe de Íñigo com Musa ibn Fortun, após a morte do seu pai. Esta aliança surgiu entre a necessidade de cristãos, imporem a sua autoridade e independência relativamente a outros cristãos, os Francos, e da necessidade de muçulmanos vincarem a sua autoridade relativamente ao poder central do califado omíada de Córdoba.
Assim desta união, Íñigo Arista de Pamplona, derrota em 824, os condes francos Elbe e Aznar, ordenados pelo rei carolíngio Luís I, a conquistar Pamplona, desta batalha nasce o Reino de Pamplona e a derrota franca, e consequente perda de influência sobre a península.
O território do Reino de Navarra dividia-se no que é actualmente Espanha e França. A reconquista de espaços territoriais aos muçulmanos marcou profundamente a política da plena idade média na península Ibérica. Com a passagem das décadas, o Reino de Navarra viu gradualmente o seu espaço de expansão ser estrangulado pelo crescimento de outro reinos cristãos, numa primeira fase por Leão e Aragão, e posteriormente também por Castela. Rapidamente o Reino viu-se sem espaço para crescer e expandir, o que em última análise enfraqueceu a sua posição e determinou a sua extinção enquanto reino.
De forma a contrariar esta limitação geográfica, os diferentes governantes procuraram criar um conjunto de alianças, com Inglaterra numa primeira instância, e através de união dinástica com a coroa francesa e aragonesa. Estas uniões provocaram perdas de soberania, mas permitiam ao Reino subsistir enquanto entidade autónoma. Sem estas alianças o Reino não teria sobrevivido até 1512, fase ao crescimento exponencial de Castela, Aragão, noutro quadrante geográfico, Portugal.
Em 1512, a parte espanhola do Reino de Navarra é absorvida por Fernando II de Aragão, Rei de Espanha. A parte francesa do Reino é, formalmente incorporada na coroa francesa em 1620, passando os monarcas francos, a parir dessa data, a designarem-se Reis de França e Navarra. É considerada a existência deste Reino até 1841, pois continuavam a existir instituições e organismos próprios. Mas em termos de soberania, desde a idade média, que o Reino estava pendente das alianças estabelecidas, e com o bloquear por parte dos outros reinos cristãos de territórios para conquista, viu-se isolado e incapacitado para rivalizar com o novo reino que gradualmente se formava a partir dos outros reinos peninsulares – a Espanha.
References:
ÁLVAREZ PALENZUELA, Vicente (Coord.); Historia de España de la Edad Media, Ariel, 2002