Contextualização da Liga Hanseática:
A Liga Hanseática em alemão Die Hanse foi uma organização mercantil de cidades que manteve o controlo sobre o comércio do Norte da Europa e Báltico no decorrer da Plena, Baixa Idade Média e inícios da Moderna – entre os séculos XII e XVII. Embora a base da sua influência fosse no Norte da Europa, faziam parte desta organização cidades do sul, centro e leste europeu.
A denominação Hanseática surge com os primeiros burgos do Báltico e a eleição de quatro anciãos representantes do burgo e responsáveis pela aplicação da justiça.
Inicialmente desenvolveu-se como associação comercial, mas o poderia económico alcançado pela Liga Hanseática rapidamente transformou-a numa potência politica. No auge do seu poder faziam parte da associação aproximadamente cem cidades das quais é possível destacar Hamburgo, Bremen, Bruges, Amesterdão, Veneza, Nantes Praga ou Novgorod.
A base de qualquer associação comercial é a transacção de produtos e fomento comercial, a Liga Hanseática não era excepção a esta regra. Do norte eram exportados produtos como a lã, a madeira, o peixe seco, peles, ferro, cobre e trigo, do sul eram importados produtos como especiarias, vinho, tecidos e sal.
Na Plena e Baixa Idade Média foram fundados um conjunto de burgos – cidades dedicadas ao comércio, em torno do Mar Báltico. Rapidamente estas cidades cresceram e tornaram-se importantes pólos comerciais. De forma gradual estas cidades foram agrupando-se na Liga Hanseática, incrementando a sua influência junto a réis e imperadores.
As rotas comerciais eram inicialmente restritas ao Mar Báltico progressivamente e mediante a entrada de novas cidades na associação estenderam-se a praticamente todas as regiões da Europa, mas sempre com a base central do poder nas regiões costeiras germânicas no Báltico.
Como o comércio era circunscrito ao Mar Báltico nos primórdios desta associação, era conhecida como Hansa da Gotlândia – ilha sueca sobre a qual girava todo o comércio nórdico. A aliança comercial entre Hamburgo e Lübeck em 1158 esteve na génese desta organização. Com a evolução da organização e expansão das rotas comerciais passou a denominar-se Liga Hanseática.
As rotas comerciais promovidas por esta organização privilegiavam os percursos marítimos e fluviais, mas também beneficiavam as rotas terrestres. O comércio promovido pela Liga estendia-se no seu auge da Inglaterra ao sul da Europa, do Leste Europeu ao Norte de Europa, passando pelas mais diversas entidades politicas.
A Liga Hanseática promovia a eficácia comercial, para tal exigia aos seus membros um contributo financeiro e militar. Esta aliança militar possibilitava a protecção tanto das cidades, como dos mercadores e rotas comerciais. Em termos estruturais a Liga era dividida em quatro secções ou círculos, cada uma delas como uma cidade líder:
- Círculo Sórbio e Pomerânia, com Lübeck como líder;
- Círculo Saxónico, Turíngia e Brandeburgo, com Braunschweig como cidade líder;
- Círculo da Suécia, Polónia e Prússia, com Danzig como líder;
- Círculo das Províncias Unidas e Reno, liderado por Colónia.
O surgimento de novas rotas comerciais implementadas por Portugal e Espanha com a descoberta do caminho marítimo para a Índia e Américas, levou ao declínio da Liga Hanseática. O seu legado perdura nos nossos dias em todas as associações comerciais existentes, a Liga foi o primeiro grande movimento associativo comercial e que de certa forma está na génese da União Económica existente na Europa dos nossos dias e da classe burguesa na Época Moderna.
References:
BALARD, Michel; GENET, J. Philippe; ROUGE, Michel; Balard, Michel; e outros;A Idade Média no Ocidente : dos bárbaros ao renascimento. , Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1994
FOURQUIN, Guy; A Economia do Ocidente Medieval, Lisboa, Edições 70, 1997
McKITTERICK, Rosamond; The Early Middle Ages. Short Oxford History of Europe, Oxford University Press, 2001