O Feudalismo começou a formar-se após a queda do Império Romano do ocidente em 476. O sistema económico do Antiguidade Clássica entrou em colapso com as invasões bárbaras, provocando inúmeras alterações nos mecanismos económicos, sociais e políticos.
O Império assentava numa economia comercial, promovida através de uma forte urbanização dos territórios essenciais à actividade económica, a cidade era o centro da vida económica. Com o declínio e fim do Império a vida económica transitou para as zonas mais ruralizadas, tanto pelas más decisões económicas dos Imperadores, como pelo receio que a nobreza romana sentia em habitar as cidades, derivada das constantes incursões de povos bárbaros.
A insegurança citadina levou a que muitos nobres romanos proprietários de terras migrassem para as regiões rurais, levando consigo escravos e até cidadãos livres que pretendiam uma nova vida, oferecendo o seu trabalho. Começaram assim a reunir-se as condições para o florescimento de uma nova ordem económica.
Com o passar dos séculos e miscigenação entre romanos e bárbaros, com a criação de diversos reinos germânicos na Europa como a Franquia, o Feudalismo foi sedimentando a sua presença e com a governação de Carlos Martel, Pepino o Breve e Carlos Magno no reino franco, consolidou-se definitivamente.
A falta de ouro na Europa, causada pela conquista muçulmana dos espaços onde este metal precioso era comercializado, fez com que fosse estabelecida uma espécie de economia de guerra pelos francos. Como não existia dinheiro em abundância suficiente para comprar a lealdade da nobreza franca, Carlos Martel, garantia a lealdade dos nobres atribuindo terras, que teriam de ser conquistadas, esta política estendeu-se até a governarão do seu neto Carlos Magno.
Esta política de expansão territorial, que culminou com a coroação de Carlos Magno como Imperador, assentava num exército permanente, que permitia aos soldados sustentarem as suas famílias. Com o diminuir da actividade expansionista, deixou de haver necessidade para um exército regular, como a escravatura era proibida entre cristãos, estes soldados começaram a cultivar as terras cedidas pelos monarcas aos nobres, como meio de sobrevivência, ultrapassando assim, o último obstáculo para a criação de um regime feudal. Alguns desses soldados detinham algumas terras, mas não tinham meios para as defender ou cultivar, cedendo essas terras a grandes proprietários, na época a nobreza, em troca de protecção, nascia com os Carolíngios o Feudalismo tal como o conhecemos, e um dos pilares da Época Medieval.
De forma geral, o Feudalismo caracterizava-se por uma economia de sobrevivência, onde eram produzidos bens necessários à subsistência, por um poder descentralizado, em que o Rei detinha poder num pequeno espaço, nos restantes territórios a sua vontade dependia do interesse do Senhor Feudal dessa região.
Praticamente não existia actividade comercial, causada pela escassez de moeda, as transacções comerciais que existiam, eram feitas em trocas de bens. A característica mais vincada do Feudalismo, foi a forma encontrada para contornar a proibição de escravização de cristãos, através da constituição do trabalho servil feudal, que não tinha a definição de escravatura, mas que em largos aspectos assemelhava-se a ela.
O Feudalismo foi implementado tanto pela nobreza como pelo clero. Este sistema social, político e económico desenvolvia-se nas imediações de castelos e fortificações quando administrado pela nobreza, e em abadias, conventos e mosteiros pelo clero.
Os trabalhadores agrícolas davam o seu trabalho e grande parte dos bens que produziam aos senhores. Os doces conventuais, tão característicos em Portugal advêm das doações de ovos dos camponeses aos conventos e mosteiros. Perante o excedente de ovos, estes foram adicionados a outros ingredientes que permitiam a extensão da validade de bens alimentares.
Assim o sistema feudal organizava-se em três escalões sociais; nobreza, clero e povo. O clero tinha por obrigação orientar e educar religiosamente a população, a sua preponderância na época medieval, fez com que tivessem um forte impacto na actividade politica que estava associada à nobreza que por sua vez tinha a responsabilidade de proteger a população assim como administrar os territórios. O povo era responsável pelo trabalho.
A vassalagem era outra das características fundamentais do Feudalismo. Apenas era permitida prestar vassalagem a um senhor, mas a quem era prestado vassalagem podia alterar mediante a conveniência de cada situação, isto contribuiu para muita da instabilidade política da época.
O Feudalismo estendeu-se um pouco por toda a Europa, mas com o desenvolvimento das cidades, restituição de rotas comerciais, expansão europeia que iria original o Mercantilismo, o Feudalismo ruiu, embora ainda fosse possível deslumbrar reminiscências deste sistema na Rússia antes da Revolução de 1917.
References:
FOURQUIN, Guy; A Economia do Ocidente Medieval, Lisboa, Edições 70, 1997