Crum da Bulgária

Crum da Bulgária expandiu as fonteiras da Bulgária e dotou o Império de mecanismos fundamentais para a estruturação de um estado forte.

Biografia Crum da Bulgária:

Crum da Bulgária apelidado de o Horrível reinou até a sua morte em 814 d.C. e a partir de uma data compreendida entre 756 e 803. Por falta de registos da época, a historiografia não consegue precisar.

O reinado de Crum da Bulgária fica invariavelmente associado com a grande expansão territorial búlgara. Durante os séculos VI e VII os Ávaros controlavam boa parte da Europa Central. O enfraquecimento deste povo enquanto entidade governativa levou à expansão dos Francos para a Europa Central, região oriental na sua perspectiva e ocidental na búlgara.

Em 805 e mediante o enfraquecimento Ávaro expande as fronteiras do dito Império Búlgaro, até aos limites ocidentais do Império Carolíngio. A política bélica e expansionista foi o grande foco de Crum. Após expandir territorialmente a Bulgária até o Centro da Europa, inicia um conjunto de campanhas tanto de anexação territorial como de saque contra o Império Bizantino em 807.

Como resposta inicial, o Imperador Bizantino Nicéforo I tenta repovoar as regiões fronteiriças bizantinas com a Bulgária com população vinda da Anatólia. Pelos constantes conflitos com os muçulmanos, o Imperador não podia abrir uma nova frente de batalha com Crum da Bulgária. A nova vaga de recolonização fracassou completamente e em 811 Nicéforo reúne uma gigantesca força expedicionária.

Crum tentou por diversas vezes negociar a paz com o Imperador, mas este recusou qualquer tipo de acordo, Nicéforo pilhou a Bulgária e derrotou por diversas vezes as forças búlgaras. Quando regressava a Constantinopla, confiante da pacificação búlgara, é emboscado por Crum. Nicéforo é morto no conflito e as forças bizantinas derrotadas. Segundo reza a lenda, Crum da Bulgária teria banhado o crânio de Nicéforo e utilizando-o como taça.

Nesta emboscado o filho e herdeiro do imperador, Estaurácio, também foi ferido gravemente. Em consequência do ferimento viria a morrer menos de um ano depois. Estaurácio foi sucedido no trono bizantino por Miguel I em 812.

Tirando partido deste momento de fragilidade dinástica, Crum ataca as concessões bizantinas na Trácia. O exército bizantino conseguiu repelir esta investida búlgara. Confiante que conseguiria a subjugação da Bulgária, Miguel reúne um exército com efectivos provenientes de todos os cantos do Império e invade a Bulgária.

Os dois exércitos encontraram-se na região de Versinikia (sul da Bulgária). Durante duas semanas os exércitos apenas ficaram frente a frente sem se enfrentar. A 22 de Julho as forças bizantinas tomaram a iniciativa e iniciaram as hostilidades. Uma vez mais os bizantinos foram derrotados pelas forças búlgaras. Crum avançou até Constantinopla e cercou a capital imperial.

Miguel caiu em desgraça e foi forçada a abdicar. O novo Imperador Bizantino Leão, o Arménio procurou estabelecer um acordo de paz com Crum da Bulgária. O Imperador Bizantino marcou um encontro com o governante búlgaro, Crum aceitou sem suspeitar que seria uma emboscada. O soberano búlgaro saiu ligeiramente ferido deste encontro e extremamente enfurecido.

Abandonou Constantinopla e saqueou toda a região da Trácia, recolheu avultadas somas de dinheiro e fez aproximadamente 50 mil prisioneiros. Crum da Bulgária empregou os proveitos dos saques na Trácia, para iniciar os preparativos para um novo cerco a Constantinopla, mas acabaria por falecer no Inverno de 814 no meio dessa empreitada.

Em termos de governação interna foi considerado um governante justo, que conseguiu lidar com as diversas susceptibilidades étnicas dentro do Império Búlgaro. Foi responsável pela criação do primeiro código legal búlgaro e da criação de subsídios para as parcelas mais desfavorecidas da população. Este novo sistema legal era rígido, e reprimia severamente práticas como a embriaguez ou o roubo. Apesar da mão-de-ferro com que reinava, não ficou conhecido por injustiças.

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References:

ÁLVAREZ PALENZUELA, Vicente (Coord.); Historia Universal de la Edad Media, Ariel, 2002
BALARD, Michel (et alii); A Idade Média no Ocidente: dos Bárbaros ao Renascimento, D.Quixote, 1994

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