Enquadramento do Conceito Clero:
O Clero na sua concepção religiosa diz respeito ao conjunto de indivíduos (clérigos), responsáveis pelo culto religioso. Durante a Época Medieval e graças primazia da Igreja Católica constituíram a sua própria classe social. Embora o Clero não seja exclusivo do Catolicismo, a sua contextualização histórica recai muitas vezes sobre esta facção do Cristianismo.
De uma forma simplificada os padres, bispos, monges, freiras, missionários e outros associados da estrutura hierarquia religiosa cristã, são os membros constituintes do Clero.
O surgimento do Clero remonta aos primórdios do cristianismo. É possível ligar directamente os apóstolos á criação do Clero. Como responsáveis da transmissão da palavra de Jesus Cristo, criaram as suas próprias estruturas dogmáticas e evangelizadoras nos seus locais de pregação. Ao longo dos anos estas estruturas evoluíram para instituições mais complexas como os bispados.
Nos primeiros três/quatro séculos do cristianismo, a dogmática religiosa associava-se com determinada região ou província. Existiam diversas escolas de pensamento religioso como Antioquia, Alexandria, Constantinopla ou Cesareia, cada uma com a sua interpretação do cristianismo. No entanto todas coincidiam na estruturação – Clero.
A cisão dogmática só pioria com os ensinamentos de Ário e consolidação do movimento ariano. A fragmentação cristã começaria a dissipar-se a partir do Concilio de Niceia, convocado pelo Imperador Romano Constantino I em 325.
O Catolicismo começou a emergir a partir deste Concilio. Ainda durante a época do Império Romano do Ocidente, o Clero na forma de catolicismo começou a ganhar influência. A queda deste Império em 476 poderia ter provocado a dissolução da estrutura clerical.
Mas seria justamente a partir deste momento que o Clero ganharia preponderância. A conversão gradual dos povos bárbaros permitiu ao Clero consolidar a sua posição nos diversos reinos formados na Europa.
Durante a Alta Idade Média o Clero consolidou a sua posição na Europa Ocidental como principal força decisória, submetendo à sua autoridade réis, imperadores e população.
Este poder clerical foi atingido de duas formas, religiosamente com a colocação do Cristianismo no centro da acção e quotidiano humano, e culturalmente, através do domínio da escrita e leitura. Em boa parte da Alta e Plena Idade Média a alfabetização era exclusiva do Clero, dominando assim o saber e a produção cultural.
O Clero Católico é uma estrutura hierárquica ascendente. Embora existam mulheres na estrutural clerical, a sua base orgânica assenta no género masculino. Esta segregação de género é justificada por todos os apóstolos serem homens.
A hierarquia ascendente do Catolicismo em termos de ministros sacerdotais é Diácono, Padre, Bispo, Arcebispo, Primaz, Cardeal e por último o cargo mais importante e influente – Papa.
A impotência do Clero fez-se sentir essencialmente na Época Medieval, atingindo um verdadeiro poder económico, cultural, politica e educacional. Esta primazia na sociedade de então resultou em enormes conflitos com nobreza e realeza. A evolução económica da Europa e surgimento de novas interpretações do cristianismo – Reforma Protestante, retiraram influência ao Clero.
Actualmente o Clero desempenha um papel social de apoio aos mais desfavorecidos, e mantém a sua vertente religiosa de pregação e evangelização. Com a Secularidade dos Estados, a Igreja perdeu a influência que anteriormente detinha sobre o poder politico.
References:
LEBRUN, François;As grandes datas do cristianismo, Editorial Notícias, 1992
BANNIARD, Michel ; A Génese Cultural da Europa (Séculos V-VIII), Terramar, 1995