Embora seja possível encontrar traços de Capitalismo um pouco por toda a História, foi na Baixa Idade Média em Itália, com o surgimento dos primeiros bancos e capitalistas que foram dados os primeiros passos para a verdadeira fixação deste sistema económico.
A constituição de um sistema bancário primitivo permitiu o surgimento da iniciativa privada, com investimento em negócios com expectativa de retorno, quer em termos de lucros quer de juros dos empréstimos concedidos. Este novo paradigma, associado com a expansão ultramarina europeia lançou as bases para o Capitalismo enquanto o conhecemos.
A expansão marítima europeia protagonizada essencialmente por Portugal, Espanha, Inglaterra e Holanda, abriu novas rotas comerciais que resultaram num crescimento repentino do comércio externo na Época Moderna. Na Época Medieval o sistema económico limitava-se a uma espécie de economia de sobrevivência, que há medida que esta Era chegava ao seu fim, foi rapidamente transformando-se numa economia de mercado.
Nasceu assim o Mercantilismo, um prelúdio para o Capitalismo. O sistema Mercantil embora baseado numa economia de mercado e transacções económicas á escala global, era essencialmente controlado pelo poder politico, a iniciativa privada era residual.
A Globalização é outro conceito essencial para o Capitalismo Contemporâneo, a sua génese pode ser tão antiga como as trocas comerciais. Desde os primórdios da civilização humana que existem relatos de trocas de bens, as dificuldades de transporte faziam com que essas trocas tivessem uma limitação geográfica, mas tendo em linha de conta o conceito global e geográfico desses povos, essas trocas enquadravam-se no contexto de globalização. Já os romanos compreendiam a importância do comércio global, através da sua política de conquista do Mediterrâneo, e do conceito de Mare Clausum.
As Rotas comerciais pelo Saará e Costa Africana, a Rota da Seda, as Rotas fluviais e terrestres na Europa, eram mecanismos de Globalização comercial numa escala continental.
A Era dos Descobrimentos, com a desvendar do caminho marítimo para o Oriente e do Novo Mundo, potenciou as trocas comerciais a uma escala nunca antes vista e originaram o conceito de Globalização tal como o conhecemos.
A Inglaterra e a Holanda entregaram às suas respectivas Campanhas das Índias Orientais – cooperações de comerciantes locais, o monopólio das redes comerciais, embora regulados e controlados por mecanismos estatais, era possível a particulares investirem nestas instituições com a esperança de retorno financeiro, um tanto ou quanto à imagem do sistema bolsista actual e tão característico do Capitalismo. Neste sistema bolsista, determinada empresa ou cooperação necessita de capital para expandir o negócio, recorre ao investimento privado com um aumento de capital que permite-lhe se recapitalizar e expandir, enquanto o investidor espera por retorno financeiro do investimento. Este conceito era aplicado nas Companhias das Índias, possibilitando à Inglaterra e Holanda superiorizarem-se relativamente aos concorrentes, com este sistema híbrido e sim-biótico entre privado e Estado.
Este modelo híbrido que mais tarde pelo seu sucesso, estendeu-se às restantes potências colonizares e comerciais europeias, baseava-se em três conceitos fulcrais, balança comercial positiva, controlo de câmbio e prevalência nas exportações. Estes pilares são visíveis no sistema capitalista actual, o controlo do câmbio, valor da moeda, permite o proteccionismo económico e em conjugação com um controlo da exportação, o potenciar dos lucros, com um monopólio da exportação é possível ter um saldo comercial positivo, valor das exportações superior ao das importações.
Mas seria com a Revolução Industrial que o Capitalismo verdadeiramente iria impor-se. A Revolução Industrial transformou o mundo em que vivemos, a produção em massa de novos produtos, baixou o preço dos mesmos e permitiu o alargamento dos consumidores, com o alargamento dos consumidores deu-se um forte incremento da economia interna e necessidade de constituição da classe operária, que mediante determinado valor mensal trabalhava nas fábricas. Anteriormente já existe uma classe assalariada, mas numa escala muito reduzida, a necessidade de mão-de-obra para a produção industrial alargou enormemente os assalariados e potenciou o surgimento da classe média.
Os assalariados podiam comprar os produtos e a extensão dos serviços estatais como a educação ou saúde, levou a um aumento dos funcionários públicos. Mais assalariados eram equivalente a pessoas com maior capacidade de compra, que resultava na necessidade de maior produção de bens e serviço, que consequentemente resultava na contratação de mais trabalhadores e a criação do Capitalismo tal como o conhecemos.
Essencial também para o sistema capitalista é a banca, que alargou os empréstimos aos assalariados, permitindo a compra de casa própria, que por sua vez potenciou a construção civil urbana. A banca é igualmente fundamental para a economia através dos empréstimos concedidos aos empresários para a implementação e expansão do negócio, criando novos postos de trabalho e bens de consumo. A sociedade de consumo que emergir a partir da Revolução Industrial, e estabeleceu-se plenamente no século XX assenta no modelo Capitalista de causa-efeito entre a circulação de capital entre a banca, compradores, comércio, salários, lucros dos empresários, investidores e poder financeiro.
Existem diversas teorias capitalistas como o neoliberalismo ou o keynesianismo, que permitem diferentes abordagens e interpretações deste sistema económico. Não está comprovada a correlação entre Capitalismo e Democracia, mas estes dois conceitos desenvolveram-se em simultâneo no mundo Ocidental.
O sistema capitalista não é perfeito, e são lançadas diversas críticas a este modelo, como a criação de monopólios comerciais, a desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres, a ascendência do poder económico face ao político e por exigir um crescimento económico contínuo provocando a exploração contínua dos recursos naturais da Terra, causando problemas ambientais. Sistema como o Desenvolvimento Sustentável pretendem colmatar as falhas do Capitalismo.
References:
COLLI, Jean-Claude, BERNARD, Yves – Dicionário económico e financeiro, Lisboa, Dom Quixote, 1998.
BEUAD, Michel – História do Capitalismo. Lisboa: Teorema, 1981.
HOBSBAWM, E.J. – A Era do Capital. Lisboa: Presença, 1979.